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Inovações em Educação

Obama convoca comunidades para melhorar o ensino

Presidente dos Estados Unidos anuncia duas iniciativas para garantir educação de qualidade aos menos favorecidos

por Tatiana Klix ilustração relógio 5 de fevereiro de 2014

Ao mesmo tempo em que investe no ensino de programação para estimular o aprendizado de linguagens e habilidades úteis ao século 21, o governo norte-americano ainda precisa se preocupar em garantir ensino básico qualificado e acesso ao ensino superior à população mais pobre dos Estados Unidos – desafios bem familiares ao Brasil. Para isso, aposta na força da colaboração. Já nas primeiras semanas do ano, duas iniciativas lançadas pela Casa Branca partem da mesma essência, a de estabelecer parcerias para minimizar desigualdades sociais nas quais o governo é só um facilitador.

“O sucesso de uma criança não pode ser determinado pelo CEP de sua moradia, mas pela sua ética de trabalho e pelo tamanho de seus sonhos”, afirmou o presidente norte-americano, Barack Obama, no anúncio do Promises Zones, programa que pretende reverter o ciclo de pobreza e dar assistência aos jovens das comunidades mais vulneráveis dos Estados Unidos.

A ideia é estabelecer parcerias com empresários, associações e organizações não-governamentais para criar empregos, aumentar a segurança, melhorar as condições de moradia e – principalmente – expandir as oportunidades educacionais. Para isso, não haverá injeção de recursos extras, mas o governo promete facilitar os caminhos e amenizar a burocracia para que essas comunidades tenham acesso a verbas de programas de desenvolvimento já existentes. Por exemplo, escolas dessas regiões receberão pontos extras na concorrência por subsídios concedidos pelo Departamento de Educação federal.

No dia 9 de janeiro, a Casa Branca anunciou quais serão as cinco primeiras Promise Zones, como são chamadas as comunidades que serão beneficiadas pelo programa: leste da cidade de Santo Antônio, no Texas; oeste da Filadélfia, na Pensilvânia; distritos de Los Angeles de Pico Union, Westlake, Koreatown, Hollywood e East Hollywood, na Califórnia; Kentucky Highlands no sudeste de Kentucky; e Nação Choctaw em Oklahoma. Até o fim do mandato de Obama, o governo espera trabalhar com 20 “zonas promissoras”.

Para participar do programa, cada uma das regiões escolhidas teve que apresentar um plano de ação de como trabalhará com empresas e líderes locais, além de estabelecer metas. Em troca, o governo federal colocará suas agências públicas para ajudá-las e pressiona o Congresso para cortar impostos em suas localidades.

O sucesso de uma criança não pode ser determinado pelo CEP de sua moradia, mas pela sua ética de trabalho e pelo tamanho de seus sonhos

A zona leste de Santo Antônio, por exemplo, tem um índice de criminalidade 50% maior que o do resto da cidade e apenas 4 em cada 10 adultos da região conseguem terminar um curso superior. Para enfrentar esses problemas, fechou um convênio com a Faculdade St. Philip, que fica na área e atende majoritariamente a população negra e hispânica, para abrir mais vagas – e facilitar o acesso – a jovens que já concluíram o ensino médio em cursos das áreas de energia, saúde, administração, manufatura e construção. Essas formações foram escolhidas porque, além de já serem oferecidas pela St. Philip, coincidem com expertises de setores em que haverá incentivo para empresários investirem.

Na zona oeste da Filadélfia, onde vivem 35.315 pessoas e a taxa de pobreza chega a 51%, uma das principais estratégias é aproximar a Universidade de Drexel das escolas de ensino fundamental e médio. O plano inclui cursos de formação para professores, com objetivo de ajudá-los a desenvolver habilidades do século 21 junto a seus alunos e incentivá-los a aspirar a um curso superior. Atualmente, apenas um em cada três residentes da região concluiu o ensino médio e menos de dois em cada 10 têm diploma universitário. A maioria nem sequer pensa em se candidatar a uma vaga no ensino superior. Representantes da St. Philip visitarão escolas todos os meses para realizar orientação vocacional e tutoria para esclarecer os alunos sobre os caminhos que eles precisam seguir para entrar na faculdade.

‘Mais do que nunca, um diploma universitário é o caminho mais seguro para uma vida estável de classe média’

A aposta da California para melhorar a educação nos distritos de Pico Union, Westlake, Koreatown, Hollywood e East Hollywood, que sofrem com fuga da população que deixa a região para tentar a vida em zonas mais desenvolvidas, é ampliar o número de escolas com o modelo já criado de serviço completo e integrado à comunidade. Hoje, sete colégios já atuam desta forma, a partir de parceria entre a prefeitura de Los Angeles e a organização Youth Policy Institute. Isso significa que essas instituições oferecem, além das aulas regulares, programas que vão desde pré-natal para as mães, reforço escolar para alunos com dificuldades, programa de férias para crianças, cursos de preparação para faculdade, suporte para famílias, como orientação financeira e assistência médica. A expectativa é que todas as 45 escolas da área sejam incluídas no programa.

Inserir mais pobres no ensino superior

Nessa mesma linha, o presidente Obama acompanhado da primeira dama, Michelle, convocou 100 líderes de universidades e 40 de organizações não-governamentais para uma conversa na Casa Branca no dia 16 de janeiro. O objetivo foi envolver essas instituições no esforço de aumentar o número de jovens pobres nas universidades.

“Mais do que nunca, um diploma universitário é o caminho mais seguro para uma vida estável de classe média”, afirmou. Com pouca margem de barganha no Congresso, Obama tem usado seu poder executivo para fazer com que outros setores da sociedade trabalhem de acordo com sua agenda.

Ficou acordado no encontro que as universidades vão se aproximar das escolas de ensino fundamental e médio, para que os jovens aprendam sobre o ensino superior e se preparem desde cedo para seguir estudando, promover mais e melhores cursos preparatórios para os exames de admissão e elaborar programas de apoio a estudantes pouco preparados para que possam acompanhar e concluir os cursos.


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educação de jovens e adultos, educação democrática, ensino superior

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