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Inovações em Educação

Programa finlandês usa tecnologia para estimular o movimento

Muuvit propõe atividades físicas enquanto os alunos fazem uma viagem virtual por diferentes países; a iniciativa já está presente em escolas brasileiras

por Marina Lopes ilustração relógio 12 de abril de 2016

Quando se fala em hábitos saudáveis, muitas vezes a tecnologia é vista como uma vilã que afasta as crianças das atividades físicas. Na tentativa de acabar com essa dicotomia, um programa finlandês está apostando nos recursos virtuais para estimular o movimento nas escolas. Como uma espécie de viagem por diferentes países e culturas, a plataforma Muuvit propõe que os alunos se exercitem enquanto aprendem conteúdos de geografia, matemática, saúde, meio ambiente e idiomas.

O programa surgiu em 2000, na Finlândia, e se expandiu para diferentes países europeus, como Alemanha, Suíça e França. Em 2014, a plataforma também chegou às escolas brasileiras por meio do Instituto Compartilhar, fundado pelo técnico de voleibol Bernardinho. A iniciativa também conta com a parceria da Embaixada da Finlândia, do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e da Rede Esporte pela Mudança Social.

Voltado para turmas do ensino fundamental, o Muuvit inicia com uma aventura virtual por cidades da América do Sul, onde os alunos podem conhecer costumes, cultura, pontos turísticos e brincadeiras locais. No entanto, para continuar a jornada eles devem se exercitar. A cada dez minutos de movimento, as turmas somam pontos, ou melhor, milhas, para viajar. E vale qualquer tipo de atividade física, desde aquelas realizadas na escola, até uma brincadeira ou tarefa que o estudante fez em casa, como jogar futebol, correr ou ajudar a varrer a casa. Todas as práticas são anotadas em um cartão e, depois, computadas na plataforma pelo professor.

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“O principal foco do Muuvit é trazer esse hábito do movimento para o dia a dia. Se a criança constrói isso no seus primeiros dez anos, é mais provável que se torne um hábito para o resto da vida. Nós tocamos muito na questão de fazer esporte, mas, talvez, mais importante do que isso, seria levar o hábito do movimento para a vida adulta, que é caminhar pelos lugares, andar de bicicleta, subir escadas”, explica Maxwill Braga, coordenador do programa no Brasil.

Muitas vezes é a própria tecnologia que afasta as crianças da atividade física. Nesse caso, ela surgiu como uma maneira de mostrar que elas também não podem ficar o tempo todo na frente do computador ou dos aparelhos tecnológicos

Para ser implementado em escolas brasileiras, Braga explica que o programa contou com algumas adaptações. Desde o óbvio, que foram as traduções dos conteúdos para o português, até a readaptação de materiais para o contexto local. “A primeira versão tinha aventuras pelo mapa da Europa, mas a gente não queria trazer uma educação eurocêntrica. Sempre estudamos muito mais a Europa do que América Latina [na escola]”, conta, ao mencionar que foram criados conteúdos sobre cidades do Brasil e de outros países da América do Sul.

A versão brasileira também traz conteúdos e técnicas de cultura de paz. Em uma viagem pela cidade de Foz do Iguaçu (PR), por exemplo, além da turma conhecer mais sobre as Cataratas do Iguaçu e esportes radicais populares na região, também são apresentadas técnicas de meditação para relaxar, combater o estresse, promover o autoconhecimento e melhorar a concentração.

Enquanto as atividades mostram diferentes culturas e colaboram para aquisição de hábitos saudáveis, experiências finlandesas e pesquisas também demostram que o movimento ajuda a melhorar a atenção dos alunos e a capacidade de aprendizagem. “Pessoas mais ativas podem ter uma capacidade de aprendizagem maior também”, afirma o coordenador do programa no Brasil.

Movimento nas redes
Qualquer escola ou professor interessado pode fazer um cadastro gratuito para utilizar a plataforma, mas a equipe do Muuvit também tem investido no fortalecimento de parcerias com secretarias de educação para ampliar o alcance. Já participam redes de cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Desde o ano passado, quase todas as escolas da rede municipal de educação de Pinhais (PR) começaram a trabalhar o programa com as suas turmas de quarto ano. Para a professora Márcia Correa Galindo, gerente de integração de tecnologia educacional da Secretaria Municipal de Educação de Pinhais, o que chamou atenção no programa foi a possiblidade de não deixar os alunos apenas no virtual, mas também estimular o movimento. “Muitas vezes é a própria tecnologia que afasta as crianças da atividade física. Nesse caso, ela surgiu como uma maneira de mostrar que elas também não podem ficar o tempo todo na frente do computador ou dos aparelhos tecnológicos”, conta.

De acordo com ela, o ganho das atividades já tem sido observado por alguns professores, que estão desenvolvendo as atividades de forma integrada ao currículo escolar. “Eles relatam que as crianças estão tendo mais consciência dessa corporeidade delas. Você não precisa correr uma maratona para fazer atividade física”, diz.


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ensino fundamental, tecnologia

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