Professora de arte britânica vence o 'Nobel da Educação' de 2018 - PORVIR
Crédito: Divulgação

Inovações em Educação

Professora de arte britânica vence o ‘Nobel da Educação’ de 2018

Andria Zafirakou conquista prêmio Global Teacher Prize e cobra espaço para arte no currículo; Brasileiro fica entre finalistas

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 18 de março de 2018

A britânica Andria Zafirakou foi eleita neste domingo, 18, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), a melhor professora do mundo no Global Education & Skills Forum, evento organizado pela Varkey Foundation, e vai receber US$ 1 milhão. A cerimônia apresentada pelo comediante sul-africano Trevor Noah no hotel Atlantis, The Palm teve ainda a participação do piloto britânico de Fórmula 1 Lewis Hamilton, do presidente da Argentina Mauricio Macri e também da primeira-ministra britânica Theresa May. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil emplacou um finalista. Diego Mahfouz Faria Lima, diretor do colégio Darcy Ribeiro, de São José do Rio Preto (SP), foi reconhecido por seu projeto de educação democrática.

Andria ensina na Alperton Community School, escola de ensino médio no distrito de Brent, em Londres (Inglaterra), que é um dos lugares mais etnicamente diversos do país. Cerca de 35 línguas são faladas na escola e os alunos vêm de famílias pobres e expostas à violência de gangues. “[Brent] É uma comunidade em que muitos estudantes passam por dificuldades financeiras. Eles têm vida muito difícil. Moram em lares repletos de pessoas. Não conseguem se alimentar direito porque suas lancheiras chegam vazias”, explica Andria. “Esses desafios fazem com que pareçam ter saído das páginas de novelas de Dickens ao invés de viverem no Reino Unido do século 21. Ainda assim é emocionante ver que, por mais que enfrentem problemas, nossa escola pertence a eles. Posso dizer que se nossa escola abrisse às 6h da manhã haveria crianças querendo entrar às 5h. Isso mostra como são incríveis”.

Leia mais: 
Ouça seus alunos com a pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção
‘A escola é, sobretudo, gente!’
Protagonismo infantil: a chave da gestão democrática
Faculdade usa arte para desenvolver potencial criativo de professores

Após agradecer ao Sheikh Mohammed Bin Rashid Al Maktoum pelo troféu, a professora cobrou das autoridades da educação maior espaço para a disciplina. “A arte precisa disputar espaço nos currículos e sempre são a primeira a ser cortada”. Segundo ela, o tema é frequentemente negligenciado apesar de conseguir transformar vidas, especialmente entre os mais pobres. “A arte tem o poder de quebrar barreiras e rótulos. Para os meus estudantes, a arte é um lugar sagrado em que eles podem se expressar com confiança e se conectar com suas identidades”.

Global Teacher Prize 2018Crédito: Divulgação

Experiência além da sala de aula

Como professora de arte e têxteis e integrante da equipe de gestão, Andria teve a tarefa de conquistar a confiança de seus alunos e das famílias para entender o contexto de onde eles vivem e, a partir disso, redesenhar o currículo. Ela ajudou o professor de música a lançar um coral para crianças da Somália e criou horários alternativos para permitir que os esportes para meninas não ofendessem as comunidades mais conservadoras.

Ao aprender conceitos básicos de muitas das 35 línguas na população de alunos de Alperton, Andria conseguiu se aproximar deles e estabelecer relações com seus pais. Graças aos seus esforços, a escola está hoje entre as melhores da Inglaterra.

Brasileiro na final

Diego Mahfouz Faria Lima transformou uma escola que era noticiada nos jornais de São José do Rio Preto como a mais violenta e com as maiores taxas de evasão. Quando assumiu o cargo de diretor em 2014, adotou  uma estratégia centrada na recuperação do espaço físico e no engajamento dos alunos e da comunidade, por meio da promoção da gestão democrática.

Sua nomeação se deu graças ao trabalho realizado na escola em que é diretor – até então devastada pelo tráfico de drogas e pela violência. “No meu primeiro dia de trabalho, colocaram fogo no banheiro, jogaram água, maçãs e os tambores de lixo em mim”, explicou o educador. Para contornar a situação, Diego abriu um canal de diálogo com os estudantes e viabilizou um espaço para debates e opiniões. Pouco a pouco, as instâncias de representação dos alunos foram ganhando força e hoje a escola conta com representantes de sala e um grêmio ativo.

Conheça os 10 finalistas do Global Teacher Prize 2018

Rede de embaixadores

Como finalista da edição de 2018 do Global Teacher Prize, Diego Lima passa a integrar o programa de embaixadores da Varkey Foundation. Por meio dessa iniciativa, ele poderá compartilhar a experiência da escola Darcy Ribeiro com outros educadores ao redor do mundo, além de incentivar crianças a olharem a educação como possível área de atuação profissional.

Sobre a premiação

O Global Teacher Prize traz à tona o trabalho excepcional de milhares de professores ao redor do mundo. A cerimônia de entrega do troféu faz parte do encerramento do Global Education & Skills Forum, evento que reúne pesquisadores, professores e líderes internacionais em palestras e debates. A edição de 2018 teve presença de Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, Al Gore, ex-vice presidente dos Estados Unidos, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton. Entre os brasileiros, Ricardo Paes de Barros, professor e economista representoundo o Instituto Ayrton Senna, Priscila Cruz, diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann, dentre outros.

Reveja a cerimônia de entrega do Global Teacher Prize

* Jornalista viajou a Dubai (EAU) a convite da Varkey Foundation


TAGS

ensino médio, equidade, inclusão, prêmios

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

0 Comentários
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
0
É a sua vez de comentar!x