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Universidade abole disciplinas em prol de projetos

Uniamérica, em Foz do Iguaçu, passa por reformulação, inverte a sala de aula e deixa de dividir as turmas por períodos

por Fernanda Kalena ilustração relógio 9 de abril de 2014

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Uma universidade sem divisão por séries e sem currículo organizado por disciplinas. Esse é o objetivo da Uniamérica, de Foz do Iguaçu (PR), que a partir deste ano começa a reestruturar seu projeto pedagógico com base nas metodologias de ensino baseado em projetos e sala de aula invertida. Para seu novo diretor, Ryon Braga, o objetivo é oferecer a o aluno um aprendizado ativo e, com isso, aproveitar melhor cada oportunidade de desenvolvimento que tem na universidade. “A primeira coisa que queríamos fazer era tirar a homogenia das aulas expositivas tradicionais. Esse modelo não é eficaz para fazer o aluno aprender. É muito passivo”, argumenta.

Segundo Braga, que antes de se tornar o mentor da reformulação da Uniamérica ficou conhecido no ensino superior por prestar consultorias com a Hoper, a busca por uma metodologia menos passiva de ensino e aprendizagem o fez optar pelo o ensino baseado em projetos. “Ao tirar a divisão por disciplinas, orientamos todas as competências necessárias através de projetos semestrais temáticos. O aluno escolhe um problema real de sua comunidade ou região para trabalhar os temas daquele período.”

As aulas expositivas também foram abolidas. Agora, os alunos estudam os conteúdos em casa, ou onde preferirem. São disponibilizados em uma plataforma on-line vídeos, textos e um conjunto de atividades às quais os estudantes devem se dedicar antes de ir para a aula. Essas atividades são de dois tipos: um primeiro de fixação e garantia de compreensão do conteúdo, e outro de problematização, que estimula a pesquisa e a transposição do conhecimento para problemas reais.

Com isso, o tempo em sala de aula é usado para que os temas sejam debatidos mais profundamente e também para a realização dos projetos do semestre. Assim, não há mais a necessidade de dividir os estudantes por séries ou períodos. “Se não temos mais aulas expositivas, não tem por que separá-los. Colocamos todos na mesma sala”, explica o diretor. E as atividades realizadas on-line são estruturadas para garantir a evolução dos conteúdos de cada carreira, ao passo que nos projetos esses conteúdos são colocados à prova de uma maneira menos linear – como provavelmente acontecerá durante a vida profissional.

Esse modelo estimula a troca, o construir juntos. Não tem problema algum o professor não saber responder a um questionamento do aluno, contanto que ele se predisponha a aprender, discutir e buscar a resposta junto com a turma

Cada aluno tem o seu mentor, um professor que o acompanha durante todos os anos da graduação em encontros semanais. “Esse momento é para [o professor] pensar sobre o projeto de vida dos estudantes e para fazer um acompanhamento do desenvolvimento das competências tanto cognitivas quanto socioemocionais”, explica Braga. No modelo da Uniamérica, as habilidades como empatia, liderança, e espírito colaborativo são trabalhadas como temas transversais que permeiam todas as atividades realizadas.

A mudança na universidade está acontecendo de forma gradual, uma vez que a universidade já existia, mas com outros donos e projeto pedagógico. Neste primeiro semestre de 2014, apenas os cursos de farmácia e ciências biológicas estão passando pela reestruturação. Ao entrar em um curso, alunos de todos os períodos passam a ter o currículo segundo essa nova abordagem. No semestre que vem, os cursos que passarão a ser desenvolvidos por projetos serão arquitetura e biomedicina. E a cada semestre, dois novos cursos vão passar pela mudança até todos os 16 cursos que a instituição oferece passem a vigorar com o novo modelo.

Para que a introdução desse modelo fosse possível, Braga conta que fez uma preparação com os professores no semestre passado. Cada um teve mais de 100 horas de formação para que conseguisse trabalhar como um mediador do conhecimento, e não mais como seu detentor. “Esse modelo estimula a troca, o construir juntos. Não tem problema algum o professor não saber responder a um questionamento do aluno, contanto que ele se predisponha a aprender, discutir e buscar a resposta junto com a turma”, afirma Braga, que ainda não conseguiu mobilizar todos os professores para a nova abordagem.

Braga apresentará a experiência da Uniamérica no Transformar 2014, evento organizado numa parceria entre o Inspirare, Fundação Lemann e Instituto Península.


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, ensino híbrido, ensino superior, sala de aula invertida, transformar

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