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Inovações em Educação

Por internet rápida em escolas, ONG cria teste on-line

Meta da Education SuperHighway, nos EUA, é garantir que todas instituições de ensino tenham redes de alta velocidade

por Tatiana Klix ilustração relógio 15 de maio de 2014

Mais de 40 milhões de alunos norte-americanos estão ficando para trás. A avaliação da organização não governamental Education SuperHighway não significa que essas crianças não tenham aprendido a ler ou escrever na idade certa ou saibam menos que o esperado de matemática ao final do ensino médio, mas diz respeito à infraestrutura tecnológica de suas escolas. Embora 99% das instituições de ensino fundamental e médio nos Estados Unidos disponham de computadores e acesso à internet, segundo a ONG que defende que todas as escolas tenham banda larga por cabos de fibra ótica, em 72% delas a velocidade da conexão não dá conta de preparar os alunos para competir no mercado atual.

A Education SuperHighway foi fundada em 2012 pelo empreendedor Evan Marwell, motivado pela própria decepção com a velocidade da internet na escola dos filhos em São Francisco, bem perto do Vale do Silício. Atualmente, uma típica escola pública americana tem a mesma conexão usada em casas de famílias, mas com 100 vezes mais usuários, o que é insuficiente para que professores e alunos se apropriem de ferramentas de aprendizado como games e vídeos.

A ONG, apoiada por mais de 40 CEOs de grandes empresas – como Google, Facebook e American Express –, pela Comunicação Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), pelo Ministério da Educação e por líderes do mercado de educação on-line dos EUA, teve como sua primeira ação um teste de conectividade. O objetivo era conhecer o tamanho do problema e como enfrentá-lo. “Agências governamentais de educação geralmente não sabem que escolas têm carências, quantos alunos atendem e que conexão ou equipamentos precisam”, informou a Education SuperHighway em nota ao Porvir.

O SchoolSpeedTest pode ser feito on-line, gratuitamente e em apenas um minuto por estudantes, professores ou representantes de qualquer escola pública dos EUA. A ferramenta, então, apresenta a velocidade de upload e download de um arquivo até o dispositivo (computador, tablet, celular) do usuário. Essa verificação se diferencia de outras existentes porque é a única que mede a banda larga que é usada em sala de aula, e não apenas até a entrada da rede. Para que seja possível identificar variações de acordo com o horário e números de usuários, são feitos até 10 testes em cada escola.

Os dados coletados, além de serem enviados para quem faz o teste, são repassados para governos, redes de ensino e gestores escolares, para que eles tenham clareza de suas deficiências e possam tomar providências. A Associação de Diretores de Tecnologia Educacional (SETDA, na sigla em inglês) recomenda que a velocidade da rede das escolas atualmente deve ser de pelo menos 100 Kbps por estudante e que chegue a 1 Gbps em 2017 – um valor dez vezes maior para cada usuário. Essa é a banda larga necessária para personalizar o ensino, melhorar a comunicação entre educadores, alunos e pais, expandir o aprendizado fora da sala de aula, reduzir as tarefas administrativas dos professores e, consequentemente, aumentar o número de horas dedicadas por eles às aulas.

Agências governamentais de educação geralmente não sabem que escolas têm carências, quantos alunos atendem e que conexão ou equipamentos precisam

Como resultado dos 750 mil testes já realizados em 33 mil escolas, a Education SuperHighway conseguiu ampliar o debate sobre a defasagem tecnológica das redes de ensino no país e pressiona o governo a mudar essa realidade. O programa E-Rate, criado em 1996 e que destina às escolas anualmente bilhões de dólares recolhidos através de um imposto sobre as contas de telefone, foi capaz de universalizar o acesso à internet nas instituições, mas é questionado pelo CEO e fundador da ONG. “São gastos US$ 2,4 bilhões por ano, mas a metade disso vai para coisas como serviços de voz, email e hospedagem de sites. Precisamos focar em banda larga”, afirmou ao jornal The New York Times.

Em janeiro deste ano, o presidente Barack Obama referendou a posição de Marwell e afirmou que é preciso aumentar a conectividade nas escolas americanas. Para minimizar as carências identificadas pela Education SuperHighway, mudanças no programa E-Rate são esperadas para os próximos meses. Enquanto isso, a Education SuperHighway também corre por fora fornecendo suporte técnico para ajudar as escolas que querem se atualizar a tomar as melhores decisões e difunde boas práticas para inspirar bons investimentos. A próxima ambição é influenciar no preço pago pela tecnologia.

Compartilhar os dados de quanto as escolas estão pagando por banda larga vai forçar as empresas de telecomunicações a oferecer banda larga por valores mais justos

O CEO da ONG avalia que as escolas estão investindo além do necessário para instalar banda larga e infraestrutura de redes. Neste ano, a Education SuperHighway vai lançar um site com os diferentes preços já pagos pelas instituições e pretende organizar consórcios entre escolas para elas conseguirem fechar melhores negociações. “Compartilhar os dados de quanto as escolas estão pagando por banda larga vai forçar as empresas de telecomunicações a oferecer banda larga por valores mais justos”, afirmou Marwell ao portal EdSurge.

No Brasil há pouca informação

Os dados sobre conexão e tecnologia nas escolas brasileiras são bastante restritos. As informações mais recentes sobre acesso à internet e computadores estão no Censo Escolar de 2013 e indicam que das 190.706 escolas incluídas no levantamento, apenas 58% delas (111.053) têm acesso à internet, índice que cai para 48% se levarmos em conta as que dispõem de banda larga. As informações do Censo são baseadas em informações repassadas pelas redes de ensino ao Ministério da Educação e não se sabe a velocidade, nem o número de usuários de cada escola. Em muitas instituições, embora haja conexão, a internet nem chega a estar disponível para a sala de aula, mas é usada apenas por funcionários e professores para tarefas administrativas.

Se houver interesse em testar a conexão, embora não haja um aplicativo específico para instituições de ensino como o criado pela Education SuperHighway nos EUA, é possível usar ferramentas gratuitas disponíveis on-line para medir a velocidade de download de arquivos como o Speedtest.


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conectividade, equidade, infraestrutura

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