Universidade democrática troca aulas por experiências autônomas - PORVIR
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Inovações em Educação

Universidade democrática troca aulas por experiências autônomas

Sem provas ou currículo predefinido, Multiversidade propõe uma jornada de aprendizagem guiada por interesses dos estudantes

por Marina Lopes ilustração relógio 11 de abril de 2017

Imagine uma universidade sem aulas, provas ou currículo predefinido. Com a proposta sair da rota de aprendizagem tradicional, um grupo de adeptos da educação autônoma está em busca de participantes para a primeira turma da Multiversidade, uma comunidade que reúne pessoas interessadas em aprender a partir de seus desejos e necessidades.

A ideia de criar uma universidade democrática partiu do mineiro Alex Bretas, 25, da paraense Camila Farias, 31 e dos paulistas Jorge Leite, 35, Adriana Julião, 33, e Conrado Schlochauer, 45. O projeto teve início em 2016, como uma experiência piloto no programa Desaprender, que reuniu pessoas de 19 a 52 anos para aprenderem juntas ao longo de quatro meses.

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Nesse período, eles perceberam que seria necessário pensar em um percurso de aprendizagem mais duradouro. “As pessoas passavam por experiências transformadoras, mas notamos que elas ainda sentiam dificuldade na hora de tocar seus projetos e criar uma rotina de estudos”, contou Alex Bretas, 24, que passou dois anos desenvolvendo um projeto de doutorado informal sobre modelos inovadores de aprendizagem para adultos.

Para apoiar os participantes em uma jornada autônoma, a Multiversidade desenvolveu um modelo de aprendizagem composto por quatro etapas: exploração, desenho, investigação e entrega. Inspirado na Universidade Alternativa, da Romênia, e nas teorias do israelense Yaacov Hecht, um dos pioneiros do movimento da educação democrática, esse modelo prevê que cada estudante determine o seu tempo de permanência nos diferentes estágios.

Durante todo o percurso, os participantes irão explorar (primeira fase) diferentes áreas para escolher o seu foco de atuação. A partir daí, colocarão a mão na massa para desenhar (segunda fase) o seu projeto de aprendizagem e começarão a investigar (terceira fase) um tema que move a sua curiosidade. Por fim, todos irão entregar (quarta fase) os resultados do seu aprendizado e partilhar experiências com a comunidade. “É uma recusa a um caminho linear, tanto em termos de conhecimentos, quando em termos de experiências de vida”, explica Bretas.

Com base nos interesses dos participantes, a Multiversidade ainda irá oferecer imersões para explorar vivências, encontros quinzenais de planejamento dos percursos individuais, cursos e sessões de orientação em aprendizagem autodirigida. Desde o início, os estudantes ainda poderão ter contato com mentores de diferentes áreas do conhecimento.

“A aprendizagem autodirigida é para todas as pessoas que querem, mas tem uma característica fundamental nessa abordagem, que é a motivação intrínseca. Se a pessoa não tiver um propósito muito forte, que anima ela durante aquela jornada de aprendizagem, ela dificilmente vai conseguir manter a disciplina necessária”, mencionou Bretas, ao afirmar que qualquer pessoa, a partir de 16 anos, e disposta a aprender pode participar da Multiversidade.

As inscrições para a primeira turma, que irá acontecer em São Paulo, estão abertas até o dia 14 de abril. A contribuição mensal mínima para quem deseja participar da Multiversidade é de R$ 270, com o compromisso de permanência durante pelo menos 8 meses. Quem tiver interesse em começar o projeto em outras cidades, também pode entrar em contato pelo e-mail alex@multiversidade.org.


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