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Inovações em Educação

Rio de Janeiro usa plataforma on-line na alfabetização

Pé de Vento auxilia 70 mil crianças das escolas municipais cariocas com as primeiras noções de português e matemática

por Patrícia Gomes ilustração relógio 29 de junho de 2012

Depois da aula, Bia e Marcelo esperam na porta da escola pelo transporte que vai levá-los para casa. Mas, como ocorre com Dorothy, em O Mágico de Oz, uma ventania passa e leva os dois para uma floresta encantada. Esse mundo maravilhoso, em que a dupla terá de passar por aventuras e desafios até regressar ao seu lar, é narrado na plataforma de aprendizado on-line Pé de Vento, que une jogos, música, contação de histórias e conteúdo e se dirige a alunos em fase de alfabetização. Depois de um ano de testes, a ferramenta está sendo usada por 70 mil crianças de 6 anos das escolas municipais do Rio de Janeiro.

A plataforma faz parte de um programa maior da Secretaria Municipal de Educação, a Educopédia, que propõe atividades on-line para alunos de todas as séries do ensino fundamental. O Pé de Vento é a ferramenta específica para o primeiro ano, com atividades planejadas para durar 32 semanas, acompanhando as crianças que estão no início dos processos de letramento e numeramento durante todo o ano letivo. “O objetivo do Pé de Vento é que a gente consiga fazer esse começo do aprendizado de português e matemática muito bem”, diz Rafael Parente, subsecretário de Educação do Rio.

crédito Vladimir Vorotin / Fotolia.com

A história é encadeada em uma sequência de aventuras e a narrativa vai se construindo e revelando aos poucos, conforme os alunos cumprem as atividades. “O primeiro desafio [no desenvolvimento do Pé de Vento] foi a definição do modelo, compreender as aulas com um formato mais lúdico, mais próximo da criança: um formato que propõe o aprender brincando”, afirma Ana Veneno, educadora que participa na elaboração do material.

Assim, a plataforma aposta nos desafios para estimular os alunos. Na primeira semana, por exemplo, uma animação apresenta os personagens e narra sua misteriosa entrada no mundo maravilhoso. Para descobrir onde a Bia e o Marcelo foram parar, as crianças precisam fazer um quebra-cabeças, identificar cores, letras e frutas. A cada atividade finalizada com sucesso, os alunos recebem dicas sobre o paradeiro dos meninos, sobre quem é o Pé de Vento e por que ele foi parar na cidade, além de ganharem cartas mágicas, que trazem informações sobre animais em extinção.

“Essa mistura de recursos como interatividade, jogos, livros digitais e a história dos personagens é única e faz com que as crianças vibrem”

A opção de apresentar os animais da floresta e falar sobre questões ambientais, diz Parente, não foi por acaso. Além dos parâmetros curriculares tradicionais que compõem a alfabetização, o Pé de Vento trata de maneira transversal, com os recursos tecnológicos disponíveis, assuntos como preconceito, tolerância e respeito ao diferente. “Essas questões transversais são tratadas dentro das histórias. Tem até uma música que diz: ‘Um amigo novo pode ser diferente, ele não precisa ser igual a gente’”, exemplifica Parente.

A ferramenta está sendo usada por todas as escolas municipais do Rio que têm primeiro ano e está aberta na internet para qualquer interessado. A sugestão da secretaria às escolas da rede é que a ferramenta seja acessada ao menos uma vez por semana, mas cada uma decide como usar.

Normalmente, a aventura é projetada numa tela em sala de aula e a professora escolhe alternadamente os alunos para responder, enquanto os outros assistem. Mas, como o Pé de Vento está disponível na internet, Parente conta que é muito comum que os alunos peçam para os pais refazer a atividade no computador de casa, iniciativa que acaba envolvendo toda a família no processo de alfabetização. “Essa mistura de recursos como interatividade, jogos, livros digitais e a história dos personagens é única e faz com que as crianças vibrem”, afirma Parente.

Veja vídeo em que os personagens do Pé de Vento falam sobre como será a escola do futuro.

 

O engajamento dos alunos, internamente, já tem mostrado resultado. Para Veneno, o Pé de Vento tem feito com que professores organizem sua aula de forma mais dinâmica e que os alunos se envolvam de forma mais colaborativa porque, como diz, “meninos ensinam e aprendem com outros meninos”.

Segundo Parente, os professores têm relatado que o envolvimento maior da turma faz com que ela seja alfabetizada com mais rapidez, com mais alunos aprendendo no ritmo adequado. “Quando o ensino acontece pela música ou um estímulo mais lúdico, principalmente para crianças que vêm de ambientes mais complicados, elas aprendem melhor. Eu tenho professores dizendo que sempre chegavam no fim do primeiro ano com parte da turma ainda com uma certa dificuldade e que, com o Pé de Vento, isso acabou”, diz o subsecretário. A intenção da secretaria, afirma Parente, é que uma avaliação externa ajude a mensurar e atestar os resultados e ampliar o Pé de Vento também com versões para o segundo e terceiro ano.


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