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Transformar

Quando uma professora inspirada usa o ensino híbrido

Alison Elizondo criou laboratório com várias abordagens pedagógicas em sala e estimulou habilidades socioemocionais em seus alunos

por Fernanda Kalena ilustração relógio 24 de abril de 2014

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Um ambiente colorido, com sofá, mesinha de café, aquário, luzinhas de natal e luminárias espalhadas. Essa poderia ser uma simples descrição de uma sala de estar, mas não é. Essa é a sala de aula dos alunos do 4o ano da escola pública Burnett Elementary, na Califórnia, Estados Unidos, numa região em que metade da população é imigrante.

A responsável pelo ambiente é a professora Alison Elizondo, que diz que sua sala de aula é o um dos principais fatores para seu programa pedagógico ser bem sucedido. Não é por acaso que seus alunos têm uma taxa de proficiência que chega aos 80%. A professora desenvolveu um programa de ensino híbrido, chamado We <3 2 Learn (Nós amamos aprender, em tradução livre), que faz uso de plataformas on-line para inverter a sala de aula e colocar o aluno no centro do processo de ensino aprendizado. “É um ambiente solidário, onde um aluno ajuda o outro e torce pelo outro”, conta a docente que estará na próxima semana no Brasil para participar da edição 2014 do Transformar.

“Ensino híbrido, na minha definição, é uma combinação balanceada dos recursos on-line e tecnológicos, com as melhores práticas pedagógicas. É o equilíbrio entre esses elementos”, afirma Elizondo, que ressalta: “O professor não precisa mais ficar na frente da sala, dando uma aula única para a turma toda, sem considerar as variadas formas e ritmos de aprendizado de cada aluno. Hoje temos recursos para fazer isso de uma maneira melhor”.

Um laboratório rotacional dentro de sala
Alison divide as aulas em cinco momentos de 25 minutos e vai rotacionando as atividades, de maneira que todos os alunos seguem juntos nas diferentes etapas. As quatro primeiras são referentes a conteúdo e a última, a reflexão.

“Plataformas como a Khan permitem esse tipo de abordagem, pois personalizam o aprendizado. Elas criam dados sobre a evolução e o desempenho dos alunos em cada conteúdo estudado. Assim, acabam por personalizar o papel do professor, que, quando passa a ter acesso a essas informações, sabe exatamente o melhor modo de ajudar cada aluno em suas dificuldades específicas”, argumenta a professora.Assim, o começo é com plataformas adaptativas, como a Khan Academy. A segunda etapa é focada no currículo base, em que, em grupos, os alunos criam e resolvem problemas baseados nos conteúdos obrigatórios. Em seguida, eles fazem uma aplicação prática do problema, tentando aproximá-lo de suas vidas cotidianas e propõem uma solução para aquela situação. Depois, fazem vídeos tutoriais de como lidaram com os desafios, para deixar de instrução para os outros grupos. Por último, eles refletem sobre o que aprenderam, no que foram bem e o que precisa ser trabalhado e a professora decide como pode ajudá-los.

Crédito: Arquivo pessoal

 

Além de aprimorar o processo de aprendizado dos conteúdos obrigatórios, esse tipo de abordagem, segundo Alison, também auxilia na formação do aluno em competências úteis para a vida. A escola ela onde leciona tem como diretriz o foco nas habilidades que os alunos precisam desenvolver para o século 21. “Salman Khan já falou em uma de suas palestras que 65% dos empregos que meus alunos vão ter ainda não foram criados. Não sabemos quais habilidades técnicas eles vão precisar para esses empregos, mas sabemos que precisam saber se comunicar, a trabalhar colaborativamente, ser criativos, pensar criticamente e resolver problemas”, analisa a professora que completa: “Podemos ensinar isso tudo mesmo sem saber como será o futuro”.

Sobre o motivo de seu programa funcionar bem e aproximar os alunos da escola, a resposta da professora vem sem hesitação: “Acho que, para qualquer programa ter sucesso, as crianças precisam ser livres para arriscar e para errar. A tecnologia tem um papel importante na abordagem e contribui muito para essa liberdade. Quando os alunos se sentem mais estimulados e inspirados, passam a entender que o aprendizado é contínuo durante a vida, que não é restrito ao ambiente escolar”.


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competências para o século 21, ensino fundamental, ensino híbrido, khan academy, personalização, tecnologia, transformar

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