'Diante da tela tem um aluno que precisa se expressar' - PORVIR
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Diário de Inovações

‘Diante da tela tem um aluno que precisa se expressar’

Professora de Novo Hamburgo (RS) conta como foi o trabalho sobre selfie com turma do 5º ano usando tablets na sala de aula

por Luciana Taegtow ilustração relógio 25 de fevereiro de 2015

A escola Marcos Moog é pequena, com 200 alunos de educação infantil até o quinto ano do fundamental. As turmas são reduzidas, porque temos bastante crianças portadoras de necessidades especiais. Não temos sinal de entrada ou de saída e a gente tenta trabalhar muito a arte, porque entendemos que em frente a cada computador tem um ser humano que precisa se expressar, e não ser mero espectador. Nunca ficamos no “máquina pela máquina”. 

A escola faz parte do projeto um computador por aluno desde 2011 e não nos imaginamos mais sem o uso deles. Na nossa cidade, só duas escolas receberam o projeto do governo. Até em escolas particulares não tem isso de um computador por aluno e, se por acaso fosse transferida para uma outra, eu não sei como faria o trabalho. Claro, existem várias possibilidades, mas o computador facilita demais. No início, foi uma loucura, porque os alunos queriam só jogos, muito jogos. E isso passou porque alcançamos outras possibilidades de usar a máquina. Agora, os estudantes se tornam pesquisadores, ficam curiosos, e vêm para sala de aula com muito mais vontade. Não sou só eu dando a minha aula e passando meus conteúdos para eles. São eles indo em busca do que lhes interessa.

Já trabalhamos há bastante tempo a aprendizagem por projetos graças ao computador na sala de aula. Em Novo Hamburgo, temos a Universidade Feevale, que nos propôs um trabalho de intervenção na sala de aula por meio do uso de tablets. Para minha turma, a primeira a passar pela experiência, vieram 15. Eles já sabem mexer melhor do que a gente, porque a maioria tem celular. 

No ano passado, desenvolvi com o quinto ano uma atividade sobre selfie. Como eles são pré-adolescentes, com no máximo 12 anos, estão na fase de tirar fotos para colocar nas redes sociais. O trabalho começou com uma parte teórica, que explicava a história do termo e incluía uma pesquisa de pintores famosos que faziam autorretratos, como Rembrandt e Van Gogh, com o objetivo de trabalhar a autoestima. Em duplas, eles se autorretrataram e depois criaram um livro digital contando toda a experiência em depoimentos gravados em vídeo. Eles foram muito além do que esperava. 

A gente se inspira muito na Escola da Ponte, e tentamos escutar o aluno e ver o que é de interesse dele. A tecnologia e a arte estão sempre ligadas. A escola sempre tentou respeitar o meio ambiente e não ser tão consumista. Por meio do programa Mais Cultura, recebemos periodicamente um artista plástico da cidade, chamado Eduardo Rick Martins, que desenvolveu um trabalho sobre casas feitas com argila. Primeiro mostrou vídeos, contou historia dos oleiros, dos animais que constroem suas casas de barro, material que se desmancha e volta para terra, não forma lixo. Nossa escola também está cheia de mosaicos feitos pelos alunos, que retrataram a fauna e a flora do parque vizinho à escola. 

Em 2015, vamos dar continuidade a esse trabalho. A turma anterior saiu da nossa escola porque só vamos até o quinto ano. Vamos ver como é a demanda da nova turma.


Luciana Taegtow

É professora de artes e tecnologia na Escola Municipal Ensino Fundamental Marcos Moog, em Novo Hamburgo (RS). É estudante de História na Universidade Feevale. Possui formação para trabalhar como multiplicadora do uso de TICs em sala de aula e trabalha com o programa UCA (Um computador por aluno) desde 2011.

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dispositivos móveis, tecnologia

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