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Inovações em Educação

Jovens respondem: vídeos curtos ajudam ou atrapalham o aprendizado?

Além das aplicações na educação, uma pesquisa nacional também revela a relação dos adolescentes como produtores e consumidores de conteúdo em vídeo nas redes sociais

por Ruam Oliveira ilustração relógio 12 de julho de 2024

Adolescentes veem vídeos curtos nas redes sociais para se distrair, para conhecer assuntos novos ou para acompanhar temas que gostam. E boa parte também aproveita para aprender com os conteúdos online.

É o que mostra a pesquisa “Usos e impactos de plataformas de vídeos curtos por adolescentes no Brasil”, desenvolvida pela Rede Conhecimento Social em parceria com o InternetLab.

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Segundo o levantamento, que ouviu 846 adolescentes entre 13 e 17 anos em todo o Brasil, 43% deles acreditam que os vídeos curtos ajudam no aprendizado, 86% dizem que o formato os auxilia a se manter informado e 36% apostam que esse conteúdo os ajudam a aprender em menos tempo.

Instagram e TikTok são os aplicativos mais utilizados por adolescentes nesta faixa etária (com um percentual de 73% e 69%, respectivamente). A pesquisa reforça, contudo, que não há consenso sobre o que caracteriza um vídeo curto, mas a maior parte dos entrevistados o definiu com o tempo máximo de até dois minutos.

Potencial e direcionamento

Marisa Villi, diretora executiva da Rede Conhecimento Social, comenta que a pesquisa traz propostas de reflexão para que educadores usem vídeos curtos como aliados no processo educacional. “​​Os estudantes já estão utilizando para fins educacionais, mas estão pedindo apoio para fazer esses materiais de uma forma melhor”, comenta.

Ela também destaca que os dados levantados podem servir de subsídios para pensar questões como a regulação destes dispositivos na escola e quais combinados podem ser estabelecidos com os estudantes. 

“Tem uma dimensão da pesquisa que é o trabalhar os dados para gerar debate sobre esse assunto dentro do ambiente escolar e promover reflexões com os seus estudantes a partir do que outros adolescentes estão dizendo”, diz Marisa. 

Os jovens veem muitas possibilidades de uso pedagógico para os vídeos curtos, como gravar atividades, usá-los como exemplo em alguma disciplina, fazer pesquisas ou tirar dúvidas.

Para que servem os vídeos curtos, segundo os adolescentes
É praticamente consensual entre os entrevistados da pesquisa que vídeos curtos trazem entretenimento em tempo rápido (85%) e provocam a curiosidade para assistir cada vez mais vídeos (82%). Para eles, os vídeos curtos:

– São para um consumo rápido e fácil;
– Têm o objetivo de manter a pessoa assistindo por longo período de tempo, sem que ela perceba;
– Têm conteúdo de entretenimento, curiosidades e informação, com temas do momento;
– Utilizam estratégias para engajar, como títulos chamativos, divisão de vídeo em mais de uma parte, uso de algoritmos para entregar vídeos parecidos para perfis diferentes de público;
– São voltados principalmente para jovens e, por isso, têm que ter uma linguagem própria.

Conteúdo e acesso

“A gente percebe que os adolescentes têm uma série de concepções sobre o que é um algoritmo, como funciona e como driblá-lo”, destaca Clarice Tavares, coordenadora de pesquisa do InternetLab. Ela se refere aos algoritmos das redes sociais, sistemas usados pelas plataformas que determinam o que o usuário vê a partir de seus hábitos online. Esses algoritmos analisam diferentes fatores para personalizar e priorizar postagens, anúncios e outras interações.

Os jovens enxergam que recomendações algorítmicas influenciam seus comportamentos. Ao mesmo tempo em que destacam pontos positivos e negativos dessas recomendações, argumentam que uma plataforma sem recomendar conteúdo relacionado às preferências de quem a usa, não faz sentido.

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Em relação à segurança nas redes sociais, apenas 6% dos respondentes acham que a internet é segura para crianças e adolescentes. Cinco a cada 10 adolescentes afirmam que acessam conteúdos apropriados para a sua idade, ignorando quando aparecem conteúdos inadequados. No entanto, acreditam que as plataformas deveriam moderá-los melhor, de acordo com a faixa etária.

“Há um reconhecimento de que existe a possibilidade de abusos, de violações de direitos e privacidades que acontecem nesse espaço online, mas ao mesmo tempo esse adolescente parece não saber como lidar com isso”, comenta Clarice. Ela destaca que há um desconhecimento sobre regras, tanto por parte dos estudantes, quanto dos educadores.

Para 63% dos adolescentes, as escolas deveriam ensinar mais sobre segurança e respeito nas redes sociais, e 53% acreditam que os professores são importantes para falar sobre o assunto.

Os jovens ouvidos apontam que os responsáveis deveriam prepará-los antes de começarem a assistir vídeos curtos, para saberem como agir quando se depararem com situações ruins, e que deveriam também fazer acompanhamento contínuo, para garantir a segurança nas redes. 

Poucos adolescentes procuram ou se sentem confortáveis em buscar responsáveis ou professores quando se deparam com situações negativas, preferindo não compartilhar ou conversar somente com colegas próximos.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa usou como metodologia a PerguntAção, desenvolvida pela Rede Conhecimento Social e contou com a participação de jovens-pesquisadores na elaboração do questionário. 

“Montamos um grupo na faixa de idade do estudo, fizemos oficinas formativas para qualificar a temática junto com eles. Eles elaboraram hipóteses da pesquisa, fizeram sugestões de perguntas e um teste do questionário, além de apoiar nosso trabalho de divulgação entre colegas e amigos da escola”, relata Marisa. 

Os públicos também foram diversos. O levantamento contou com a participação de 12 escolas e organizações da sociedade civil, 9 adolescentes pesquisadores com idades entre 13 e 18 anos e seis grupos de discussão compostos por adultos e jovens. O questionário online foi respondido por 846 adolescentes entre 13 e 17 anos.

Em paralelo à pesquisa, foi realizado o mapeamento das políticas de seis plataformas (TikTok, Meta, Vimeo, YouTube, Kwai e Instagram), para entender as regras desenvolvidas por cada uma delas voltadas ao público infantojuvenil. Confira a íntegra do relatório. 


TAGS

juventudes, redes sociais, tecnologia

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