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Curso de formação deve ensinar professor a readaptar práticas

Linda Darling-Hammond, professora da Universidade de Stanford (EUA), traz recomendações para programas de formação conversarem com a Base Nacional

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 11 de maio de 2018

Pesquisar, analisar, avaliar, aprender, criar e formular. Em palestra realizada na última terça-feira( 8), durante o Ciclo de Debates em Gestão Educacional sobre formação docente, promovido por Itaú Social e Instituto Ayrton Senna, a professora Linda Darling-Hammond, da Universidade de Stanford (EUA), chamou a atenção para verbos importantes presentes na Base Nacional Comum Curricular, que demonstram a quebra de filosofia em relação ao modelo educativo atual. A partir de agora, segundo ela, professores precisam estar cientes de que a aula padronizada não será suficiente e o processo de ensino vai demandar readaptação constante.

“É como um modelo de dupla hélice em que professores estão sempre se perguntando como reunir objetivos de aprendizagem e o conhecimento dos estudantes e ao mesmo tempo se aproximar do currículo”, disse a professora. Para ela, a reação do professor não pode ocorrer no sentido de buscar ainda mais receitas e padrões para suas aulas, mas da personalização que proporcione uma contextualização. “Você tem que se tornar sua metodologia mais personalizada para ajudar estudantes que vêm de diferentes origens e que passaram por diferentes vivências anteriores. Como dizia [o pedagogo] John Dewey, é preciso trazer a criança para o currículo e o currículo para a criança”, explica.

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Essa nova realidade trazida pela BNCC, segundo Darling-Hammond, requer que professores se planejem melhor e reflitam após cada aula onde está a turma e como foi a progressão de cada aluno para realizar ajustes. No fim, afirma, pode-se perceber que é melhor lançar mão de avaliações formativas, em que alunos recebem um retorno constante sobre como podem melhorar. Nesta parte de sua fala, ela fez uma analogia com o treino de um atleta olímpico. “Pense em um atleta de saltos ornamentais que pula da prancha, faz alguns giros e, se cair de barriga, o treinador não vai dizer que ele foi terrível. Em lugar disso, diz o que precisa fazer diferente e o que fez bem antes. Precisamos tentar criar esse ciclo avaliativo de práticas e a oportunidade de revisá-las.”

Para dar conta desse trabalho, no entanto, Darling-Hammond reconhece que o professor tem que enfrentar um currículo escolar separado em unidades e provas que diminuem a quantidade de alertas que podem surgir. “Quando pensamos na base de conhecimento para formação de professores, precisamos dessas ferramentas que ajudem a moldar um currículo em que a avaliação formativa e a revisão aconteça de forma constante. Isso também produz confiança nos alunos porque eles ganham a chance de receber retorno avaliativo, revisar e melhorar seus trabalhos. Eles veem que dependendo do esforço, podem ser bem-sucedidos. Com isso, desenvolvem uma mentalidade de crescimento, que é uma das competências socioemocionais que ajudam a ter um projeto de vida.”

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Com a experiência de quem estuda modelos de formação de professores dos Estados Unidos, Austrália, China, Finlândia e Singapura, entre outros países, a professora de Stanford passou ainda algumas recomendações para um formação de professores que atenda a esse novo momento da educação brasileira. Em comum, aqueles países que têm maior eficácia oferecem momentos para colaboração e interação entre professores, que discutem o que deu certo ou errado em suas práticas. Nas salas de classes desses professores, estudantes se revezam em papéis de liderança e o trabalho é feito em sinergia com as famílias.

Veja abaixo um resumo das características recomendadas pela professora para cursos de formação docente com foco na aprendizagem profunda:

1 – Criam visão difundida do ensino centrado no aluno;
2 – Dão oportunidade para os candidatos aprenderem:
. a ensinar conteúdo de diferentes maneiras orientadas pela pesquisa;
. como criar comunidades de aprendizagem em salas de aula que apoiem a aprendizagem socioemocional, bem como acadêmica;
. a criar ambientes interativos e linguisticamente ricos.
3 – Possuem um currículo focado na aprendizagem e no desenvolvimento de crianças provenientes de diversos contextos sociais e familiares;
4 – Trabalham teoria de forma interligada à prática para que o aprendizado seja aplicado;
5 – Modelam estratégias de aprendizagem profunda dentro do próprio programa e das escolas, para que os candidatos experimentem e consigam ver as estratégias que no fim das contas vão usar em suas salas de aula;
6 – Relacionam-se com as escolas de maneira comprometida à criação contextos com foco na equidade de oportunidades de aprendizado.


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aprendizagem colaborativa, avaliação, competências para o século 21, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, personalização

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