Professora trabalha letramento e valores com fantoches - PORVIR
Crédito: Vania Vianna

Diário de Inovações

Professora trabalha letramento e valores com fantoches

A professora Vania Vianna usou sua experiência com fantoches para, a partir das histórias criadas para os bonecos, ensiná-los a conhecer as letras

por Vania Vianna de Moraes Cunha ilustração relógio 18 de novembro de 2015

Eu sempre trabalhei com fantoches. Eu fazia trabalho voluntário em abrigos de crianças e criava as histórias de fantoches. Este ano, a escola em que eu trabalho propôs que eu desse aula para o primeiro ano exatamente porque a diretoria queria uma transição suave da educação infantil para o ensino fundamental.

Por já ter experiência e saber articular bem com os fantoches, eu achei que eles poderiam ser úteis nesse mundo lúdico da criança de seis anos. Então, montei um projeto no qual eu apresento cada letra do alfabeto com um fantoche. Eu crio uma história para apresentar esse personagem e as crianças interagem com ele.

Sempre procuro manter meus alunos bem informados, não só sobre o ambiente da sala de aula mas também do que acontece fora dele. Eu uso essas atividades de letramento para trabalhar valores na vida da criança. A letra Q, por exemplo, é representada pelo fantoche do vovô Quinha. Nessa ocasião, trabalhei a questão do respeito ao idoso, como a gente deve agir quando um idoso entra no ônibus ou quando quer atravessar a rua. Além de usar os bonecos, eu simulo as histórias. Fingi que era uma Vania bem velhinha e que cheguei na sala para falar com eles.

No caso da letra H, eu trabalhei com a inclusão que, muitas vezes, fica restrita ao aluno com necessidades e ao professor que lida com ele. Mas o mundo não é assim. Antes de mostrar o fantoche a eles, contei uma história de bichinhos que eram diferentes, para preparar o ambiente. Então, apresentei a boneca da Helena, representando uma menina surda. A minha filha fez um curso de libras. Então, no dia de ensinar a letra H, eu a levei à escola e ela ensinou várias palavras e expressões na linguagem de sinais. Hoje, eu e meus alunos nos cumprimentamos com a linguagem oral e de sinais.

O fantoche da letra Z, o Zaqueu, é negro. Na minha história, ele é um menino africano, que vem para o Brasil e quer interagir com as crianças brasileiras. A partir disso, nós abordamos a questão do preconceito racial e como elas lidam com isso.

Com esse trabalho, eu percebi que os alunos passaram a interagir muito mais. Eles ficam na expectativa de quando vai chegar o próximo fantoche. Quando eu anuncio que vamos mudar de letra, eles já sabem que é um novo amiguinho ou amiguinha que vai chegar. Toda essa expectativa ajudou a deixar o número de faltas perto de zero. Além disso, eu criei uma página no Facebook, onde vou contando para as famílias o que está acontecendo nas aulas.

Quando me propuseram essa turma, eu fiquei preocupada, porque não tinha experiência com o primeiro ano. Mas a partir disso, eu procurei recursos que pudessem facilitar o meu trabalho e melhorar o aprendizado dos alunos. O fantoche serve como um cartão de visita da letra, uma apresentação. A partir do momento que eu conto a história e eles interagem, eu começo a propor atividades. Eu uso o fantoche como uma ferramenta. As crianças memorizam as letras que eu colo na roupinha dos bonecos, o que facilitou muito o processo de associação e assimilação.

Para mim, esse trabalho é muito importante não só pela questão do letramento, mas pela questão dos valores que os fantoches apresentam. Eles interagem no mundo da criança. A minha realização não é só ver que elas estão lendo e escrevendo bem, e sim vê-las com perspectiva de vida. A meu ver, isso é fundamental na escola atualmente.


Vania Vianna de Moraes Cunha

Vania Vianna de Moraes Cunha é estudante de pedagogia. Realizou formação continuada em Educação Especial pela Fundação de Educação do Município de Niterói e cursos de capacitação e engajamento na área de prevenção à violência infantil. Desenvolveu trabalhos voluntários em abrigos na cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, com a utilização de fantoches.

TAGS

brincadeiras, engajamento familiar, ensino fundamental

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