O que esperar da educação nos próximos anos? - PORVIR
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Inovações em Educação

O que esperar da educação nos próximos anos?

Comitiva brasileira que visitou a Bett Show, em Londres, avalia o que foi tendência na maior feira de educação do mundo

por Marina Lopes ilustração relógio 13 de fevereiro de 2017

Personalização, educação mão na massa, uso de dados na gestão da aprendizagem e novas estratégias para impulsionar o ensino de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Algumas das principais tendências apresentadas na Bett Show, conhecida como a maior feira de educação e tecnologia do mundo, dão pistas do que vai transformar a sala de aula nos próximos anos.

Realizada em Londres, entre os dias 25 e 28 de janeiro, a feira reuniu educadores, empreendedores e gestores de diversos países para debater sobre práticas e metodologias inovadoras. Na visão de brasileiros que estiveram presentes ao evento, a consolidação de tendências globais também tem potencial de inspirar transformações na educação nacional, principalmente em um momento de discussões importantes, como a construção da Base Nacional Comum Curricular e a reforma do ensino médio.

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Para a doutora em educação Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer, a educação mão na massa se apresentou como um dos destaques da feira, que inclusive teve uma área dedicada ao tema. “Eu vi o movimento maker como uma grande tendência na área”, ressalta. De pequenas até grandes empresas, a ideia de aprender com atividades práticas e o desenvolvimento de projetos esteve presente durante a Bett Show, que apresentou uma enorme variedade de produtos voltados ao trabalho de robótica, programação e até mesmo a construção de protótipos.

Apesar de sentir falta de mais ferramentas para trabalhar outras linguagens, como comunicação e design, a diretora do Instituto Crescer conta que os projetos de STEM (acrônimo, em inglês, para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) estiveram em alta na Bett Show. “Eles extrapolam um pouco a programação e montagem de robôs para também entrar no desenvolvimento de mecânica e construção de protótipos”, observa.

Já para o reitor da Universidade Estácio de Sá, Ronaldo Mota, a quantidade de projetos na feira voltados para a área de STEM teve relação com um momento vivido atualmente pelo Reino Unido. “Eu diria que isso reflete muito mais uma preocupação forte deles com o tema do que retratar uma tendência”, avalia. Na visão dele, a principal ênfase da feira foi a personalização do ensino. “Eu acredito que, progressivamente, há uma consciência maior de que estamos caminhando em direção a um mundo em que todos aprendem o tempo todo, e cada indivíduo aprende de uma maneira diferente”, reflete.

A partir do que foi visto no evento, ele aponta que a grande tendência é criar um leque de opções metodológicas para flexibilizar oportunidades de aprendizagem. “Você deixa de procurar uma única metodologia ou plataforma que sozinha vai resolver diversos casos”, aponta. Além da diversidade de ferramentas para apoiar o trabalho em sala de aula, ele diz que os sistemas responsáveis por fazer diagnósticos de aprendizagem também ganham força.

Da mesma forma que a medicina faz análises complexas para definir qual é o melhor tratamento de uma patologia, o reitor da Universidade Estácio de Sá diz que o campo da edugenômica vai começar a se consolidar na educação. Por meio de informações genéticas e um conjunto de dados acadêmicos será possível selecionar caminhos educacionais mais compatíveis para cada aluno. “Nós conseguimos, cada vez mais e melhor, caracterizar o educando, seja nas suas potencialidades e fragilidades.”

No que se refere ao uso de tecnologia, Mota ainda destaca uma mudança importante no uso de dispositivos móveis. Segundo ele, as ferramentas apresentadas na Bett Show demonstram que as telas grandes de tablets e outros aparelhos menos compactos estão perdendo espaço para o celular. “Eu diria que os eventos anteriores focavam muito mais em telas grandes ou inteligentes. Gradativamente temos uma preocupação de valorizar os aparelhos menores”, diz.

Quando questionado sobre os possíveis reflexos que as tendências apresentadas em Londres podem ter na Bett Educar 2017, que será realizada entre 10 e 13 maio, em São Paulo (SP), ele diz que espera acompanhar mais discussões sobre como equilibrar quantidade e qualidade na oferta educacional. “O que caracteriza o Brasil em relação a Bett é o fato de que somos um dos países de maior contraste do mundo”, observa.

A consultora em educação e curadora da Bett Brasil Educar, Vera Cabral, que também esteve presente em Londres, adianta que edição nacional irá se inspirar nas tendências globais, mas sem perder o olhar para a realidade brasileira. “Está todo mundo trabalhando para trazer a educação para o século 21”, destaca. Ela ainda menciona que os debates sobre a Base Nacional e a reforma do ensino médio também devem ser contextualizados dentro do cenário mundial.

Com o tema ‘Inovação – Novos Horizontes para a Educação’, o evento brasileiro irá contar com diversas atividades, que se dividem nos eixos de Aprendizagem, Práticas de Sala de Aula, Formação de Professores, Gestão e Políticas Educacionais. “Mais do que falar em grandes novidades, eu gosto de ver tudo o que é apresentado dentro de uma feira dessa natureza como a consolidação de um novo paradigma de educação. Não estamos falando em como deve ser, mas como já está acontecendo”, diz a curadora da Bett Brasil Educar.

Entre as principais tendências apresentadas em Londres e que também devem aparecer no Brasil, ela destaca o uso de dados na gestão escolar como um instrumento para facilitar a tomada de decisões, a integração de humanidades ao ensino de STEM, a criação de estratégias personalizadas para cada estudante e a transformação dos processos de aprendizagem, que não deverão ocorrer apenas na sala de aula, mas também em ambientes colaborativos.

Ao comparar o posicionamento do Brasil em relação ao cenário de tendências internacionais, ela diz ainda é preciso superar um enfoque tradicional. “Estamos procurando entender como que uma solução se enquadra no nosso modelo de escola, e não como o nosso modelo pode ser transformado a partir das soluções que existem. Isso é uma mudança importante que eu acho que os outros países já perceberam.”

O Porvir é parceiro da Bett Educar 2017 e vai realiza a curadoria das sessões de 3 temas, em parceria com o CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), Associação Cidade Escola Aprendiz e Agência Tellus. São eles: 4 elementos para aliar tecnologia e educação, Educação integral na prática e Educação que faz sentido para adolescentes e jovens.


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ciências, educação mão na massa, personalização, tecnologia

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