José Pacheco cria dicionário de valores na educação - PORVIR
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Inovações em Educação

José Pacheco cria dicionário de valores na educação

Educador português, fundador da Escola da Ponte, descreve, de A a Z, conceitos importantes no ensino e na aprendizagem

por Davi Lira ilustração relógio 25 de setembro de 2013

Depois de ter revolucionado os moldes tradicionais de ensino na Escola da Ponte, o professor português José Pacheco, hoje um estudioso da realidade brasileira, resolveu lançar um dicionário de valores em educação que reúnem conceitos que, segundo ele, precisam ser considerados nos processos de aprendizagem. O documento, que começou a ser produzido em 2012, foi finalizado neste ano e disponibilizado recentemente para download gratuito.

Para cada letra do alfabeto, Pacheco fala sobre um conceito, um valor ou um tema, como autonomia, lealdade, tolerância e até não-violência, meio ambiente e qualidade de vida. Todos eles relacionados à educação. “Publiquei dois dicionários: um deles, sobre absurdos da educação; outro, sobre utopias. Como soi dizer-se, não há dois sem três: farei um dicionário de valores”, afirma o educador na abertura de sua obra.

Tive de fazer escolhas logo no primeiro verbete. A letra A poderia ser de amizade, mas logo surgiu o valor dos valores: o amor”, afirmou Pacheco, sobre o processo de construção, durante evento de lançamento do livro em São Caetano do Sul (SP) no semestre passado.

Confira abaixo, o resumo de alguns verbetes presentes na obra, selecionados pelo Porvir:

Autonomia
“Autonomia não é um conceito isolado, nem se define em referência ao seu oposto – define-se na contraditória complementaridade com a dependência, no quadro de uma relação social aberta. O conceito de singularidade é próximo, mas situa-se aquém da autonomia, porque o reconhecimento da singularidade consiste na aceitação das diferenças interindividuais, enquanto autonomia é o primeiro elemento de compreensão do significado de “sujeito” como complexo individual. A autonomia exprime-se como produto da relação. Não existe autonomia no isolamento, mas relação eu-tu. Conclusão: a autonomia convive com a solidariedade.”

Prudência
“Será urgente proporcionar às crianças oportunidades de aprenderem a não se compararem com outros, de usarem de um poder, que não sirva para mandar, mas para ajudar. Uma extrema prudência é necessária na criação de novas estruturas, dispositivos, atitudes, pois é um processo complexo, exige longa e perseverante aprendizagem.”

Responsabilidade
“A modernidade projetou-nos numa ética individualista, na qual se pretende conservar a benesse da liberdade, ignorando a prática da responsabilidade, algo que lhe é inerente. A educação formal fragilizou o conceito de ética e as transgressões são justificadas como regras do jogo para a sobrevivência. Urge, por isso, que estâncias educacionais, como as escolas, concretizem uma educação integrada na pólis, o exercício da corresponsabilização na formação, uma formação estruturante da vida pessoal e comunitária.”

Tolerância
“O termo tem origem na palavra tolerare, que significa suportar pacientemente. Mas poder-se-á aceitar que a paciência suporte a indiferença? Poder-se-á tolerar que todas as atitudes sejam consideradas legítimas? Poderemos incorrer  num  relativismo “tolerante”,  onde  a  verdade  e  a  mentira  se equivalem? Talvez se deva considerar uma tolerância mais próxima de algo que dá pelo nome de…  aceitação.”

Verdade
“Venho repetindo que o princípio da veracidade deverá nortear todos os projetos educativos.  Ainda que sem que disso tome consciência, a criança age filosoficamnete, buscando verdades, verdades, como que reconstitui a história da filosofia dos adultos.”


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autonomia, competências para o século 21

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