Mapeamento em mais de 30 países identifica cinco tendências em educação - PORVIR

Inovações em Educação

Mapeamento em mais de 30 países identifica cinco tendências em educação

Plataforma InnoveEdu reúne 96 cases nacionais e internacionais para inspirar políticas públicas e destaca cinco tendências de ensino

por Redação ilustração relógio 30 de julho de 2015

O Porvir, programa do Instituto Inspirare, coordenou mapeamento inédito em mais de 30 países, com a proposta de identificar cases relacionados a cinco tendências de inovação na educação. O levantamento foi realizado em parceria com três organizações de relevância global com experiência em pesquisa e disseminação de inovações educacionais: Edsurge (Estados Unidos), Innovation Unit (Reino Unido) e Wise (Catar). O resultado do trabalho pioneiro foi sistematizado no InnoveEdu – plataforma gratuita que reúne 96 cases educacionais ao redor do mundo.

No cerne da iniciativa, o objetivo de oferecer referências práticas para educadores, formuladores de políticas públicas e empreendedores ao redor do mundo. A proposta é trazer inspiração concreta – por meio de exemplos reais – para que educadores consigam implementar inovações. As tendências Competências para o século 21, Personalização, Experimentação, Uso do território e Novas certificações aparecem em experiências educacionais presentes em países: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bangladesh, Brasil, Burkina Faso, Camarões, Canadá, China, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Gana, Holanda, Índia, Indonésia, Israel, Jordânia, Malawi, Nicarágua, Nova Zelândia, Reino Unido, Senegal, Suécia, Tailândia, Taiwan, Tânzania, Zâmbia e Zimbábue. No Brasil, 15 iniciativas são destacadas no mapeamento.

Segundo Anna Penido, diretora do Inspirare, as tendências apresentadas no InnoveEdu estão interligadas com as demandas do século 21. Iniciativas que personalizam o aprendizado, por exemplo, muitas vezes utilizam metodologias de experimentação. “As evidências mostram que não adianta apenas melhorarmos a qualidade da educação que já fazemos. É preciso buscar formas mais contemporâneas de ensinar e de aprender. As experiências relacionadas no InnoveEdu mostram que esse caminho é possível. Muitas delas já integram mais de uma tendência e promovem o uso cada vez mais inovador das tecnologias”, explica.
As 96 experiências podem ser acessadas na plataforma InnoveEdu: http://www.innoveedu.org/

 

TENDÊNCIAS

COMPETÊNCIAS PARA O SÉCULO 21

A tendência Competências para o século 21 está associada a um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e competências, que preparam os alunos para a vida acadêmica, profissional, pessoal e em comunidade. Essas capacidades transcendem as expectativas de aprendizado relacionadas ao conteúdo acadêmico e que podem estar presentes nas rotinas de todas as disciplinas escolares. Um consórcio liderado pela Universidade de Melbourne em colaboração com governos, organizações internacionais, pesquisadores, empresas e instituições de ensino, define as competências em quatro categorias.

Maneiras de pensar: criatividade e inovação; pensamento crítico; resolução de problemas; tomada de decisões; capacidade de aprender a aprender e metacognição.

Ferramentas para o trabalho: tecnologia da informação e alfabetização digital. Formas de trabalhar: comunicação e colaboração

Maneiras de viver no mundo atual: cidadania, responsabilidade pela própria vida, desenvolvimento profissional, pessoal e social.

Há outras definições para as competências, mas independente delas, cresce a percepção de que os conhecimentos acadêmicos não dão conta de preparar os jovens para lidarem com grandes temas da atualidade, realizarem projetos de vida, exercerem profissões e sua cidadania, em um mundo em constante transformação. Por isso, o ensino de tais competências já se tornou intencional em algumas escolas e redes, como ocorre na The Future School Program, em Pequim (China). A escola usa uma abordagem que integra a aprendizagem baseada em projetos – feitos de forma colaborativa e com experimentação, para desenvolver competências como criatividade e senso crítico.

 

PERSONALIZAÇÃO

O termo personalização – ou ensino personalizado – é usado em referência a estratégias pedagógicas diversificadas que levam em consideração que os alunos aprendem de formas e em ritmos diferentes, já que também são diversos seus conhecimentos prévios, habilidades e interesses. Enxergar cada aluno como um sujeito único e promover a autonomia são preocupações que permeiam a educação há muitos anos, mas a personalização tornou-se uma forte tendência atualmente, tanto pelas possibilidades que a tecnologia oferece para colocá-la em prática como pelas demandas da sociedade.

Se em séculos anteriores fazia sentido dividir alunos em classes por idade e oferecer um aprendizado padronizado para prepará-los a exercer atividades repetitivas em grandes grupos, a escola hoje precisa formar jovens para exercer atividades cada vez mais específicas e complexas, em ambientes culturalmente diversos. O processo de ensino que oferece uma solução única e massificada – centrada na transmissão de conhecimento –, além de não dialogar com a sociedade contemporânea, não permite que os estudantes tenham trajetória educacional com foco em seus projetos de vida.

Diferentes estratégias são usadas para promover o ensino personalizado, algumas centradas no uso de plataformas adaptativas que identificam ritmos e características de aprendizagem de cada aluno e permitem a aplicação da metodologia conhecida como ensino híbrido (mescla de atividades online e presenciais), aplicada na rede de escolas Summit Public Schools, nos Estados Unidos, que ainda incentiva alunos a desenvolverem projetos e promove mentoria individual para personalizar o ensino. Já no Colégio Estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro, os estudantes do ensino médio têm um programa de estudo orientado, no qual um educador os ajuda a aprender a estudar.

 

EXPERIMENTAÇÃO

A tendência Experimentação está na contramão do ensino tradicional – baseado na teoria e transmissão de conteúdos muitas vezes distantes da realidade dos alunos – e está centrada em novas metodologias que procuram desenvolver o aprendizado a partir de experiências práticas. Esses processos desafiam os estudantes a construir os próprios conhecimentos a partir da elaboração de um produto ou projeto que faça sentido para a vida real. A prática é a base das estratégias pedagógicas dessa tendência.

Estudos neurológicos demonstram que a atividade cerebral dos estudantes é mais intensa quando vivenciam atividades educativas interativas e práticas do que quando assistem a aulas expositivas. Na Universidade de Stanford (Estados Unidos), o Transformative Learning Technologies Lab estuda o impacto do uso de diversas tecnologias no aprendizado a partir de projetos. Em recente pesquisa, os cientistas do laboratório analisaram o impacto do primeiro contato dos alunos com um conteúdo a partir de uma atividade prática – e, posteriormente, a apreciação teórica. Os especialistas concluíram que o aluno absorve melhor os conhecimentos quando tem a oportunidade de experimentar antes.

As oportunidades de experimentação podem ser viabilizadas por ferramentas como laboratórios de fabricação digital, robótica, aulas de programação, produção de peças de mídia, ações de intervenção na comunidade e outros projetos interdisciplinares. Por meio do desafio global Design for Change, por exemplo, que incentiva crianças a pensarem em mudanças que gostariam de fazer ao seu redor, alunos constroem projetos que vão desde desafiar superstições dos mais velhos em comunidades rurais até encontrar uma forma de ganhar dinheiro para comprar computadores para a escola. O movimento internacional Fab Education, por sua vez, oferece suporte para escolas construírem laboratórios de fabricação digital (Fablabs) equipados com máquinas como impressoras 3D, fresadoras e cortadoras a laser para o aprendizado integrado de disciplinas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

 

USO DO TERRITÓRIO

O entendimento de que o aprendizado não ocorre apenas dentro da escola é a base para uma concepção que utiliza os ativos do entorno da escola para ampliar tempos, espaços e agentes da aprendizagem. Nessa abordagem estão incluídas atividades que conectam estudantes com as comunidades ao redor, por meio da utilização de museus, praças, centros culturais, empresas, clubes e outros locais.

Essas práticas partem do pressuposto que, ao ampliar a interação de atores e ocupação de locais, criam-se novas oportunidades de aprendizagem e a comunidade também se torna responsável pela educação das crianças e jovens. Sem muros, a ideia de que só professores e especialistas detêm o conhecimento cai por terra; todos os moradores, ou mesmo empresas e instituições do bairro em que as escolas estão inseridas, podem colaborar com experiências e saberes na construção do aprendizado – o que também pode contribuir para o desenvolvimento local.

O uso do território se dá de diversas formas: algumas aproveitam recursos da comunidade para a promoção do aprendizado e outras vão além, propondo intervenções. Na primeira perspectiva, é possível relacionar conteúdos do currículo com investigações em ambientes próximos à escola como, por exemplo, pela realização de pesquisas in loco sobre animais que vivem na área, entrevistas com moradores e profissionais do bairro, aulas em estabelecimentos comerciais ou industriais e promoção de palestras de pessoas ou grupos que tragam conhecimentos e experiências para os alunos. Outros projetos mobilizam estudantes a serem mais ativos na comunidade, como programas que os incentivem a fazer estágios em empresas locais ou a investigar problemas do bairro e propor soluções.

As práticas do uso do território podem partir de iniciativas das escolas e universidades, que se abrem para o entorno. Esse é o caso do Projeto Minerva, uma instituição de ensino superior itinerante e sem campus fixo em que parte do aprendizado ocorre de forma virtual; outra parcela acontece em grandes metrópoles do mundo, ou são fruto de uma articulação comunitária maior, que envolve diferentes agentes da cidade – como é o projeto Cidade Velha, que transformou Barcelona em uma cidade educadora.

 

NOVAS CERTIFICAÇÕES

Em uma realidade em que as oportunidades de aprendizado são diversificadas e não acontecem apenas pela transmissão de conteúdos dentro do ambiente acadêmico, os diplomas de conclusão de etapas de ensino não dão mais conta de comprovar todas as competências adquiridas ao longo da vida. Para responder à necessidade de reconhecer todas essas capacidades de forma modular – e por meio de diferentes experiências educativas, como cursos online, estágios em laboratórios, realização de projetos e trabalhos voluntários – surgem novas formas de certificação.

Com ferramentas que formalizam diferentes vivências, um profissional de engenharia consegue comprovar que tem competências para escrever relatórios, por exemplo; um aluno de ensino médio pode mostrar que é um bom programador. A comprovação de tais competências não substitui os diplomas tradicionais, mas gera minicertificações que podem compor um portfólio mais abrangente e personalizado de profissionais e estudantes que têm o potencial de facilitar o ingresso em outras formações ou garantir uma vaga de trabalho.

Por outro lado, ao valorizar as novas formas de aprender, as novas certificações são instrumentos que podem qualificar o mundo do trabalho e os ambientes acadêmicos. Empregadores e equipes de seleção de universidades que reconhecerem certificações que vão além do histórico escolar terão melhores condições de analisar o perfil dos candidatos e formar grupos mais assertivos e diversos. Entre as experiências de novas certificações apresentadas no InnoveEdu estão o projeto Open Badges, da Fundação Mozilla com a Fundação MacArthur – que distribui medalhas digitais que certificam aprendizados adquiridos virtualmente ou fora do ambiente escolar e que podem ser acrescentados em perfis de redes sociais, sites de emprego e blogs. A Udacity, plataforma de cursos online, oferece um nanocertificado (nanodegree) para cursos que desenvolvem habilidades específicas para o mercado de trabalho.

 

PARCEIROS

A equipe do Porvir desenvolveu parcerias estratégicas para conduzir o mapeamento educacional. Nos Estados Unidos, o parceiro escolhido foi a EdSurge, uma comunidade e plataforma de informação em tecnologia na educação. O site https://www.edsurge.com/ publica notícias e reportagens sobre novidades e tendências tecnológicas do setor para ajudar empreendedores, educadores e investidores. No Reino Unido, o parceiro foi a Innovation Unit (https://www.innovationunit.org/), uma das maiores organizações do mundo no apoio à inovação radical em educação: a inovação focada em melhores resultados para alunos. É uma organização sem fins lucrativos, que desenvolve soluções diferenciadas, de qualidade, com baixo custo para enfrentar desafios sociais. No Catar, a parceria foi conduzida com a Wise, uma plataforma internacional, multissetorial para pensamento criativo, debate e ações para construção do futuro da educação por meio da inovação. Criada em 2009 pela Fundação Catar, a plataforma www.wise-qatar.org promove um encontro anual que premia iniciativas inovadoras e de alto impacto para a educação no mundo.

 

INSPIRARE

Criado em 2011, o Inspirare é um instituto familiar cuja missão é inspirar inovações em iniciativas empreendedoras, políticas públicas, programas e investimentos que melhorem a qualidade da educação no Brasil. O trabalho tem como foco quatro objetivos complementares: mapear, produzir, difundir e compartilhar referências sobre tendências e inovações em educação; fomentar a geração de soluções educacionais inovadoras; experimentar soluções educacionais inovadoras em territórios estratégicos para gerar impactos locais e referências para escala; criar condições para a incorporação de inovações educacionais por redes públicas em larga escala.

O Inspirare desenvolve quatro programas

Porvir: utiliza estratégias de comunicação e mobilização social para informar a sociedade sobre tendências e inovações educacionais e orientar práticas educacionais inovadoras.

Iniciativas Empreendedoras: fomenta, fortalece e articula empreendedores e negócios de impacto social que propõem soluções educacionais inovadoras.

Laboratórios Educativos: articula poder público, comunidades e escolas para experimentarem inovações educacionais e inspirarem novos modelos e práticas pedagógicas.

Educação Pública Inovadora: incide sobre políticas públicas e apoia redes de ensino no desenvolvimento e implantação de inovações educacionais.

 

PORVIR

Iniciativa do Inspirare, o Porvir atua na comunicação e mobilização social que promove a produção, difusão e troca de conteúdos sobre inovações educacionais. Com o propósito de inspirar políticas, programas e investimentos que melhorem a qualidade da educação no Brasil, as informações mapeadas são disseminadas por meio do site www.porvir.org e de amplo processo de colaboração com a mídia. Todo conteúdo produzido pela equipe está disponível para uso livre. Além disso, a equipe de jornalistas oferece guias, fontes, pautas e parceria para a produção de conteúdos jornalísticos sobre inovações em educação. Também realiza workshops sobre tendências em educação para comunicadores e promove encontros informais com grandes especialistas na área, que visam aprofundar o conhecimento e, consequentemente, contribuir para que a cobertura jornalística sobre o tema seja mais aprofundada.

O Porvir também realiza uma série de ações para mobilizar tomadores de decisão e a população em geral. Encontros presenciais visam inspirar e orientar interlocutores estratégicos, como governantes, investidores e empreendedores sociais, especialistas, gestores educacionais e de recursos humanos. Eventos abertos ao público e interface via mídias sociais buscam qualificar o repertório da sociedade brasileira sobre o assunto.

 

MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
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Betânia Lins betania.lins@printeccomunicacao.com.br
Vanessa Giacometti de Godoy vanessa.godoy@printeccomunicacao.com.br
Camila Ramos camila.ramos@printeccominicacao.com.br

Tel:  +55 11 5182 1806


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competências para o século 21, educação mão na massa, novas certificações, personalização, uso do território

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