Estudantes vão a campo e avaliam planta capaz de tratar água na zona rural - PORVIR
Crédito: Luis Echeverri Urrea / Fotolia.com

Diário de Inovações

Estudantes vão a campo e avaliam planta capaz de tratar água na zona rural

Após discussões na aula de biologia, a turma foi incentivada a começar uma investigação científica sobre os usos da Moringa Oleífera

por Ayanda Ferreira Nascimento Lima ilustração relógio 26 de abril de 2017

Como professora de biologia no ensino médio, percebi que os meus alunos gostavam muito de fazer atividades práticas. A partir do interesse deles, começamos a fazer um projeto de investigação científica para encontrar maneiras de tratar a água em propriedades da zona rural.

O tema do projeto surgiu durante conversas na aula de biologia. No começo do segundo ano, trabalhamos conteúdos relacionados ao Reino Monera, que é formado pelas bactérias e cianobactérias. Quando eu explico esse tema para os alunos, também procuro falar de problemas causadas por bactérias. Em uma roda de conversa, enquanto falávamos sobre alguns sintomas de doenças, a turma questionou se isso não poderia estar associado à ingestão de água contaminada.

Começamos a discutir a relação entre as doenças e a fonte de água utilizada na zona rural, onde moravam muitos alunos. Nesse momento, um aluno comentou que tinha lido em uma revista sobre uma planta capaz de purificar a água. Eu fiquei muito interessada e pedi para ele trazer esse material na próxima aula.

Quando fizemos a leitura do artigo, descobrimos que a Moringa Oleífera poderia ser utilizada para diversos fins, inclusive o tratamento de água. Foi aí que os alunos perguntaram se não poderíamos fazer um teste na escola. Ainda não tínhamos muita noção, mas escolhemos uma metodologia e começamos a nossa investigação.

Decidimos fazer um teste com cisternas da zona rural porque os alunos já tinham relatado ocorrências nesses locais. Eu aproveitei o interesse deles pelas propriedades da Moringa e também trabalhei conteúdos do Reino Plantae, que iríamos estudar nas próximas aulas.

Na hora de começar a pesquisa, tivemos algumas dificuldades financeiras. Para detectar as bactérias na água, seria preciso comprar um pó, responsável por emitir uma coloração que identificava a presença ou ausência de microrganismos. Depois de algumas buscas, verificamos que ele era vendido pela internet.

Como não tínhamos verba, compramos apenas cinco frascos. Usamos a estufa do laboratório de ciências e improvisamos uma cabine com luz ultravioleta. Utilizamos um grupo de controle e trabalhamos com uma amostra legal. Os alunos fizeram visitas em propriedades rurais e conseguiram detectar a presença de bactérias em uma das cisternas. Eles até fizeram uma entrevista com o morador da propriedade e questionaram se ele conhecia as propriedades da Moringa.

No começo, os alunos da zona rural estavam mais engajados, mas aos poucos todos se envolveram com a atividade. Durante todo o projeto, eu procurava direcionar os alunos para uma iniciação científica.

De uma discussão na aula de biologia, os alunos passaram a se interessar pelo assunto. Eles foram atrás da planta, começaram a fazer pesquisas no laboratório e saíram a campo para visitar propriedades na zona rural. Quando apresentamos esse trabalho na feira de ciências da escola, percebi que a turma já estava muito envolvida. Com esse projeto, também fomos vencedores do prêmio “Respostas para o Amanhã”, realizado pela Samsung.

Foi mágico ver como o interesse deles pela disciplina aumentou. A sala evoluiu muito depois dessa atividade. Eles passaram a questionar e pedir mais atividades práticas. Conseguiram vivenciar o que estava escrito no livro didático e cresceram muito.


Ayanda Ferreira Nascimento Lima

Doutoranda em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde (ILES/ULBRA), Mestre em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde (ILES/ULBRA), especialista em Ensino de Ciências da Natureza - Universidade de Brasília (UNB) e graduada em Ciências Biológicas (ILES/ULBRA). Atualmente é professora nível IV efetiva pela Secretaria Estadual de Educação e no Ensino Superior ILES/ULBRA. Tem experiência em Ensino Superior, Médio e Fundamental, atuando principalmente na disciplinas de Ciências (6º ao 9º ano), Biologia (1ª, 2ª e 3ª série) e disciplinas dos Cursos de Gestão Ambiental, Agronomia e Ciências Biológicas.

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ciências, educação mão na massa, ensino médio

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