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Desconectar do smartphone aumenta a produtividade

Pesquisa diz que funcionários ficam mais produtivos se descansam de e-mails e telefonemas nas horas de folga

por Patrícia Gomes ilustração relógio 11 de maio de 2012

Todo mundo tem pelo menos um amigo tão viciado em trabalho que não despluga um segundo: checa e-mail se acorda de madrugada, atende a telefonema do chefe nas férias, responde a SMS de clientes na mesa do bar. Uma pesquisadora de Harvard aplicou um experimento em funcionários de uma empresa de consultoria adeptos à facilidade dos smartphones e ao trabalho 24 horas, 7 dias na semana, e descobriu que a produtividade aumenta quando eles se desconectam na folga.

Leslie A. Perlow, professora de liderança na Harvard Business School, escolheu o BCG (Boston Consulting Group) para abrigar seu experimento, uma consultoria que tem clientes espalhados pelo mundo e funcionários acostumados a trabalhar o tempo todo. “Se fosse possível desconectar os trabalhadores dessa empresa, seria possível em qualquer lugar”, disse a pesquisadora, que registrou suas conclusões no livro Dormindo com o Samartphone: Como Interromper o Hábito 24/7 e Mudar a Forma como Você Trabalha (livre tradução de Sleeping with Your Smartphone: How to Break the 24/7 Habit and Change the Way You Work), que será lançado no fim do mês.

Desligar smartphone na folga melhora rendimentocrédito Mariusz Blach / Fotolia.com

A pesquisadora reuniu equipes que já trabalhavam juntas para os testes, o que facilitava prever quando seriam as folgas de cada membro. Os funcionários elaboraram formas de cobrir a ausência dos colegas e, enquanto ele estivesse fora, acontecesse o que acontecesse, ele não era acionado – nem por telefone nem por e-mail nem por rede social.

“A pessoa que está de folga está de folga mesmo. A equipe não manda e-mails que ela se sinta compelida a responder. O funcionário tem que usar esse tempo livre para fazer qualquer coisa, desde que não tenha relação com o trabalho”, afirmou Perlow ao Harvard Gazette. No fim do período do estudo, os trabalhadores que descansaram de verdade se mostraram mais produtivos e eficientes, diz Perlow.

“Ficamos tão entusiasmados com os benefícios que a tecnologia traz que toleramos os custos. Não percebemos que alguns deles poderiam ser reduzidos, sem abrir mão de parte dos benefícios.”

Mas aí surgiu outro problema, dessa vez da parte de quem estava de folga: preencher o tempo livre. De repente, os funcionários conseguiam se exercitar, ir ao cinema, ficar com a família ou se dedicar a qualquer atividade sem aquela incômoda sensação de que coisas importantes estão acontecendo no escritório e ele não está acompanhando.

De acordo com Perlow, para suprir a ausência do colega, as equipes precisam estar cientes das funções de cada membro. “Os funcionários conseguem adaptar a forma como trabalham para fazer com que todo esse processo seja produtivo”, diz a pesquisadora. “E não precisa ser algo grande, uma iniciativa organizacional monstruosa. Qualquer equipe pode fazer isso”, diz.

No próprio BCG o impacto dos experimentos de Perlow foi tão positivo que a experiência será replicada internacionalmente dentro da empresa. Perlow comemora o sucesso e deixa claro que desligar do trabalho nas horas de descanso não significa jogar o smartphone no lixo. “Ficamos tão entusiasmados com os benefícios que a tecnologia traz que toleramos os custos. Não percebemos que alguns deles poderiam ser reduzidos, sem abrir mão de parte dos benefícios.”

Com a Harvard Gazette


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