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Inovações em Educação

Projetos aproximam escolas de Salvador de seu entorno

Iniciativas do Bairro-Escola Rio Vermelho proporcionam aos estudantes um aprendizado mais integrado com a comunidade

por Fernanda Kalena ilustração relógio 23 de dezembro de 2014

O Bairro-Escola Rio Vermelho completou dois anos neste mês de dezembro e tem muitos motivos para comemorar. O programa desenvolve projetos de educação integral promovendo a articulação comunitária para ampliar as oportunidades educativas do bairro, localizado na orla de Salvador, e já soma 200 parceiros entre organizações, artistas, escolas, lideranças locais, empresários e faculdades.

“O bairro-escola fez com que a gente não pensasse só no espaço da escola, nos muros da instituição, mas nas ruas e nos outros locais públicos como espaços para aprender, onde nossos alunos podem ter contato com conteúdos reais, da vida prática deles”, conta Josiene Amaral, professora da APADA (Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos).

São inúmeras as possibilidades que bairros e cidades oferecem quando o aprendizado ultrapassa os muros das escolas para se tornar mais significativo, tanto para os estudantes, quanto para os educadores. “Não queremos ter aula somente na sala, queremos sair, explorar o nosso bairro que tem muita coisa legal. Queremos fazer uma leitura na praça ao ar livre, aprender matemática na colônia dos pescadores, ciências na praia, na casa de Jorge Amado, e aproveitar tudo que o bairro nos oferece”, argumenta Caroline Xavier, estudante do colégio estadual Euricles de Matos.

Pablo Vieira Florentino, doutorando em urbanismo e professor do IFBA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia), acredita que aproximar os estudantes de sua comunidade permite que eles criem uma relação de pertencimento com o local. “É desenvolvido um carinho e eles se sentem confortáveis por estar ali. Nesse sentido, o bairro-escola é fundamental pois está plantando essas sementes”.

O projeto já apoiou 10 ações educativas em espaços públicos do bairro e mobilizou oito mil pessoas em eventos como o Festival da Primavera, realizado em setembro, no primeiro final de semana da estação. Toda a programação teve a participação de alunos, com apresentações de teatro, dança, música e artes marciais (leia mais aqui).

Em outra atividade marcante, realizada em abril, estudantes da Escola Municipal Ana Nery prestaram homenagem ao cantor e compositor Dorival Caymmi (1914-2008), um antigo morador do bairro, que completaria cem anos. As apresentações de teatro e de coral foram organizadas pela professora de música Florisbela Carvalho, que elogia a integração entre alunos a comunidade. “Eles fizeram uma pesquisa com os moradores para entender melhor quem era Dorival e coletar o que as pessoas sabem dele. Ao final, a apresentação na praça para a comunidade foi emocionante e todos aplaudiram de pé”, relembra a educadora.

Outro projeto que se aproximou do bairro-escola é o Canteiros Coletivos, um grupo de moradores de Salvador que aposta na gestão participativa das áreas urbanas para recuperar áreas verdes públicas abandonadas. Para isso, oferece oficinas de jardinagem e de intervenção artística a estudantes e integrantes da comunidade. “As escolas, além de saírem dos muros e fazerem uma atividade prática, começam a trabalhar a questão da gestão participativa, e com isso, as crianças percebem desde novas que a opinião delas é importante para a modificação da cidade”, argumenta Débora Didonê, do Canteiros Coletivos.

Também está em funcionamento o projeto Merenda com o Chef, que reúne chefs de cozinha locais e merendeiras da rede pública de ensino para pensar e implementar ideias para tornar mais saudável o lanche servido aos estudantes (leia mais aqui). Além de ajudar as merendeiras a montar um cardápio balanceado, os chefs também recebem os alunos em seus estabelecimentos, como aconteceu em outubro com estudantes dos Colégios Estaduais Alfredo Magalhães e Euricles de Matos. Eles  tiveram a chance de ter uma aula diferente ao passar uma tarde no restaurante Casa de Tereza, da chef Tereza Paim, que mostrou a eles como funciona um restaurante, sua cozinha e os cuidados que devem ser tomados com os alimentos.

Para a coordenadora de projetos da Cipó – Comunicação Interativa, Fernanda Colaço, iniciativas como essa são importantes para valorizar a cultura local. “Falar de território para o bairro-escola Rio Vermelho significa reconhecer e valorizar todo o potencial que existe nesse espaço, seja esse potencial artístico, cultural, histórico, social ou religioso”.

Com exemplos como esses, o projeto Bairro-Escola Rio Vermelho tem se tornado um catalizador de apoios para que escolas se apropriem das oportunidades educativas que existem em seus entornos e proporcionem aos estudantes um aprendizado mais integrado com a comunidade que vivem.


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educação integral, uso do território

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