Eixo 1
Sensibilização de lideranças
Identificação das pessoas que exercem forte influência no território e convite para que participem de articulação voltada à promoção da educação integral.
saiba mais
Eixo 2
Comunicação e Mobilização
Definição de estratégias e ferramentas por meio das quais a comunidade local será permanentemente informada, mobilizada e convocada a contribuir com a iniciativa.
saiba mais
Eixo 3
Diagnóstico participativo
Levantamento de dados e escuta ativa e sensível da população para reconhecimento dos desafios e do potencial educativo do território.
saiba mais
Eixo 4
Governança
Definição das instâncias de participação e organização dos fluxos de tomada de decisão, com fortalecimento constante da legitimidade, capacidade e autonomia do território para conduzir suas próprias articulações em prol da educação integral.
saiba mais
Eixo 5
Planejamento
Elaboração conjunta do Plano de Educação Integral do Território, documento integrador e sistêmico que estrutura e articula as ações individuais, institucionais e intersetoriais voltadas a promover o desenvolvimento integral dos estudantes.
saiba mais
Eixo 6
Formação
Oferta de conjunto diversificado de atividades formativas para desenvolver a capacidade da comunidade local de implementar o Plano de Educação Integral do Território, superando os desafios diagnosticados e garantindo o desenvolvimento integral dos estudantes.
saiba mais
Eixo 7
Acompanhamento e avaliação
Implantação de um sistema permanente de acompanhamento do Plano de Educação Integral do Território, com avaliação periódica de metas e aprimoramento das estratégias e ações planejadas sempre que necessário.
saiba mais
Eixo 8
Institucionalização
Construção coletiva das condições técnicas, jurídicas, políticas e financeiras para assegurar a sustentabilidade da iniciativa.
saiba mais
O diagnóstico participativo envolve o mapeamento da realidade educacional local com a colaboração da própria comunidade. O processo coleta os principais dados oficiais relacionados às redes de educação, às escolas, à aprendizagem, à situação e ao desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens do território. As informações são complementadas com a escuta da percepção das pessoas, seus testemunhos e histórias de vida. A participação dos agentes locais contribui para que se possa entender as causas e consequências das estatísticas e como estas se manifestam no cotidiano. As evidências são ainda utilizadas para confrontar o senso comum, de forma a desconstruir mitos, revelar o que permanece desconhecido e respaldar o que já se sabe.
Quanto mais se sabe sobre o território e seus agentes, maior a chance de êxito no engajamento da comunidade pela educação integral. O diagnóstico expande o conhecimento e reconhecimento da realidade, subsidiando a tomada de decisão sobre o que precisa ser priorizado, conquistado, aprimorado ou eliminado em relação ao contexto educacional. Ou seja, ao identificar seus problemas, obstáculos e possibilidades, a comunidade entende melhor como pode ampliar e qualificar as oportunidades educativas oferecidas aos estudantes.
A realização de um diagnóstico de caráter participativo também intensifica a interação entre os agentes locais, ao demandar que se organizem e se articulem para executar sua primeira tarefa em conjunto. Inicia-se assim a constituição de uma rede de colaboração, que passa a se apropriar coletivamente tanto dos desafios educacionais do território, quanto da responsabilidade por sua solução.
Vale lembrar ainda que o diagnóstico é o ponto de partida para a elaboração do Plano de Educação Integral do Território, assegurando maior consistência no planejamento para que responda às demandas concretas e potencialize as forças locais.
Todos os segmentos do território devem colaborar com o diagnóstico participativo. Quanto mais plural forem as vozes escutadas, maior será a legitimidade e o alcance do mapeamento. O resultado também será mais completo e detalhado, uma vez que incluirá diferentes perspectivas e realidades. Nesse caso, novos olhares podem ser decisivos para a identificação de problemas e a viabilização de alternativas para solucioná-los.
Assim sendo, a rede de pessoas mobilizadas durante a sensibilização de lideranças precisa expandir-se consideravelmente ao longo dessa etapa do processo, contando para isso com a força das ações de comunicação e mobilização.
No âmbito do poder público, é fundamental envolver representantes de órgãos relacionados às áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, esporte, trabalho, garantia de direitos e segurança, que dispõem de dados imprescindíveis sobre a realidade da educação integral e das crianças, adolescentes e jovens do território.
No caso da comunidade escolar, faz-se necessário ouvir diretores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários e familiares. Também é imprescindível escutar os estudantes dos diferentes segmentos e modalidades de ensino, incluindo alunos de diversas faixas etárias, de várias regiões geográficas e condições socioeconômicas, com e sem deficiência, do diurno e do noturno, do regular, do tempo integral e da Educação de Jovens e Adultos, com bom desempenho acadêmico ou problemas de fluxo e reprovação.
A sociedade civil também deve ser ouvida por meio de suas lideranças comunitárias, incluindo representantes de associações de moradores, organizações sociais, culturais, ambientais e religiosas, grupos de profissionais, de mulheres e de jovens, entre outros.
A etapa do diagnóstico pode incluir seis etapas:
1. Planejamento: Formação de grupo de trabalho, realização de consultas e reuniões para definir o roteiro do diagnóstico (indicadores, dados, percepções e depoimentos a serem levantados), o processo de desenvolvimento (ações, prazos e responsáveis), e os produtos a serem utilizados para registrar, organizar e compartilhar os resultados coletados (relatório, apresentação, folheto, vídeo).
2. Dados Oficiais: Coleta de índices relativos a áreas como educação, saúde, assistência, cultura, esporte, lazer, direitos, segurança, acesso às tecnologias, formação e inserção profissional, recortados por faixa etária, gênero, raça e etnia, renda, entre outros indicadores socioeconômicos.
3. Mapeamento de Ativos: Identificação das escolas e dos equipamentos públicos existentes no território que podem contribuir com o processo de educação integral dos estudantes. Levantamento de suas condições em termos de equipe, infraestrutura, atividades e funcionamento.
4. Escuta: Realização de entrevistas e rodas de conversa estruturadas com representantes da comunidade escolar, da sociedade civil e do poder público, para identificar o que eles pensam sobre a educação no território, pontos positivos e negativos, sonhos e propostas.
5. Registro e Validação: Organização inicial dos dados coletados, discussão e análise pelo grupo de trabalho, construção de produtos claros e objetivos para compartilhamento de resultados, validação junto a participantes estratégicos da iniciativa.
6. Devolutiva: Partilha dos resultados do diagnóstico em evento público que reúna o maior número possível de interessados, com apresentação de estatísticas e percepções mais relevantes, debate e definição conjunta de prioridades.
No Rio Vermelho, nós realizamos o diagnóstico em três etapas. Em princípio, queríamos conhecer melhor o território e a comunidade local. Para tanto, realizamos entrevistas presenciais com gestores escolares e lideranças do bairro, como dirigentes de associações, empresários, artistas, moradores antigos e representantes de instituições religiosas.
As entrevistas tiveram o tom informal de uma conversa, na qual fazíamos perguntas sobre as instituições de ensino, a realidade local, as demandas e oportunidades educativas da região, apresentávamos a proposta do Bairro-Escola, questionávamos se havia interesse do entrevistado em se engajar e como poderia contribuir com a iniciativa, e solicitávamos que nos indicasse outras dez pessoas para integrar a articulação.
Como segundo passo, contratamos uma consultora para levantar dados secundários, incluindo índices educacionais, além de outros indicadores sobre o território e a situação de suas crianças, adolescentes e jovens. As informações coletadas tinham natureza quantitativa e qualitativa e seus resultados foram apresentados em reuniões com a comunidade.
O terceiro momento envolveu os agentes locais, mais especificamente os estudantes, que receberam formação do Instituto Paulo Montenegro em técnicas de pesquisa de percepção. Junto com os formadores, elaboraram e aplicaram questionários, tabularam dados, elaboraram produtos e compartilharam resultados. O processo foi apoiado por professores, que atuaram como facilitadores do trabalho realizado pelos jovens.
O Diagnóstico Educacional de São Miguel dos Campos compreendeu seis etapas, que contaram com a parceria do Instituto Camargo Corrêa, do Vetor Brasil e da Avante – Educação e Mobilização Social.
O Vetor Brasil realizou a coleta de dados secundários e a análise dos indicadores educacionais do município, como matrículas, atendimento, IDEB, rendimento, proficiência, alfabetização e distorção idade-série. Essas informações foram comparadas com os mesmos indicadores em âmbito estadual e nacional.
Coube ao Instituto Camargo Corrêa – que já tinha experiência no tema graças ao programa Escola Ideal – a aplicação de extenso questionário nas creches e escolas públicas do municípios. O instrumento foi estruturado em seis grandes dimensões: desempenho escolar; gestão escolar; políticas públicas e práticas pedagógicas; profissionalização da educação; condições de ensino e ambiente educativo. Os diretores foram orientados a preencher os formulários da forma mais participativa possível.
A Avante realizou uma série de levantamentos, começando por uma análise documental e entrevistas semiestruturadas para compreender o funcionamento da Secretaria Municipal de Educação: de que forma seus gestores acessavam recursos; que desafios encontravam; de que políticas e programas participavam; como acontecia a formação de professores e da equipe técnica; como era a relação com outras secretarias, escolas, sindicatos e conselhos.
Também promoveu grupos focais e visitas de observação às creches e escolas, interagindo diretamente com 85 pessoas, entre diretores, coordenadores pedagógicos, professores, estudantes, familiares e representantes da comunidade. As conversas realizadas permitiram que a comunidade trouxesse sua percepção sobre a qualidade da educação oferecida e refletisse sobre as políticas públicas voltadas para a infância e juventude. Ao final do processo, a Avante também mapeou os espaços educativos e culturais da cidade.
A devolutiva desse amplo diagnóstico, foi apresentada em dezembro de 2013, no I Fórum de Educação de São Miguel dos Campos, que reuniu mais de 100 representantes de diferentes segmentos do município.