Aproximação do professor e aluno é condição para personalizar o ensino - PORVIR
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Inovações em Educação

Aproximação do professor e aluno é condição para personalizar o ensino

Na Bett Brasil Educar 2016, educadores defendem a importância do engajamento familiar e da participação do aluno nas decisões pedagógicas

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 20 de maio de 2016

“Uma boa aula é quando o professor fala menos e orienta mais”. Muita gente pode não concordar, mas segundo o professor José Moran, doutor em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo) e um dos fundadores da Escola do Futuro, o papel do professor precisou se adaptar às mudanças dos perfis dos alunos e à chegada da tecnologia.

Ele usou sua experiência em novas tecnologias para conduzir o Talk Show “A importância de uma boa aula: como utilizar materiais didáticos digitais e planejar uma aula mais interativa e criativa”, que conseguiu encher o auditório 2 no primeiro dia da Bett Brasil Educar.

Entre 18 e 21 de maio, o congresso de educação reuniu mais de 200 especialistas no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center. Com o tema Melhor Educação, Melhor Sociedade, conferencistas, debatedores, palestrantes, famílias, professores, alunos e entusiastas da área dividiram-se em atividades que aconteceram simultaneamente em diversos espaços e mais de 8 auditórios.

Apesar do leque quase infinito de temas discutidos só no primeiro dia de evento, Moran conseguiu prender a atenção do público ao justificar que, há 40 anos, ele tenta entender o que é ser professor e o que é uma boa aula para o aluno. Em entrevista ao Porvir, ele defende um dos caminhos descobertos ao longo dessa jornada foi convidar o aluno a participar da tomada de decisão. “Muitas das coisas que eu fiz e aprendi, foi porque eu disse pros meus alunos ‘me ajuda, eu não sei como fazer, você me ensina?’ O professor tem que ter essa abertura, mas muitos não se permitem”. Isso ajuda a personalizar o estudo, despertando o interesse de cada aluno de diferentes formas.

Leia mais: Pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção quer ouvir as demandas dos jovens

Segundo ele, essa falta de disponibilidade do educador para ouvir o aluno acontece porque o papel do corpo docente sempre foi o de ensinar, e não de aprender junto com os jovens. Além disso, o pesquisador acredita que conhecer e acolher os estudantes é um dos princípios básicos que os educadores devem seguir. “Às vezes, só a atitude de sentar junto e perguntar se aquela proposta faz sentido já basta. A gente cria uma monte de coisas tecnológicas, mas esquece de coisas básicas. Se o aluno não percebe o sentido de tudo aquilo, por melhor que seja a sua concepção, você perdeu”.

Esse ponto de vista é compartilhado pela professora da PUC, Maria Elizabeth de Almeida. Durante o Talk Show “Desafios e Oportunidades do Uso das Tecnologias na Educação. Como Podemos medir o Impacto?”, ela defendeu que a disponibilidade das tecnologias não obriga que todos os processos sejam mediados por elas. “As estratégias didáticas que usam tecnologia não são o único caminho e não podem ser uma camisa de força. O mais importante são as relações, sejam elas mediadas pela tecnologia ou face a face”.

A relação entre família e escola

Durante o talk show, Moran também ressaltou a importância de estabelecer uma boa relação entre família e escola. “Hoje, a escola não dá conta sozinha da educação. É uma via de mão dupla a escola comunicar as famílias e as famílias conhecerem e questionarem o que a escola está propondo”.

Confira a primeira matéria da Série Engajamento Familiar

Além disso, ele destaca que o acolhimento por parte do professor também é papel dos parentes e responsáveis pelas crianças e jovens. “Se você não acolhe o seu filho como ele é, com as dificuldades que ele tem, nada vai avançar. Em casa, é preciso criar um clima de diálogo, para que a criança consiga trazer questões da escola sem ser logo hostilizada”.

A importância do diálogo entre esses dois atores é uma tendência que pode ser observada também na área das startups dada Bett Brasil Educar. Diversas soluções educacionais que estão sendo lançadas agora no mercado procuram envolver cada vez mais as famílias no processo de educação dos jovens. Um exemplo disso é a Cora. Trata-se de uma plataforma onde o professor pode montar exercícios ou adaptar atividades da Biblioteca Cora, com o objetivo de passar tarefas de casa ao aluno. Os pais entram na jogada pois conseguem acompanhar em tempo real a realização do dever.


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autonomia, bett educar, educação mão na massa, engajamento familiar, personalização, tecnologia

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