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Inovações em Educação

Empresas preparam funcionários para a aposentadoria

Com o aumento da expectativa de vida, futuros aposentados precisam aprender a gerir seus orçamentos e o tempo livre

por Patrícia Gomes ilustração relógio 27 de abril de 2012

Adelino Girardi tinha 50 anos quando foi obrigado a se aposentar na empresa de área financeira onde trabalhava. O ano era 1999 e, na época, quando completavam essa idade, os funcionários eram compulsoriamente mandados para casa e assunto encerrado: nenhuma conversa sobre o tema, nenhum momento para partilhar angústias ou planejar a etapa que estava por vir. Hoje cada vez mais empresas se preocupam em preparar seus funcionários para enfrentar bem essa transição entre os dias atribulados do trabalho diário e a aposentadoria.

“São pouquíssimas as empresas que se preocupam em preparar o funcionário. É um processo ainda muito incipiente”, diz Girardi, que, após viver o baque do momento, começou a dar palestras para pessoas em fase de pré-aposentadoria e escreveu o livro Desaposentado Melhor Agora.

Uma dessas empresas é a Bosch, que está dando os primeiros passos na busca por oferecer apoio mais sistemático aos seus funcionários que estão perto de se aposentar. No ano passado, a empresa desenvolveu um programa-piloto na planta de Curitiba.

“Eu fiz um acordo com o tempo, nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra” (Mário Lago)

O projeto compartilhou orientações sobre previdência privada, cuidados com a saúde, formas de ocupar o futuro tempo livre, dicas financeiras, além de prover apoio psicológico. Também trabalhou com as famílias para prepará-las para acolher essa pessoa que estava prestes a ter mais tempo livre do que costumava ter. “As pessoas sentem muita dificuldade em se adaptar à rotina nova, à falta do contato com os colegas da empresa. É quase uma perda de sobrenome”, diz Lenyr Borsa, que coordenou o programa-piloto da Bosch.

Vital&Idade

Na Unilever, projeto semelhante começou em 2009 com funcionários de Valinhos (85 km de São Paulo) e, nos anos seguintes, foi sendo aplicado em outras unidades até chegar ao público externo – vendedores e distribuidores parceiros da empresa.

O programa, chamado Vital&Idade, prevê 11 encontros presenciais, com um dia de duração cada, em que são abordados vários temas, entre eles o empreendedorismo. “O programa apoia o funcionário e seus familiares na elaboração e na execução de um planejamento de vida pós-aposentadoria, no que diz respeito a questões ocupacionais, a sua saúde física e mental, a seus vínculos sociais e a sua situação econômica”, diz Jessica Hollaender, diretora de recursos humanos da Unilever.

A  intenção do programa é ajudar pessoas que, muitas vezes, estão no auge de sua produtividade a planejar uma fase da vida que pode ser ainda muito longa. Por isso, além dos encontros presenciais, o programa ainda prevê 18 sessões de psicoterapia e duas sessões de consultoria financeira individual.

Na empresa, os funcionários assistidos pelo programa têm idade igual ou superior a 53 anos. “Antigamente, as pessoas se aposentavam e iam para casa morrer. Agora não. Elas vivem mais 30, 40 anos”, diz Girardi.


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