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Procuram-se mentes jovens para transformar o mundo

Escola dinamarquesa Kaospilot mescla conceitos de negócios com design para formar líderes, empreendedores e pilotos do caos

por Vinícius Bopprê ilustração relógio 21 de outubro de 2013

Alguém com uma mente jovem e criativa e que sonha em se tornar um líder. Pessoas com um caminho e uma paixão a seguir e que desejam começar novas iniciativas para tornar o mundo um lugar melhor. Não estamos falando de seres dotados de superpoderes, tampouco uma utopia, algo que não existe. Christer Windeløv Lidzélius, diretor da Kaospilot e um dos palestrantes do TEDx Unisinos deste ano, afirma que a escola dinamarquesa busca – e encontra – pessoas com essas características todos os anos. Seu objetivo é mesclar conceitos de negócios com design para fazer com que esses estudantes se tornem líderes e empreendedores. Ou, como o nome da instituição sugere, pilotos do caos.

“É uma escola onde se aprende a lidar com o caos para criar grandes projetos. O nome [da instituição] foi escolhido para representar o tempo em que estamos vivendo e a necessidade de sermos capazes de navegar em meio ao caos”, explica Christer, que já foi aluno da escola. Para desenvolver esses grandes projetos, os alunos trabalham, ao longo de três anos, em pequenos e grandes grupos e até individualmente. Independentemente da modalidade e da iniciativa que desenvolvem, a intenção é que o trabalho, no final, seja construído de modo colaborativo.

crédito PRILL/Mediaendesign/Fotolia.com

Um dos principais programas da Kaos, o Enterprising Leadership (Liderança Empreendedora) prepara pessoas que desejam realizar grandes mudanças sociais por meio da criatividade empresarial e da liderança. Nele, os alunos formam equipes para desenvolver projetos reais para clientes reais, desde que tenham relação com seus próprios objetivos de aprendizado e de desenvolvimento.

Ao longo dos três anos, os aspirantes a líderes e transformadores do mundo vão passar por atividades que se baseiam em quatro pilares: experimentação, exploração, experiência e empreendedorismo. Juntas, as metodologias buscam estimular a escolha por um projeto que compartilhe seus ideais e valores, o desenvolvimento por novos saberes e perspectivas por meio da prática e do uso da imaginação. “Se você precisa entender alguma coisa, você precisa agarrá-la. Só assim pode ter uma sensação de realidade, sem ser apenas um exercício teórico. É preciso refletir o mundo em que vivemos. Nem sempre há uma resposta certa e os processos se modificam”, afirma o diretor.

“Esperamos que os alunos criem uma empresa ou talvez uma ONG. Talvez estudem mais [ao saírem da Kaos], consigam um emprego em um algum setor criativo. Eu espero, na verdade, que eles continuem aprendendendo, fazendo coisas que possam dar suporte ao desenvolvimento social”

O curso é dividido em quatro disciplinas: projeto de negócio criativo, projeto de liderança criativa, concepção do projeto criativo e projeto do processo criativo. A ideia é que, por meio delas, os alunos aprendam a liderar, construir um negócio viável, de acordo com as visões e valores de seus clientes, iniciar e executar projetos criativos e sustentáveis, além de projetar e conduzir processos de mudança para diferentes clientes durante e depois da experiência na Kaos.

Mas essas expectativas – assim como todo o processo de aprendizado na escola – não são estáticas. “Esperamos que os alunos criem uma empresa ou talvez uma ONG. Talvez estudem mais [ao saírem da Kaos], consigam um emprego em um algum setor criativo. Eu espero, na verdade, que eles continuem aprendendendo, fazendo coisas que possam dar suporte ao desenvolvimento social”, diz o diretor.

Para dar conta de todo esse aprendizado não-convencional, cada uma das equipes a ser formada vai contar com um líder, que será responsável por apontar as escolhas e organizar a execução do projeto. Já em relação aos professores, o sistema é bem diferente. A Kaospilot não conta com um corpo docente fixo, mas com 60 colaboradores externos, do mundo dos negócios ou da academia, que dão palestras, treinamentos e até avaliações. São esses colaboradores externos, em parceria com os líderes das equipes, que vão guiar os quase 10 projetos que serão desenvolvidos durante os seis semestres.

Reflexão, teoria e prática – palavras que definem o conceito da escola – parecem surtir efeito. Segundo os números da instituição, dos mais de 600 graduados na Kaospilot, um terço construiu sua própria empresa, ONG ou outras iniciativas semelhantes. Entre os projetos desenvolvidos na escola que o diretor aponta como bons exemplos estão o 100 en 1 día – site que organiza 100 intervenções para resolver problemas públicos em um mesmo dia na cidade de Bogotá – e o Bambuser – serviço de transmissão de vídeo a partir de celulares e câmeras de computador.

Christer, que vai estar no Brasil em novembro para a realização de workshops, afirma que o objetivo da escola é aumentar o número de estudantes e programas. E o Brasil está em seus planos. “Talvez possamos abrir um programa nos próximos anos”, adianta o diretor, que já tem outra visita agendada por aqui para março do ano que vem.

 

Este texto foi atualizado às 14h53 do dia 21/10/2013


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem colaborativa, empreendedorismo, kaospilot, personalização, sustentabilidade

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