A crise da saúde mental nas escolas: “Alunos estão deprimidos, ansiosos, e faltam psicólogos”

Um mapeamento realizado em abril deste ano identificou que 69% dos alunos da rede estadual paulista relatam ter sintomas ligados à depressão e ansiedade. A pesquisa, feita pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo em parceria com o Instituto Ayrton Senna, ainda indica que 5,7% dos estudantes relatam presenciar violência psicológica com muita frequência e outros 3,8% presenciam violência física com muita frequência em casa.

“Temos muitas crianças com sintomas de depressão e ansiedade. Uma aluna chegou a desmaiar na escola e várias vezes a criança sai no meio da aula, no meio da prova, não conseguindo respirar, fica lá chorando, tremendo”, relata uma professora da EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Solano Trindade, no Jardim Boa Vista (São Paulo), que preferiu não se identificar.

Para Adriana Curado, coordenadora pedagógica da EMEF Solano Trindade, enquanto a defasagem da aprendizagem causada pela pandemia pode ser trabalhada com ações pedagógicas de reforço e de priorização curricular, o professor não está preparado para lidar com questões de saúde mental: “Teve um momento aqui um dia, que numa sala de cerca de 30 alunos, dez começaram a apresentar sintomas de ansiedade ao mesmo tempo. Então o professor precisa parar a aula, conversar. Os alunos saem de sala, perdem aula, depois no outro dia, eles não vêm. Então não está fácil, porque o professor também não tem formação para lidar.”

Em algumas regiões, a situação se agrava, pois os alunos não têm acesso a serviços públicos de apoio psicológico. “Eu me sinto bem desesperada, com uma sensação de impotência, sobrecarregada e despreparada”, desabafa a professora que se manteve em anonimato.

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