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Inovações em Educação

Plataforma oferece capacitação profissional a recém-formados

Engenheira usa experiência pessoal para criar empresa de cursos online que desenvolvem competências do século 21 em jovens

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 6 de abril de 2016

Concluir um curso de ensino superior é garantia de uma sonhada vaga no mercado de trabalho? Nem sempre. O diploma é, sem dúvida, requisito importante para começar a preencher a carteira de trabalho, mas muitas vezes não é  suficiente para uma contratação. Pensando nisso, a engenheira de produção Karen Franquini criou a Ganbatte (pronuncia-se ‘Ganbatê’), uma plataforma que oferece capacitação profissional voltada ao desenvolvimento de competências para o século 21.

Ficou difícil? Funciona assim: com a ajuda de profissionais que já atuam no mercado, a Ganbatte é uma plataforma, ainda em fase de construção, que oferece cursos online, workshops presenciais e desafios para ajudar jovens universitários e recém-formados a serem contratados. A ferramenta foi idealizada por Karen, que é formada em engenharia de produção pela PUC-Rio.

A jovem de 24 anos teve bolsa integral durante a graduação e conta que não tinha recursos financeiros para realizar cursos de capacitação depois de formada. “Eu estava em uma faculdade de ponta, mas não tinha como me capacitar. Não falava inglês e não tinha nenhuma especialização na minha área”. Depois de participar de inúmeros processos seletivos e não ser efetivada em nenhum deles, Karen percebeu que colegas de curso com especializações e vivências internacionais tinham mais oportunidade de conquistar as vagas disponíveis. Ela conta que, em 2014, sua vontade era fazer uma especialização em logística, mas que o custo, de R$ 1000 por mês, não permitiu sua participação.

Então, começou a pesquisar empresas ou negócios sociais que oferecessem algum tipo de formação complementar à graduação ou um plano de financiamento. “Eu busquei empresas que me oferecessem cursos ou que me financiassem, para depois eu devolver esse investimento em forma de trabalho ou de pagamento mesmo, como se fosse um Fies [Fundo de Financiamento Estudantil]”. Na época, a engenheira não encontrou nenhuma empresa que oferecesse esse serviço. “Eu comecei a entrar em contato com outros alunos bolsistas da PUC e de universidades públicas também, e percebi que não era só eu que tinha essa dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Isso acontecia com muita gente”.

Foi aí que teve a ideia de criar a própria empresa na área social. Depois de passar por algumas acelerações, como o Lab Social Good Brasil, ela percebeu que sua motivação inicial de ser um financiamento coletivo para cursos não atendia completamente a necessidade do público. Mudando de rumo, então, Karen chegou na proposta atual da Ganbatte: ser uma plataforma que oferece capacitação profissional online a jovens de baixa renda a partir do desenvolvimento de competências do século 21 no espaço de trabalho. Segundo ela, o diferencial da Ganbatte é respeitar a forma com que cada um aprende melhor, moldando as práticas de ensino-aprendizagem às necessidades dos jovens.

A escolha do nome da plataforma não é uma coincidência. Trata-se de uma expressão japonesa de encorajamento. “É como se dissesse ‘’aguente firme, não desista, faça o seu melhor’”, explica Karen.

Segundo ela, a ideia da Ganbatte é focar em alunos que já têm competências comportamentais, mas que precisam desenvolver técnicas. “Nós fizemos uma pesquisa com 15 empresas do Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e da Bahia, perguntando o que era visto como um diferencial na hora de contratar”. Além disso, a equipe da plataforma contou com ajuda de duas psicólogas que trabalham em áreas de recursos humanos de empresas. “A partir disso tudo, nós começamos a montar os módulos dos cursos, que visam desenvolver as competências do século 21 que influenciam diretamente um candidato ser contratado ou não no emprego. Nós queremos capacitá-lo para que ele consiga ter uma oportunidade”.

As atividades da Ganbatte

Em princípio, como ainda está em fase de desenvolvimento, o objetivo da ferramenta é oferecer cursos online com palestrantes que já estão inseridos no mercado de trabalho e que sejam especialistas em determinadas habilidades. Além de gravar vídeos para os cursos da plataforma, os profissionais ajudam na elaboração do material que será oferecido aos recém-formados. “Apesar da gente ter um custo com a gravação, não temos custo com os palestrantes, porque são todos voluntários. São pessoas que acreditam na Ganbatte e que já trabalham com determinada competência”.

Um exemplo de curso já pronto para ser lançado trata de negociação. Depois de ter acesso a um vídeo e outros materiais sobre o tema, o desafio proposto é trabalhar em grupo, usando o chat (que possibilita interação com pessoas de qualquer parte do país) para vender um produto. “O jovem tem que trabalhar com outra pessoa para fazer um vídeo que venda um produto formado por sentimentos. Só que são sentimentos ruins, como solidão. Com isso, nós conseguimos desenvolver relacionamento interpessoal, negociação e técnicas de venda”, explica Karen.

Outra funcionalidade são os workshops. De forma gratuita, os eventos serão realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, locais onde está concentrado o público de interesse da plataforma. O tema do primeiro encontro será Propósito de Vida.

Modelo de negócios

Para bancar todas essas funcionalidades, o jovem interessado nos serviços da Ganbatte deverá pagar uma mensalidade de R$ 39,90. Segundo Karen, a previsão é lançar de dois a três cursos por mês, e o valor pago permite acesso total aos conteúdos disponibilizados na plataforma.

Financiamento coletivo

A proposta de Karen de ajudar os jovens recém-formados só será colocada em prática se a Ganbatte conseguir arrecadar R$ 10 mil  via campanha de crowdfunding, que está no ar até esta sexta-feira (8). O montante irá ajudar no desenvolvimento da plataforma, na elaboração de mais seis cursos (o que possibilita que a Ganbatte funcione até junho, pelo menos) e na realização de dois workshops sobre Propósito de vida nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.


TAGS

competências para o século 21, educação online, empreendedorismo, financiamento coletivo, negócios de impacto social

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