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Inovações em Educação

Álbum de figurinhas aproxima crianças da comunidade

Projeto realizado em Barcelona, na Espanha, estimula os jovens a ouvirem os mais velhos para resgatar a história da região

por Redação na Rua ilustração relógio 27 de março de 2015

Por Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz

O que um álbum de figurinhas pode fazer para melhorar a vida de um bairro? Como ele pode ser responsável por contar histórias de uma cidade e conectar gerações? Essas perguntas levaram à criação do álbum de figurinhas “Retalhos de Histórias”, elaborado em 2011 por educadores e apoiado pela Fundação Tot Raval, que atua em Barcelona, na Espanha. O álbum, preenchido por crianças, oferecia um percurso pela história da vizinhança – desde o período neolítico – e era completado conforme as crianças conversavam com idosos  e ganhavam novos cromos e pedaços de memória de Raval.

Com apenas um quilômetro quadrado, o bairro de Raval, um dos cinco do distrito de Ciutat Vella de Barcelona, possui quase 50 mil habitantes – a maior densidade habitacional da cidade. Tradicionalmente conhecida por abrigar trabalhadores, metade da sua população é imigrante do Paquistão, Bangladesh, Filipinas e Marrocos. Recentemente, se tornou um ponto turístico e cultural imprescindível da capital catalã, congregando duas faculdades, museus, centros culturais e diversos equipamentos públicos – além de cerca de 300 organizações da sociedade civil.

“É um bairro que têm duas realidades muito diferentes”, afirma Iolanda Fresnillo, coordenadora da Fundação Tot Raval, que atua articulando associações, empresas e poder público para melhorar a qualidade de vida no bairro. “Por um lado, temos um dinamismo cultural enorme. Por outro, uma população em dificuldades sócio-econômicas, com muito desemprego, renda baixa, adolescentes filhos de estrangeiros que não se sentem em casa. É uma área com muitas dificuldades, mas também muita potência.”

A fundação atua na região desde 2002 e tem um objetivo claro: ampliar a qualidade de vida do bairro por meio do fortalecimento e criação de redes no território. Como ele abriga centenas de associações da sociedade civil e inúmeros equipamentos públicos e culturais, a Tot Raval ajuda a conectar quem está interessado em promover mudanças.

Educação: responsabilidade de todos
Barcelona é conhecida por ser a primeira cidade do mundo a se declarar uma “cidade educadora”, apostando nos espaços públicos e na articulação de diferentes setores para garantir a educação integral de suas crianças e adolescentes. Mas como isso se configura num contexto de cortes econômicos agravados pela crise econômica que se arrasta desde 2010?

Segundo Iolanda, houve uma diminuição de recursos para a educação, que tem que lidar com cenários cada vez mais complexos: “temos estudantes que chegam na metade do percurso escolar sem conhecer a língua, com ‘índices elevados de fracasso e abandono, sem qualquer perspectiva educacional”.

Para enfrentar essa realidade, a coordenadora da Tot Raval defende a a existência de agentes educativos que ultrapassem os muros da escola.

O projeto “Apadriño”, por exemplo, realizado pela instituição também em Ciutat Vella, busca aproveitar o que o bairro tem de melhor em favor das escolas.  “A Fundação coloca em contato as escolas com os centros culturais do território, para pensar em programas educativos de excelência. A ideia é que, mesmo com as dificuldades, as escolas se destaquem pelos programas educativos e pelos recursos excepcionais, e não pelo fracasso escolar”, analisa Iolanda.

A cidade no currículo
“Queremos que isso influa no currículo escolar e no projeto educativo para que os alunos não olhem os museus, teatros e aparelhos culturais como OVNIs, mas como parte de um território que eles podem acessar”, aponta, lembrando que os percursos pedagógicos podem ser diversos e interconectados.

Recentemente, foi firmada uma parceria entre uma escola de música e uma instituição de ensino, na qual as crianças aprendem a ‘batucada’ e relacionam com a matemática que aprendem em sala. “O nosso objetivo principal é gerar redes que facilitarão a convivência intercomunitária. Esse é o aspecto mais importante: a ideia de que todos somos corresponsáveis pela educação.”

Quer saber mais? A Associação Cidade Escola Aprendiz, em conjunto com o Instituto Singularidades, promoverá, no dia 30/3, a roda de conversa ”Cidades Educadoras e Educação Integral – o que o Brasil pode aprender com a experiência de Barcelona?”, com Natacha Costa, Pilar Lacerda, Og Doria e Ana Maria Wilheim. Saiba mais por aqui.

*Fazem parte do Redação na Rua os sites Catraca LivreCentro de Referências em Educação IntegralGuia de EmpregosPortal AprendizPorvir e VilaMundo.


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educação integral, novos espaços, uso do território

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