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Inovações em Educação

Jovens querem construir escola comunitária em SP

Escola de Notícias, no Campo Limpo, pretende conectar alunos de colégios públicos e privados por meio de uma redação local

por Vagner de Alencar ilustração relógio 27 de novembro de 2012

Com mais 615 mil habitantes, o Campo Limpo, periferia da zona sul de São Paulo, se fosse considerada uma cidade, seria a 29a  maior do Brasil. Manchete de jornais e revistas por conta de seus casos de violência e altos índices de criminalidade, especialmente na década de 1990, a região se reinventou. E vem se reinventando nos últimos anos, principalmente por iniciativas de jovens como Tony Marlon. Aos 26 anos, o jornalista e educador, pretende construir a Escola de Notícias, a primeira escola de comunicação comunitária e empreendedorismo da zona sul da capital. A iniciativa tem o objetivo de conectar 30 adolescentes, de 15 a 20 anos, de dez diferentes escolas particulares e públicas do distrito, para formá-los como produtores de conteúdo em rádio, revista, vídeo, aprendendo também metodologias de mobilização comunitária.

Para dar vida ao projeto, Marlon decidiu inscrevê-lo na plataforma de financiamento coletivo Catarse, para captar R$ 62 mil, necessários para remunerar educadores, custear espaço e materiais didáticos necessários, além de adquirir equipamentos paras as oficinas que serão realizadas em um redação local, dedicada exclusivamente à formação.

Gunnar Assmy / Fotolia.com

 

A seleção dos jovens será feita por meio de divulgações nas instituições e os selecionados serão escolhidos a partir do seu interesse na área de comunicação.  “A gente se divide muito, não só por questões de tribos, digamos assim, mas muito por questões sociais ou de poder aquisitivo. Achamos importante a troca de vivências, para desmistificar mesmo essa coisa de superioridade ou inferioridade em relação ao outro”, afirma Marlon.

“Por que tirarmos o celular da sala de aula se eles podem fazer um filme com a câmera do celular sobre a ‘descoberta’ do Brasil? Eles podem resignificar essa descoberta e contar do seu jeito”

Na escola, durante doze meses, os alunos vão passar jornadas de aprendizagem divididas em quatro módulos: 1) Eu, 2) Minha rua, 3) Minha escola e 4) Minha comunicação no mundo. Nas três primeiras etapas, os alunos vão passar por oficinas de cartografia, antroposofia e tecnologias sociais de mobilização. Além disso, vão trabalhar técnicas de jornalismo, vídeo, rádio, fotografia e vão investigar e registrar a história de sua família até chegar à história da zona sul. Com isso, afirma Marlon, os jovens vão conseguir construir repertório pessoal e técnico que vai ajudá-los na criação dos programas. Na última etapa de formação, na prática, os jovens terão de criar curtas-metragens sobre o cotidiano dos moradores que mapearam durante as módulos anteriores.

Segundo Karol Coelho, 21, cofundadora do projeto, a ideia é sempre pensar num aprendizado mais significativo, mais próximo da realidade deles. “Por que tirarmos o celular da sala de aula se eles podem fazer um filme com a câmera do celular sobre a ‘descoberta’ do Brasil? Eles podem resignificar essa descoberta e contar do seu jeito e, a partir disso, gerar uma reflexão mais profunda sobre o assunto”, afirma.

A iniciativa de Marlon é fruto do trabalho que já vem desenvolvendo por meio de uma produtora sociocultural de mesmo nome, criada no início do ano passado. O negócio social, como afirma, atua na área de comunicação e mobilização comunitária desenvolvendo produtos e serviços como vídeos institucionais, livros, assessoria de imprensa ou gestão de conteúdos e redes sociais para ONGs e outras empresas. Marlon reinveste os recursos para ações voltadas à formação dos jovens, como o TVer!, um programa semanal de televisão e o Fazendo Escola, um jornal voltado para as escolas públicas da região.

De acordo com ele, a escola parte da necessidade de criar ambientes criativos que gerem mudanças a partir de situações simples, como o próprio uso dos aparelhos móveis como ferramentas de aprendizagem. “Quando a gente faz uma oficina e propõe o uso dos celulares, por exemplo, para fazer um programa de rádio, a galera arrebenta. Ou seja, eles já sacam as potencialidades da ferramenta. Os jovens já enxergam o papel e uso das tecnologias. O que falta é oportunidade de experimentar”, afirma.

Assista ao vídeo do projeto no Catarse


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educomunicação, financiamento coletivo

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