QUEM INSPIRA
Milton Santos é mais do que um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos. O conjunto de sua obra é amplamente estudado por universidades e centros de pesquisa de vários países.
É considerado revolucionário por alargar o horizonte da Geografia, que deixou de ser encarada como ciência natural, limitada a descrever aspectos físicos, para ser entendida como ciência humana.
Entendendo que conceitos emergem da dinâmica do mundo, Milton Santos é pioneiro ao partir do espaço geográfico para contextualizar as relações humanas nas áreas da cultura, da economia e da política.
E, por isso, foi o primeiro intelectual de um país subdesenvolvido a receber, em 1994, o prêmio Vautrin Lud, uma espécie de Prêmio Nobel da Geografia. Até hoje é o único latino-americano a obter a distinção.
Nasceu em 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Foi alfabetizado pelos pais professores. Formou-se em Direito nos anos 40 e concluiu o doutorado em Geografia na França, nos anos 1950.
Em 1964, com o Golpe Civil-Militar, teve que deixar o cargo de secretário de estado da Bahia e se exilar na Europa, tempo em que lecionou em algumas das mais importantes universidades do mundo.
Voltou ao Brasil em 1977 e seguiu com a carreira de professor universitário, sempre comprometido com as questões políticas e sociais de seu tempo até falecer em 2001, aos 75 anos.
Uma das principais características de sua obra é despertar a reflexão crítica e o olhar transversal para os problemas do mundo contemporâneo, como globalização, urbanização e exclusão social.
Ao pensar o mundo a partir da América Latina, traz a periferia ao centro para discutir hegemonia do poder político e econômico, as relações com a natureza e os problemas estruturais da sociedade.
No livro Por uma outra Globalização, ele aponta a perversidade das relações de poder e riqueza na contemporaneidade e nos convida a buscar um futuro mais humano, democrático e com justiça social.
Embora não tenha se colocado como porta-voz da luta antirracista, suas contribuições pavimentaram o reconhecimento público sobre a existência do racismo no Brasil e a da farsa da democracia racial.
Em seus pronunciamentos, costumava defender a educação como ponto de partida para a formação cidadã e uma pedagogia que fosse capaz de oferecer condições para uma vida solidária e com sentido.
A combinação entre visão crítica e esperançosa do mundo, o entrelaçamento de campos dos saberes e o alinhamento entre teoria e questões da vida real tornam sua obra indispensável para educadores.
Saiba mais! Assista ao Simpósio Milton Santos e a Educação, realizado em março de 2023 pela Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
Roteiro: Andressa Basílio Arte: Ronaldo Abreu Crédito de imagens: Site Milton Santos, Claudio Rossi/Divulgação Data de publicação: 07/06/2023