43% dos jovens pensam em desistir de estudar. E agora?
Pesquisa "Juventudes e a Pandemia de coronavírus" retrata as consequências e feitos do isolamento no interesse dos jovens pelos estudos
por Ruam Oliveira 11 de junho de 2021
A pandemia de coronavírus atravessou diferentes áreas da vida da população. De trabalho à saúde mental, a doença que vitima milhões de pessoas pelo mundo, tem sido foco de discussão e de debates a respeito do que pode ser feito para minimizar os impactos.
A segunda etapa da pesquisa “Juventudes e a pandemia de coronavírus (covid-19)”, divulgada nesta semana, apresenta perspectivas e percepções de jovens sobre o atual momento em que vivem. Participaram da pesquisa 68 mil jovens entre 15 e 29 anos.
Achados de 2021
Dentre os impactos que devem ligar o alerta para tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas estão a evasão e o desinteresse pela escola. A pesquisa identificou que 43% dos respondentes afirmaram já ter pensado em desistir de estudar. Situação financeira e dificuldades com o ensino remoto são alguns dos motivos apresentados para justificar a desistência. Na primeira edição da pesquisa, esse número ficou em 28%.
Esta segunda etapa da pesquisa foi promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) com correalização de Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial e as respostas foram coletadas entre março e abril deste ano.
Nesse rastro de evasão, os dados da pesquisa também revelam que 6% dos respondentes trancaram suas matrículas durante a pandemia. Para que quisessem realizar um retorno, 47% dos jovens apontaram que seria necessário, antes, que a população fosse vacinada.
Além deste contexto de saúde, outra grande preocupação está relacionada com questões financeiras. Com o fim do auxílio emergencial e a diminuição de renda das famílias, muitos jovens precisaram recorrer a trabalhos informais. De 4 entre cada 10 dos entrevistados, dois realizaram trabalhos sem carteira assinada e um abriu seu próprio negócio ou trabalhou para si mesmo.
Interpretação dos dados
“A pesquisa reforça a necessidade de defender políticas públicas desenhadas e implementadas de forma intersetorial. Os fatores associados à possibilidade de abandono escolar, por exemplo, são múltiplos: necessidade de ganhar dinheiro, dificuldades para se organizar, acompanhar e aprender no contexto do ensino remoto, necessidade de cuidar de filhos e outros parentes, problemas de saúde, incluindo depressão”, aponta Rosalina Soares, gerente de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho.
Rosalina destaca que a evasão escolar produz consequências severas para os jovens, “que vivem menos, com menos saúde, com menos renda ao longo da vida. Essa violação do direito à educação gera uma perda de R$220 bilhões por ano, 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços finais produzidos durante um período determinado). Em tempos de crise sanitária e econômica, observamos que a agenda educacional é prioritária, é urgente”.
Cuidados com a saúde física e mental também aparecem entre as preocupações da juventude. Nove em cada dez participantes destacaram que não iniciaram psicoterapia e cinco em cada dez apontaram não ter feito nenhum tipo de exercício físico. 31% responderam que fizeram consultas médicas de rotina.
Os resultados incluídos no relatório final da pesquisa serão debatidos no dia 11/6, às 18h, por instituições parceiras, especialistas e jovens pesquisadores.
O relatório completo da pesquisa pode ser acessado em: https://www.juventudeseapandemia.com/
Assista ao debate sobre a pesquisa