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Inovações em Educação

Intensivão para ingressar em escolas de ponta

Academia do 9o ano realiza financiamento coletivo para viabilizar ajuda a alunos de comunidades vulneráveis do RJ

por Vagner de Alencar ilustração relógio 23 de julho de 2012

Dez jovens cariocas de diferentes áreas de formação têm se reunido, a cada início de segundo semestre letivo, em torno de um objetivo comum: preparar e auxiliar estudantes do 9o ano do ensino fundamental, de escolas de baixo desempenho da rede municipal, para os processos seletivos das melhores escolas públicas de ensino médio do Rio de Janeiro. Tirando recursos do próprio bolso e buscando os estudantes em comunidades vulneráveis, no ano passado, por meio da iniciativa chamada de Academia do 9o ano, eles atenderam 60 alunos e neste ano pretendem repetir a dose.

Segundo levantamento realizado pelos jovens professores a partir de dados do MEC, de cada 100 alunos que entram na rede pública, 63 não conseguem concluir o 9o ano. Dos que conseguem entrar, apenas 42% completam o ensino médio. As chances de formação diminuem ainda mais se o jovem morar em uma favela e se seus pais não tiverem formação escolar básica.

Com o objetivo de ir na contramão dessas estatísticas, o grupo criou a Academia do 9o ano, formada por profissionais de áreas que vão desde relações internacionais, jornalismo, engenharia a professores de letras e pedagogia – a maioria deles educadores do Ensina!, organização educacional sem fins lucrativos que oferece reforço escolar para alunos da rede pública.

crédito Comugnero Silvana / Fotolia.com

A ideia do projeto é preparar e motivar os estudantes para que eles sejam aprovados em escolas públicas de excelência no ensino médio, como o Colégio Estadual José Leite Lopes – conhecido como Nave –, o Colégio Pedro II, a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica) e o Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca).

“A maioria desses alunos vem de regiões muito vulneráveis. Eles não têm informação e muito menos motivação. Muitas vezes nem sequer acreditam que podem conseguir passar em algum processo seletivo. Nosso desafio não é apenas preparar para passar numa prova, mas, principalmente, motivá-los”, afirma Vittorio Bianco, um dos professores e membro criador do projeto.

Os conteúdos tradicionais – português, matemática e redação – são tratados de formas alternativas, buscando aulas mais dinâmicas. O professor de relações internacionais pode tratar conteúdos sobre o mundo nas aulas de português ou as aulas de matemáticas podem ser trabalhadas por um engenheiro a partir de suas explicações de como são construídos os aviões. “Não trabalhamos com o conceito do cursinho tradicional, tratando questão por questão. Temos uma metodologia de trabalho que adquirimos no Ensina!, chamada ‘Ensinar é liderar’, que tenta fazer uma abordagem mais dinâmica e lúdica dos conteúdos”, afirma Bianco.

Financiamento

Neste ano, serão escolhidos 50 alunos oriundos de 14 escolas públicas de regiões recém-pacificadas ou de áreas de conflito do Rio, desde a Cidade de Deus até o morro do Cantagalo. Os estudantes vão passar por sete aulões que acontecem durante o dia inteiro, de 9h às 17h. As aulas vão ser realizadas, alternadamente, nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro. O grupo conseguiu também o apoio de parceiros, como psicólogos, que vão ajudar na abordagem de questões como autoconfiança.

 

Mas para que tudo isso aconteça, o grupo precisa de R$ 8 mil para ajudar os alunos com alimentação (café da manhã, almoço e lanche), transporte e materiais didáticos. Por isso, eles criaram um perfil na plataforma de crowdfunding Benfeitoria e estão pedindo doações on-line. Até agora, foram arrecadados 64% do valor estimado. Na plataforma, a arrecadação financeira de todos os projetos funciona na regra “Tudo ou Nada”, ou seja, caso o valor esperado não seja atingido, ele é devolvido aos colaboradores.

“Neste ano, nos planejamos mais cedo para captar esses recursos. A gente tenta fazer o máximo possível pelos alunos para que não tenham nenhum gasto. Alguns alunos não têm nem condições de ter materiais para as provas”, afirma Bianco. O que sobrar do valor arrecado também será destinado para a festa de formatura dos jovens no fim do ano.


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