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Inovações em Educação

Como fazer perguntas propositivas para os alunos

Professora de Harvard mostra como mudar a forma de perguntar pemite obter informações, construir compreensão e encorajar reflexão

por Centro de Referências em Educação Integral ilustração relógio 13 de abril de 2018

Não existem perguntas certas ou erradas, mas algumas têm capacidade maior de instigar a curiosidade e fazer refletir. É o que defende a norte-americana Rhonda Bondie, da Harvard School of Education (EUA), que esteve em São Paulo (SP) para a 4ª Conferência de Educação da St. Paul’s School, que ocorreu em março e reuniu especialistas de diversas partes do mundo para discutir a necessidade de promover um ambiente feliz, seguro e estimulante para que ocorra a aprendizagem dos alunos.

Perguntar é uma ferramenta essencial para ensinar e aprender e, segundo Rhonda, “não importa se a pergunta é elaborada e complexa, mas se cumpre a sua finalidade”. Nesta perspectiva, elas se distribuem em três categorias de acordo com os objetivos visados:

– Obter informações
– Construir compreensão
– Encorajar reflexão

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“Os alunos só desenvolvem conhecimento quando comparam suas experiências passadas com o que pensam, sentem e vivem no momento. E essas três características, que não podem ser separadas, precisam fazer parte do conjunto de perguntas”, explica a educadora.

Também é importante que todo esse processo esteja contextualizado ao território, cultura, repertório e interesse dos estudantes. “Quanto mais o professor souber sobre seus alunos, mais fácil será acessá-los”, diz Rhonda Bondie.

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Como o professor pode criar a cultura da pergunta em sala de aula

1) Demarque o momento de perguntar
Deixe claro o momento em que vai propor uma pergunta. O professor pode ficar de pé em um local específico da sala ou segurar um objeto, por exemplo.

Dessa maneira, os alunos começam a entender a rotina de prestar atenção às perguntas e saber que são esperadas respostas delas. “Criar esse hábito é importante para os estudantes entenderem quando realmente precisam pensar e responder”, diz Rhonda.

2) Não pergunte o que não precisa de resposta
Para reforçar o momento em que de fato se espera uma reflexão e uma resposta dos alunos, não faça perguntas que não precisam de respostas, como as perguntas retóricas. Se precisar dar coordenadas para os estudantes, ao invés de dizer “já pegaram seus cadernos?”, diga simplesmente “peguem seus cadernos”.

3) Dê tempo antes de exigir respostas
Isso aumenta as oportunidades dos alunos refletirem e pode diminuir a competitividade entre eles, muitas vezes expressa na agilidade em levantar a mão para responder primeiramente.

“Faça a pergunta, dê alguns segundos de pausa, em silêncio, e só então peça para os alunos erguerem as mãos”, recomenda Rhonda.

4) Ofereça oportunidade para o debate
Para temas mais complexos, faça a pergunta, dê os segundos de pausa, e peça para que os alunos conversem com o colega ao lado sobre o assunto, trocando suas respostas.

Isso gera oportunidades de debate, reflexão e de confronto de opiniões. Passados os minutos estipulados para o debate — algo entre 4 e 6 minutos — ouça as respostas.

5) Crie um ambiente seguro
Para estimular que todos perguntem e respondam, é preciso criar um ambiente seguro. Isso pode ser feito por meio de uma escuta atenta, validando e mostrando interesse em todas as opiniões expostas, para deixar claro que não há resposta certa ou errada. Além disso, incentiva que todos participem, não só os alunos que sempre erguem a mão.

“Todo esse esforço dos professores de fazer perguntas melhores também ensina os alunos a perguntarem melhor. E isso se torna uma ferramenta fundamental para que eles acessem e construam conhecimento”, conclui Rhonda.

Referências:
Classroom routines for precise, efficient, and effective learning for all. Bondie, R. & Zusho, A. (2016)
Teaching questioning and learning. Morgan, N. & Saxton, J. (1991)

* Publicado originalmente no Centro de Referências em Educação Integral e reproduzido mediante autorização


TAGS

autonomia, competências para o século 21, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, personalização

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