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Inovações em Educação

Curso forma empreendedores sociais no Quênia

Instituto Amani vai selecionar alunos do mundo inteiro; inscrições estão abertas para aulas que acontecem entre junho e agosto

por Vagner de Alencar ilustração relógio 18 de fevereiro de 2013

Universidades americanas, inglesas e europeias, muitas vezes, são a primeira opção no radar de estudantes do mundo inteiro, que desejam continuar seus estudos. Mas uma instituição na África pode ser uma boa opção para os interessados em aprender sobre empreendedorismo social. O Amani Institute, em Nairóbi – capital do Quênia, na África – , desde 2011 vem oferecendo cursos com foco em empreendedorismo como uma forma de preencher a lacuna entre a universidade e o mercado de trabalho por meio de novas abordagens para o ensino superior. O mais recente deles, inclusive com inscrições abertas, é o Social Entrepreneurship and Peacebuilding (Empreendedorismo Social e Construção da Paz, em tradução livre). Durante dois meses, cerca de 15 participantes vão aprender, em um ambiente totalmente imersivo, como idealizar e elaborar, em parceria com organizações locais, soluções para problemas enfrentados pelas comunidades.

A formação, que é paga (US$ 8 mil), será interligada em três eixos: aulas práticas, por meio de estágios nas organizações; desenvolvimento de habilidades empreendedoras, a partir de oficinas específicas; e a prática reflexiva, ou seja, a integração entre as duas primeiras. No entanto, para aqueles que não puderem pagar pelo curso, serão oferecidas bolsas conforme as condições econômicas de cada participante. Para se candidatar, é preciso estar ao menos na graduação ou ter, no mínimo, dois anos de experiência em empreendedorismo social, construção da paz ou desenvolvimento internacional. O curso será realizado entre 15 de junho a 15 de agosto na capital queniana e os participantes – que precisam dominar o idioma inglês – serão selecionados por meio de análise de currículo e entrevistas via Skype.

PROMA / Fotolia.com

“Queremos uma turma pequena para dar conta de um aprendizado personalizado. Quando o programa encerrar, vamos oferecer também mentoria por um ano, além de ajudar os estudantes a montar seu próprio negócio social ou encaminhá-los a diferentes organizações sociais. Já temos um elenco de organizações de olho nos nossos graduandos”, afirma Ilaina Rabbat, cofundadora do Amani Institute.

“Queremos ensinar os estudantes o aprender fazendo e não dentro de uma sala de aula. Que eles tenham contato com a realidade, que possam ver os problemas de perto e conversem diretamente com os atores reais.”

De acordo com Ilaina, que é argentina, a escolha pelo Quênia e não pelo seu país de origem ou a Índia – onde nasceu o cofundador Roshan Paul – é “para que os participantes saiam de suas zonas de conforto” e aprendam onde a “ação” realmente acontece. “O intuito é ensinar os estudantes a aprender fazendo, não dentro de uma sala de aula. Que tenham contato com a realidade para que sejam capazes de ver os problemas de perto e conversar diretamente com os atores reais”, afirma. Além disso, completa, a experiência no país africano vai permitir que desenvolvam outras habilidades, como empatia e comunicação intercultural. “Dentro de uma universidade ou em zonas de conforto eles não conseguiriam desenvolvê-las”, completa.

Mão na massa

Nas aulas práticas – conhecidas também como aprendizagem experiencial – os alunos vão passar por estágios em organizações locais por meio de atividades como pesquisas de campo, interações com as comunidades, entrevistas e até mesmo o uso do design thinking como ferramenta para a resolução de problemas.

Paralelamente, os estudantes também vão participar de oficinas específicas sobre a prática do empreendedorismo social e sobre jovens em situação de conflito. Durante os workshops, os empreendedores sociais vão aprender a trabalhar com e para os adolescentes e, sobretudo, como construir e desenvolver parcerias entre instituições de ensino, empresários, mídia, governo e juventude.

Já em outra oficina, com foco na contação de histórias, os alunos vão produzir narrativas como forma mostrar suas experiências ao longo do curso e como metodologia para estimular o espirito de liderança. “Contar histórias é considerada uma habilidade importante para os futuros líderes. Ao longo da história, os melhores líderes foram aqueles capazes de usar o poder da narrativa para unir as pessoas e atraí-las para enfrentar os desafios”, diz.

“Aqui no Quênia, onde estamos, a cultura e idioma são totalmente diferentes. Para mim, estar aqui é uma experiência incrível, que recomendo a qualquer pessoa que queria crescer interiormente e profissionalmente.”

Por fim, o terceiro eixo do programa será formado pela integração entre a aprendizagem experiencial e as oficinas. De acordo com Ila, a ideia é realizar a “prática reflexiva”, ou seja, permitir que os alunos identifiquem a relação teoria e prática.

“A prática reflexiva é um elemento essencial da aprendizagem e deve ser realizada antes, durante e depois das experiências de campo, como um pré e pós-Quênia”, afirma ela, que desde os 15 anos está envolvida com iniciativas sociais em diferentes países do mundo. “Aqui no Quênia, onde estamos, a cultura e idioma são totalmente diferentes. Para mim, estar aqui é uma experiência incrível, que recomendo a qualquer pessoa que queria crescer interiormente e profissionalmente”.

E-learning

Além das formações imersivas, no último semestre, o instituto lançou o seu primeiro curso on-line. Em parceria com a Tech Change, a plataforma de e-learning especializada em capacitação para mudança social, foi realizado em outubro de 2012 o curso Technology, Innovation and Social Entrepreneurship (Empreendedorismo Tecnologia e Inovação Social, em tradução livre), certificado pelo Changemakers da Ashoka, comunidade global on-line que incentiva e apoia indivíduos com foco na mudança social. No curso, que custou em média US$ 500, foram matriculados 30 alunos de mais de 10 países ao redor do mundo.


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