Meditação para crianças: atenção à mente, ao coração e ao corpo - PORVIR
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Inovações em Educação

Meditação para crianças: atenção à mente, ao coração e ao corpo

Quando a prática é divertida, breve e contextualizada, mesmo crianças em fase pré-escolar podem participar

por Conteúdo Patrocinado - BASE2EDU ilustração relógio 31 de julho de 2020

Quando a MindKids começou, uma das dúvidas mais frequentes era: “crianças pequenininhas conseguem meditar?”. E a resposta é sim, mesmo as crianças menores meditam! Especialmente quando a prática é divertida, breve e alinhada com a realidade delas, feita com referências que elas conhecem.

Estudos mostram que crianças na faixa etária pré-escolar conseguem estar atentas à mente, ao coração e ao corpo, tanto quanto crianças mais velhas. A diferença está no estágio de desenvolvimento próprio de cada idade, que deve ser respeitado inclusive quando se trata de práticas meditativas. De acordo com o desenvolvimento psicológico e neuronal, podemos avaliar que tipos de conhecimentos e práticas são mais apropriados.

Foi para discutir esse tema que a MindKids promoveu um fórum online de mindfulness na educação infantil. Se, por um lado, crianças até cinco anos não entendem muito bem regras de jogos complexos, elas têm mais facilidade para viverem o presente. Elas são abertas a novas práticas, jogos, ensinamentos e formas de enxergar o mundo, com seus cérebros altamente adaptáveis que buscam novas experiências e conseguem apreendê-las devido à alta plasticidade que lhes é peculiar. Por isso mesmo, essas crianças mais novinhas podem nos dar valiosas lições de mindfulness.

Consistência e rotina
Para facilitar a prática, elas precisam de objetos concretos e uma rotina de meditação, que seja sempre lúdica. Meditar esporadicamente não é tão interessante quanto manter uma periodicidade, pois é essa constância que levará aos benefícios e fará com que se acostumem com as práticas. “Com os pequenos, o que dá certo são práticas de consciência corporal, com objetos palpáveis e simples, como massinha. Uso vocabulário simples e falamos de emoções, com uma chamada sensorial, como usar um pincel para tocar determinadas partes do corpo. Nessa idade, nomear emoções, ouvir-se e reconhecer sentimentos é uma prática de mindfulness”, diz Gabriela Souza, professora da Escola Internacional de Alphaville, que dá aulas para crianças de três e quatro anos.

Mindful eating
Práticas de atenção plena ao corpo, ao movimento e até mesmo à alimentação também são apropriadas para essa faixa etária. Renata Ottoniel, professora da Be.Living, usa mindful eating com seus alunos de quatro e cinco anos. “Comer não é só saciar a fome; é uma forma de estar em comunidade também”, afirma. Ela conta o caso de um aluno que disse a ela ter ficado espantado por ter sentido “o sabor de verdade” da comida, algo que segundo ele nunca havia sentido antes. Renata também usa o mindfulness para criar projetos em sala de aula. “Fizemos uma prática de escuta ativa dos batimentos cardíacos e isso despertou a curiosidade dos alunos para o coração. Então, criamos um projeto só para estudar esse órgão”, conta ela.

Conexões verdadeiras
Mas práticas mais ligadas a questões abstratas também podem funcionar com crianças muito pequenas. É o que conta Paloma Dantas, professora de crianças de quatro anos do Projeto Vida. “Eu estava substituindo a professora da turma que, após um mês de aula, tinha saído de licença maternidade. Eu estava há cinco meses com eles e o desafio era conectá-los à professora antes mesmo que ela voltasse. Comecei a propor práticas de bondade amorosa, para que eles enviassem bons pensamentos à professora que iria voltar. Foi lindo”, relembra.

Percepção de si e do grupo
As crianças não precisam ter uma compreensão intelectual do conceito abstrato para se favorecerem das práticas nem mesmo para reconhecerem este benefício em si mesmas. “Quando comecei as práticas de mindfulness em sala de aula, estava no início de minha formação. Então, apenas replicava o que aprendia. Aos poucos, percebi como as práticas mudavam as experiências das crianças. Fizemos um arraial online agora em junho, com várias atividades e desafios. Em determinado momento, uma aluna me chamou e disse que achava que as crianças estavam agitadas demais. Então, ela mesma conduziu uma prática de respiração para que todos se acalmassem e pudessem aproveitar melhor a atividade”, conta Gabriela Arruda, professora do primeiro ano da Harmonia.

Práticas rápidas e divertidas
“As práticas de mindfulness na escola são rápidas, divertidas e aumentam o engajamento, a atenção, o foco e a regulação emocional, diminuem as brigas e aumentam a empatia entre os alunos”, explica Fernanda Chiarelli, facilitadora do Programa Educação Emocional Positiva e coautora do livro Coaching para Pais vol. 2.

Sentindo as emoções no corpo
Mindfulness é uma prática que pode beneficiar a relação entre pais e filhos. Como é o caso da relação do psicólogo Rodrigo de Souza e seu filho de 3 anos, que está no espectro do autismo. “Eu introduzo as práticas de midfulness dentro do contexto dele. Pergunto em que lugar do corpo ele manifesta raiva, alegria ou euforia; onde ele sente mais ou menos calor. Percebo que ele tem tido mais capacidade de se autorregular, o que é muito importante”, avalia.

Tanto no âmbito escolar ou familiar, para que as crianças na fase de educação infantil se desenvolvam e aprendam, elas precisam de um espaço amoroso, seguro e acolhedor, que lhes dê liberdade. É nessa fase que elas estão criando capacidades relacionais que vão levar consigo por toda a sua vida. E mindfulness pode ajudar a desenvolver essas capacidades desde cedo.


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socioemocionais

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