Como promover a aprendizagem ativa durante a quarentena - PORVIR
Crédito: DrAfter123 / iStockPhoto

Coronavírus

Como promover a aprendizagem ativa durante a quarentena

Metodologia centrada no estudante também pode ser colocada em prática no período de isolamento social

Parceria com CLOE

por Marina Lopes ilustração relógio 29 de abril de 2020

Com a suspensão das aulas para conter a disseminação do coronavírus (COVID-19), professores de todo o país se viram desafiados a transferir atividades para o ambiente virtual. Nesse processo, além de se apropriarem de novas ferramentas, também surge uma questão ainda mais complexa: como engajar os estudantes do outro lado da tela? Assim como já acontece no presencial, a aprendizagem ativa pode ser o caminho para envolver crianças e adolescentes em uma experiência significativa.

A ciência da aprendizagem já demonstrou por meio de estudos que o engajamento é fundamental para a retenção de conhecimento, seja no ambiente presencial ou virtual. No livro “The Fourth Education Revolution” (A Quarta Revolução da Educação, em livre tradução), o educador britânico Anthony Seldon apontou que quando os estudantes desempenham um papel ativo e dinâmico, eles conseguem lembrar e transferir aprendizagens no longo prazo, trazendo sentido e aplicação para o processo de aprendizagem.

Para trazer referências de como levar essa metodologia para a sala de aula ou para a casa dos estudantes, o Porvir dá início hoje a uma nova seção em parceria com a CLOE, plataforma digital de aprendizagem ativa criada pela Camino Education.

Diferente de uma aula expositiva, a aprendizagem ativa é uma metodologia que envolve o estudante no processo de construção do conhecimento. “Ela contextualiza e considera tudo o que o estudante traz”, aponta a educadora Leticia Lyle, sócia fundadora da Camino Education.

De acordo com ela, isso não significa banir completamente do trabalho uma atividade tradicional ou a aplicação de uma prova. No entanto, ao optar por essa metodologia, o professor constrói uma trilha de aprendizagem que combina práticas diversas. Entre elas, dramatizações, estudos de caso, projetos, ensino entre pares, debates e discussões em classe. “Cada um vai incorporando elementos a partir do seu conhecimento, da sua história e do seu momento.”

Em um período de distanciamento social, no qual os professores estão desenvolvendo aulas remotas, Leticia diz que também é possível acessar os estudantes de outras formas, que não sejam apenas por meios instrucionais. Apesar das videoaulas terem sido apresentadas como uma solução imediatista durante a pandemia, com o passar do tempo os educadores perceberam que a criança e o adolescente poderiam simplesmente desligar o aparelho e ir embora. E ao contrário do que se pensa, esse também é um comportamento que acontece na sala de aula, já que a exposição do conteúdo não garante que o aluno aprendeu. “A chave de nós conseguirmos nos reinventar, tanto no presencial quanto a distância, é entender que a aprendizagem acontece no estudante”, reforça.

Preocupado com essa questão, o professor de geografia Marcos Antonio Tenório, da Escola Estadual Professor Furtado de Mendonça, em Cachoeira de Minas ( MG), começou a buscar referências para adaptar suas aulas e criar atividades a distância que pudessem envolver os alunos no estudo da cartografia. Para isso, ele utilizou a metodologia do planejamento reverso, que parte do objetivo a ser atingido para depois definir a sequência de aprendizagem.

“O planejamento reverso é uma coisa muito nova para nós da escola pública”, conta o educador. Para atingir seus objetivos, por exemplo, ele fez uma sequência de três aulas que incorpora atividades como a gravação de um podcast, o uso de formulários de avaliação e a construção de um mapa que representa o caminho que o estudante percorre de casa até a escola. O plano será colocado em prática a partir da próxima semana, quando retornam as aulas da sua escola no formato online.

Em um colégio privado de São Paulo (SP), a professora Carina Pontes Santana da Silva também decidiu apostar na aprendizagem ativa para se aproximar dos seus alunos durante a quarentena. Para trabalhar com uma turma do quarto ano do ensino fundamental, ela optou pela metodologia da sala de aula invertida, em que o aluno primeiro interage com os conteúdos enviados e depois participa da aula para discutir com o professor e os colegas.

Ela conta que o colégio onde trabalha optou por antecipar o recesso escolar para que os professores tivessem tempo de se planejar. Nesse período, ela fez cursos e buscou referências de atividades diversas que poderiam ser desenvolvidas com os alunos. “Eu pensei muito em utilizar a sala de aula invertida, mas também trazer outras estratégias, como memorização prolongada, que acontece quando o aluno relaciona diferentes imagens com o que ele acabou de aprender”, exemplifica.

Para apoiar esse processo, a professora também vai trabalhar com a plataforma CLOE, que já era utilizada de forma presencial no seu colégio. Com ela, por meio de Expedições, os alunos desenvolvem competências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e aprendem conteúdos de diferentes disciplinas enquanto desenvolvem projetos, colaboram entre si e usam a criatividade para resolver problemas. “Ela potencializa a aprendizagem ativa através da reflexão e também da mão na massa. Além de aprender e refletir, os alunos são incentivados a colocar em prática tudo aquilo que nós passamos”, destaca Carina.

Com base nas estratégias apresentadas durante o curso “Aprendizagem Ativa”, da Camino Education, confira algumas dicas de outras atividades para promover a aprendizagem ativa durante a quarentena:

Bilhete de saída
Estimule que os alunos respondam perguntas ou façam uma atividade de reflexão ao término de cada aula.

Termômetro das emoções
Construa um termômetro com a representação de um conjunto de emoções e sentimentos e estratégias para lidar com eles.

Práticas de atenção plena
Separe pequenos momentos para que os alunos possam respirar e se concentrar nos seus pensamentos e sentimentos.

Levantamento de conhecimentos prévios
Converse com os alunos antes de começar a aula sobre o que eles já sabem do assunto.

Avaliação em pares
Peça para os alunos avaliarem os trabalhos dos seus colegas.

Autoavaliação
Desenvolva um exercício reflexivo para o aluno avaliar o seu processo de ensino e aprendizagem.

*** Durante o período de fechamento das escolas, a CLOE disponibilizou um programa gratuito de aprendizagem ativa com atividades que podem ser desenvolvidas em casa. A plataforma também oferece um curso de formação desenvolvido pela Camino Education em parceria com o Teachers College, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, para apoiar os professores que desejam se aprofundar na metodologia.

Quer saber mais sobre aprendizagem ativa?
Clique e acesse

CLOE

TAGS

aprendizagem ativa, aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem colaborativa, competências para o século 21, coronavírus, educação mão na massa

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

11 Comentários
Mais antigos
Mais recentes Mais votados
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
11
0
É a sua vez de comentar!x