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Interesse em arte é indício de responsabilidade social

Pesquisa da Universidade de Illinois, em Chicago, liga engajamento cívico a frequência em museus, espetáculos de dança e música

por Patrícia Gomes ilustração relógio 5 de setembro de 2012

Se você canta, dança, desenha ou atua – e mais ainda, se assiste aos outros fazerem isso – provavelmente você tem uma veia altruísta, de acordo com estudo da UIC (Universidade de Illinois em Chicago) divulgado em agosto. Os pesquisadores constataram que pessoas com interesse em artes contribuem mais para a sociedade do que as com pouco ou nenhum interesse. Os especialistas analisaram a exposição dos entrevistados à arte, a partir da frequência com que visitavam museus, teatros, espetáculos de dança, música e ópera e de seus hábitos de promoverem performances de arte.

“Mesmo quando observadas idade, raça e educação, nós descobrimos que participação em artes, especialmente quando o entrevistado fazia parte do público, era o mais forte indício de engajamento cívico, tolerância e altruísmo”, disse Kelly LeRoux, professora de administração pública na UIC e responsável pelo estudo. A descoberta coloca em dúvida as conclusões de pesquisas anteriores, nas quais entrevistados pertencentes à geração X – pessoas nascidas até o início da década de 80 – costumavam ser civicamente mais engajadas do que pessoas mais velhas.

crédito Bezicd / Fotolia.com

Os dados usados pela professoram se basearam em pesquisa feita desde 1972 pelo Programa Nacional de Informações para as Ciências Sociais. “Nós correlacionamos as respostas das pesquisas com perguntas relacionadas a artes e ações altruístas, como doar sangue, dinheiro, ou ser ativo na comunidade, atitudes que colocam o interesse dos outros acima do próprio”, disse LeRoux.

As pesquisas avaliaram participação dos entrevistados em associações de moradores ou comerciais, igrejas e organizações religiosas, organizações cívicas e fraternidades, grupos de esportes, organizações de caridade, partidos políticos e associações profissionais. Foram duas as variáveis avaliadas:

1) Tolerância de gênero, medida a partir de respostas sobre se os respondentes aceitariam ter pessoas gays para falar para a comunidade ou como professores em escolas públicas. Analisou ainda se eles se oporiam a ter livros sobre temas homossexuais expostos nas livrarias.

2) Tolerância racial, medida a partir de respostas a respeito de vários grupos raciais e étnicos diferentes, como afroamericanos, hispânicos ou americanos de origem asiático. Cerca de 80% dos entrevistados eram caucasianos, disse LeRoux.

O comportamento altruísta foi avaliado a partir de respostas sobre se as pessoas permitiam que estranhos passassem na sua frente na fila, se carregavam sacolas para desconhecidos, se doavam sangue, se paravam o que estavam fazendo para dar orientações para estranhos, se já haviam emprestado algo de valor, se devolviam troco a mais dado errado, se tomavam conta de animais de estimação ou plantas de vizinhos ausentes ou ainda se guardavam a correspondência deles quando necessário.

“Se os gestores públicos estão preocupados com a diminuição do engajamento da vida em comunidade, as artes não podem ser deixadas de lado. Elas são uma forma de promover cidadania ativa”, disse LeRoux. “Nossas conclusões fortalecem o argumento de que o governo deve dar suporte às artes.”

O estudo se baseou em dados de 2002, o ano mais recente em que a pesquisa nacional fez perguntas sobre participação nas artes. LeRoux pretende repetir o estudo com os dados deste ano, que novamente incluirão dados sobre participação em artes.

Com UIC News Bureau


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