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Inovações em Educação

Sistema de Michigan financia pesquisa em tempo real

Universidade cria MCubed para dar vasão aos instintos dos pesquisadores, sem medo de errar

por Patrícia Gomes ilustração relógio 23 de maio de 2012

A Universidade de Michigan anunciou neste mês um sistema inovador de financiamento de pesquisa científica em tempo real, bem ao estilo “o primeiro que chegar leva”, que vai deixar os pesquisadores brasileiros, acostumados a processos mais burocráticos, suspirando fundo. Batizado de MCubed, o programa vai distribuir US$ 15 milhões em cotas de US$ 60 mil a projetos que reúnam pesquisadores de pelo menos três áreas distintas.

Os pesquisadores vão poder cadastrar suas ideias a partir de uma breve descrição no site do MCubed. Uma vez registradas, elas ficam expostas para outros professores, que podem decidir se querem apoiar o projeto. Quando a ideia reúne o apoio de professores de três áreas distintas, e formam o que a universidade está chamando de um “cubo” de interação, cada pesquisador recebe automaticamente US$ 20 mil para contratar alunos de graduação, mestrado ou doutorado para colocar a pesquisa em prática.

Financiamento de pesquisa inovador em Minchigancrédito Nenovbrothers / Fotolia.com

Segundo a própria instituição, trata-se de uma alternativa moderna para o tradicional processo de concessão de financiamento, que pode se arrastar o ano todo até que o projeto receba todos os avais necessários – mesmo na Universidade de Michigan, onde o orçamento total para a pesquisa é de US$ 1,24 bilhão, um dos maiores dos EUA. A previsão é que o site fique disponível nos próximos meses para os professores já irem cadastrando e expondo as suas ideias, mas só a partir de setembro as parcerias poderão ser efetivadas e a verba, liberada.

“Nos sistemas tradicionais, as universidades são obrigadas a fazer as pesquisas com base no que está sendo financiado e não necessariamente na melhor ideia nem no que é mais importante para a sociedade. O mundo mudou, mas os modelos de financiamento de pesquisa continuam os mesmos”, diz Mark Burns, professor de engenharia química que lançou o programa com os colegas Alec Gallimore e Thomas Zurbuchen.

“A sinergia dessas novas parcerias vai facilitar descobertas. E de descobertas nós esperamos chegar a curas para doenças”

De acordo com a universidade, é possível que uma proposta atraia, por exemplo, 30 pesquisadores. Nesse caso, o projeto ganharia escala e levaria dez cotas de US$ 60 mil. Embora seja possível, a intenção é que o MCubed consiga estimular os pequenos instintos dos professores, dando-lhes oportunidade tanto de apostar numa intuição que pode levar a descobertas importantes para a sociedade quanto investir em algo que vai se mostrar um fracasso completo. “Trata-se de fazer coisas grandiosas. E, às vezes, apostar em coisas grandiosas pode significar errar grandiosamente. Nós queremos enviar a mensagem aos pesquisadores de que é OK falhar”, diz Thomas Zurbuchen.

A intenção da universidade é que, ao mesclar pesquisadores de áreas diferentes, chegue-se a projetos inéditos e inovadores. A neurologista Eva Feldman, diretora do Instituto de Pesquisas Médicas A. Alfred Taubman, é uma das entusiastas dessa possibilidade de reunir professores de diferentes backgrounds. “A sinergia dessas novas parcerias vai facilitar descobertas. E de descobertas nós esperamos chegar a curas para doenças”, disse a neurologista ao The Michigan Daily.

O MCubed é a primeira de uma série de iniciativas que ocorrerão nos próximos cinco anos para marcar os 300 anos da Universidade de Michigan, a serem comemorados em 2017. Os programas contarão com US$ 50 milhões para encontrar respostas a desafios globais, como as mudanças climáticas e a justiça social por meio de ações multidisciplinares e pelo incentivo à pesquisa.


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