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Inovações em Educação

FGV cria laboratório de novas empresas de tecnologia

Em curso multidisciplinar, alunos de administração, direito e economia fazem relatório para orientar negócios sociais

por Fernanda Kalena ilustração relógio 12 de novembro de 2014

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Série Negócios de Impacto Social

Com objetivo de aproximar os alunos da graduação de direito, economia e administração do empreendedorismo e da criação de empresas de base tecnológica, a Faculdade de Direito de São Paulo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) criou um espaço de ensino multidisciplinar chamado Lent (Laboratório de Empresas Nascentes de Tecnologia). No ambiente, a cada semestre é realizado um curso focado em um tema diferente, em que alunos debatem e realizam atividades relacionadas a casos reais, apresentados por entidades parceiras, e aprendem a lidar com os desafios, principalmente jurídicos, para a criação de micro, pequenas e médias empresas no Brasil.

“Enxergávamos uma necessidade da faculdade de direito colocar o aluno em contato com a realidade do ambiente empreendedor, principalmente na área de tecnologia. Os alunos cursam disciplinas tradicionais, que abordam questões jurídicas, mas eles deixa de ter contato e de desenvolver o espírito de empreender”, conta Mônica Steffen, coordenadora acadêmica do Lent.

Para Alexandre Pacheco da Silva, coordenador executivo do laboratório, os alunos de direito são os mais beneficiados pelo curso, pois os estudantes de economia e administração já são naturalmente mais instigados a se envolverem com iniciativas de empreendedorismo. “O jurista tradicional é um prestador de serviços, é chamado para resolver um problema existente em uma empresa. Estamos tentando fazer o jurista ser aquele que aponta caminhos, mostra opções, e isso é novo para o direito. Queremos que os alunos passem a se enxergar como parceiros de negócios, com um papel ativo, de criador de soluções para novas empresas”.

Lucas Padilha, aluno do terceiro ano de direito, concorda com Alexandre. Para ele, o curso no Lent deu uma nova perspectiva sobre as suas possíveis áreas de formação e provavelmente vai mudar os rumos de sua carreira. “Entender o advogado como um parceiro de negócios é muito interessante. É ele que pensa na vida inteira da empresa, que pode evitar problemas e trazer soluções”, conta o estudante.

Queremos que os alunos passem a se enxergar como parceiros de negócios, com um papel ativo, de criador de soluções para novas empresas

Para viabilizar essa mudança de postura dos futuros juristas e advogados e mostrar a eles novas opções de atuação, o Lent tem uma proposta de integração e colaboração, que além de abrir suas portas para estudantes das três áreas, não tem restrições quanto ao período da graduação que o aluno está.

“Quando estávamos pensando o curso, entendemos que ele teria duas grandes inovações do ponto de vista metodológico. A primeira foi pensar que ele não se limitaria ao período letivo, aos anos que os alunos passam na faculdade, permitindo que estudantes de qualquer ano o possam realizar. O segundo foi incorporar graduandos de diferentes formações para possibilitar a interação e a troca de aprendizado”, explica o coordenador executivo do Lent.

Outro ponto da proposta pedagógica que vale ser ressaltado é que todas as atividades propostas pelo laboratório são desenvolvidas a partir de casos reais. Entidades parceiras – que podem ser empreendedores, aceleradoras ou investidores – se aproximam da academia e ao mesmo tempo permitem que os estudantes entrem em contato com a realidade e com os problemas enfrentados por novos negócios.

Assim, em agosto de 2013, foi lançada a primeira edição do laboratório, que teve como foco aceleração de micro e pequenas empresas de base tecnológica voltadas à oferta de serviços de comércio eletrônico. Neste módulo semestral, o curso teve o patrocínio da Buscapé Company e do escritório neolaw, além da colaboração das aceleradoras Wayra, Aceleratech, Artemisia e do Instituto Inspirare.

Negócios de impacto social

No decorrer da primeira edição, discussões relacionadas a negócios de impacto social foram recorrentes, e o interesse dos alunos pela área foi determinante para esse ser o tema do segundo módulo, que aconteceu no primeiro semestre deste ano. O Instituto Inspirare e a Potencia Ventures auxiliaram na concepção do curso, que também teve como colaboradores Artemisia, Pipa, Vox Capital, Fábrica de Aplicativos, Catraca Livre, Geekie e Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI).

Para dar conta do tema, o curso foi estruturado em torno de dois grandes desafios jurídicos para os que atuam com negócios de impacto social: a estruturação societária de empresas nascentes e as contratações destas pelo poder público. Após alguns encontros com os parceiros, os alunos criaram planos de trabalho que resultaram em um relatório chamado Negócios de Impacto Social: Da estrutura da Empresa Nascente a sua aproximação com o Poder Público. O objetivo deste documento é orientar e qualificar a tomada de decisão dos empreendedores brasileiros. (Para o relatório completo, clique aqui)

Sentimos que estávamos fazendo uma contribuição para a sociedade. Não foi, como outros trabalhos de faculdade, que entregamos para o professor corrigir e dar uma nota. Esse documento pode ajudar empreendedores

“É um produto do trabalho desenvolvido pelos alunos, a ideia é que sirva como um apoio para o empreendedor iniciante. O relatório pontua questões importantes em uma linguagem relativamente simples”, destaca Steffen. E o coordenador completa: “O objetivo é sensibilizar e mostrar para as pessoas a complexidade do processo de montar uma empresa. Além disso, um documento desse porte, ter sido produzido por estudantes, os coloca em uma posição de protagonistas, na linha de frente, de poder ajudar alguém com essas informações”.

Padilha, que participou ativamente da elaboração do relatório, diz que o trabalho foi estimulante. “Sentimos que estávamos fazendo uma contribuição para a sociedade. Não foi, como outros trabalhos de faculdade, que entregamos para o professor corrigir e dar uma nota. Esse documento pode, de fato, servir e ajudar empreendedores”.

No segundo semestre de 2014 o tema abordado pelo curso do Lent é investimento anjo.


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carreira, empreendedorismo, ensino superior, negócios de impacto social, série negócios de impacto social, tecnologia

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