Ferramenta localiza pesquisadores que produzem conhecimento para a educação
Plataforma CpE facilita a visualização de dados de pesquisadores brasileiros com trabalhos que tenham interface ou aplicação na área de ensino e aprendizagem
por Marina Lopes 22 de novembro de 2016
Quem são os pesquisadores e cientistas brasileiros que produzem estudos em qualquer área da ciência que podem contribuir com o campo da educação? Para facilitar essa localização e aproximar pessoas de diversas áreas do conhecimento, a Rede CpE (Rede Nacional de Ciência para Educação) e o Instituto Ayrton Senna, com apoio da FAPERJ (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), lançaram a Plataforma CpE, que combina critérios de busca com base em informações extraídas da plataforma Lattes e do Banco de Teses e Dissertações da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Disponibilizada gratuitamente, a ferramenta quer incentivar a cooperação entre pesquisadores de todas as áreas que fazem interface com a educação. De acordo com Daniele Botaro, pesquisadora da rede, a ideia é que ela possa ser usada por qualquer pessoa para encontrar perfis acadêmicos, interagir com quem está pesquisando sobre o mesmo assunto ou até mesmo criar equipes multidisciplinares . “Você pode ver pessoas que são de dois mundos [da ciência e da educação], mas trabalham o mesmo assunto”, exemplifica.
A plataforma é resultado de um projeto que mapeou os perfis acadêmicos cadastrados nos acervos da Plataforma Lattes e do Banco de Teses e Dissertações da CAPES. Com apoio da ferramenta ScriptLattes, criada pelo professor Jesus Mena-Chalco, da Universidade Federal do ABC, foram compilados dados dos currículos de pesquisadores que trabalham em linhas de pesquisa que tenham interface ou aplicação na área de ensino e aprendizagem. A partir da busca por 337 palavras-chave, foram identificados os perfis de 25.718 pesquisadores brasileiros.
Dentro desse recorte, a plataforma CpE permite fazer a busca por esses investigadores ou grupos de pesquisa, combinando critérios como a senioridade acadêmica (compreendida pelo tempo entre a primeira e a última publicação), palavras-chave, área de atuação e rede de colaboração de um determinado pesquisador.
Com a possiblidade de integrar diferentes campos de conhecimento e impulsionar estudos multidisciplinares, o neurocientista Roberto Lent, coordenador da Rede CpE, projeta que nos próximos anos a plataforma pode ajudar a colocar o Brasil em uma posição de liderança no cenário mundial da pesquisa translacional, que aproxima o trabalho dos laboratórios e centros de pesquisa da realidade da sala de aula. “A ciência para a educação é um elemento de política pública inovador que pode representar uma aceleração dos indicadores educacionais brasileiros”, defende.
“Eu acho que agora nós demos o primeiro grande passo, mas não o último passo”, ressalta Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna. De acordo com ele, a partir daí podem ser desenvolvidas outras estratégias para contribuir com a aproximação entre o campo da ciência e da educação, como por exemplo a criação de editais de fomento voltados para essas áreas de pesquisa. “Só vamos melhorar a educação básica se nós tivermos o conhecimento da ciência à disposição.”