Jamaicana que luta por acesso de imigrantes à universidade vence 'Nobel da Educação' - PORVIR
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Inovações em Educação

Jamaicana que luta por acesso de imigrantes à universidade vence ‘Nobel da Educação’

Keishia Thorpe, que atua em escola de ensino médio nos Estados Unidos, ganha o Global Teacher Prize e leva US$ 1 milhão

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 10 de novembro de 2021

A professora jamaicana Keishia Thorpe, que leciona em uma escola de ensino médio no estado de Maryland, nos Estados Unidos, é a vencedora da edição de 2021 do Global Teacher Prize. O prêmio concedido pela Varkey Foundation em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é considerado o “Nobel da Educação” e se destaca por reconhecer o trabalho de professores em todo o mundo.

“A educação é um direito humano e todas as crianças devem ter o direito de ter acesso a ela. Este reconhecimento não é apenas sobre mim, mas sobre todos os ‘dreamers’ (sonhadores, em inglês. Termo também faz referência aos filhos de imigrantes que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças) que trabalham tanto e ousam sonhar em acabar com a pobreza geracional”, disse a professora após a cerimônia.

Professora há 17 anos, Keishia ensina inglês para alunos do último ano do ensino médio que estão aprendendo inglês na International High School Langley Park, em Bladensburg. Na instituição, mais de 85% dos estudantes têm origem hispânica e 95% são de baixa renda. O foco de seu trabalho é fazer com que cada um se sinta preparado para a universidade.

E sua história lembra muito a dos estudantes. Criada pela avó, Keishia descobriu o amor pelo atletismo quando ainda estava no ensino médio, após ganhar um par de sapatilhas de corrida da corredora olímpica jamaicana Vilma Charlton, que disputou a Olimpíada de 1968, realizada na Cidade do México (México). O sucesso nas pistas de corrida rendeu tanto a Keishia quanto a sua irmã Tresha Borris bolsas de estudo para a Howard University, em Washington, na capital dos Estados Unidos.

Com uma mentalidade de crescimento, ela se formou como a primeira da classe. Em seu tempo livre, engajou-se como tutora voluntária ao ver que estudantes negros eram sub-representados e suas escolas quase sempre recebiam menos investimento público. Diante de um contexto de injustiça no qual metade dos estudantes são de diferentes raças e etnias e 87% do corpo docente dos EUA é identificado como branco, Keishia decidiu se tornar professora.

Além de oferecer caminhos de carreira que mudam a vida de seus próprios alunos, Keishia também atua como mentora de futuros professores, desenhando e compartilhando as melhores experiências didáticas com sua equipe e a comunidade de aprendizagem local.

Keishia também atua junto a sindicatos e estimula que docentes mergulhem na pesquisa para resolver problemas de suas comunidades, bem como melhorar a qualidade da aprendizagem.

Como acontece com outros vencedores do Global Teacher Prize, o trabalho de Keishia vai além da sala de aula. Ao lado da irmã, ela criou a US Elite International Track and Field, Inc., uma organização sem fins lucrativos que ajuda que alunos-atletas em situação de vulnerabilidade social tenham acesso a bolsas de estudo. Ela também é fundadora da Hope Beyond Distance Foundation e da Food4Change, um programa que oferece apoio social a imigrantes e suas famílias.


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Brasileiro entre os 50 finalistas

Em 2021, o professor de matemática Greiton Toledo ficou entre os 50 finalistas. Seu principal projeto, chamado Mattics, nasceu em 2015, com atividades de contraturno para turmas de ensino fundamental 2 da EMEF Irmã Catarina, em Senador Canedo (GO). Greiton passou a ensinar estrutura computacional por meio do Scratch e estimula o desenvolvimento do pensamento matemático dos alunos ao construir um jogo digital de forma problematizada.

Em relato para a seção Diário de Inovações, do Porvir, publicado em 2017, Greiton já se dizia “muito insatisfeito com modo tradicional de ensinar a disciplina”. No texto, o professor descreveu ainda o início do projeto Mattics, que agora lhe rendeu uma posição especial no Global Teacher Prize. “Percebi que as crianças também tinham curiosidade em saber como elas poderiam fazer seus próprios games. Pela minha experiência prática, sempre atento ao que os alunos querem, pensei em aproveitar esse interesse para ensinar matemática.”

Em 2020: Professor indiano conquista o ‘Nobel da Educação’ de 2020 e divide prêmio com finalistas
Em 2019: Peter Tabichi: Educação começa quando o professor acredita no aluno


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ensino médio, ensino superior, Global Teacher Prize, prêmios

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