Projeto seleciona jovens para formação em democracia e cidadania nas escolas
Desenvolvido pela Ashoka em parceria com o coletivo antirracista Encrespad@s, 4º ciclo de Lideranças dos Debates Públicos nas Escolas está com inscrições abertas até 15 de dezembro
por Ana Luísa D'Maschio 2 de dezembro de 2024
O chão da escola é um dos espaços mais democráticos para o diálogo. Nos intervalos entre as aulas, os jovens vivenciam experiências que vão além do currículo, com papos sobre temas que os afetam diretamente, como política e transformação social. O objetivo do projeto Debates Públicos nas Escolas é qualificar essas conversas, para que os estudantes possam desempenhar um papel mais ativo nas questões da comunidade escolar.
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Desenvolvida pela Ashoka, organização sem fins lucrativos que atua no campo do empreendedorismo social, em parceria com o coletivo jovem de educadores antirracistas Encrespad@s, a iniciativa busca promover habilidades essenciais para a cultura democrática, como pensamento crítico, trabalho em equipe, comunicação e protagonismo social. Desde 2022, o projeto já formou 38 lideranças, envolvendo mais de 4,5 mil pessoas em 15 estados brasileiros.
➡️ As inscrições para o 4º ciclo de Lideranças dos Debates Públicos nas Escolas estão abertas até 15/12. A jornada formativa acontecerá entre fevereiro e agosto de 2025, reunindo estudantes de todo o país.
Quando selecionados, os jovens devem realizar pelo menos dois debates em escolas da sua região e participar de encontros virtuais para planejar, simular e trocar experiências sobre como mediar conversas. As formações são a distância, com mentoria da equipe da Ashoka, enquanto os debates acontecem presencialmente nas escolas, em locais acessíveis às jovens lideranças, conforme explica o edital.
“Coisas incríveis acontecem quando essas jovens lideranças se mobilizam. Frequentemente, os debates resultam em ações coletivas, como festivais culturais, a criação de grêmio estudantil, novos projetos na escola e até mesmo a incidência em políticas públicas locais”, afirma Débora Myrlan, Articuladora Nacional dos Debates Públicos nas Escolas.
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A primeira etapa do ciclo é mapear os temas de interesse dos estudantes para as discussões de toda trilha formativa. Durante os encontros virtuais, as lideranças dos debates planejam, simulam e trocam experiências sobre como mediar conversas, escolhendo uma trilha entre os percursos disponíveis no site dos Debates Públicos ou criando um roteiro próprio.
As formações exploram temas que refletem as principais preocupações e aspirações das juventudes. Em 2023, por exemplo, entre os destaques estavam assuntos como justiça climática e acesso ao ensino superior. Os resultados do ano passado estão disponíveis neste relatório de impacto, e inspiram os participantes a criar novos debates em suas escolas.
É o caso de Otávio Ortaet, de Guarulhos (SP), que aproveitou o curso para organizar uma série de reuniões com seus colegas do Clube de Cinema. “Os encontros mostram a força que tem uma atividade onde os jovens têm voz e podem falar abertamente de suas dores e anseios. Proporcionar esta oportunidade a meus colegas me dá muita satisfação e energia”, diz.
Bonnie Jardim, que mora em Iraquara, no interior da Bahia, também mobilizou mais de 100 estudantes neste semestre para discutir soluções para problemas enfrentados no cotidiano de sua escola. “Os Debates me ensinaram a ser mais paciente e resiliente ao organizar as pessoas, além de pensar fora da caixa por um propósito coletivo”, comenta.
Já o estudante Wagner Rocha, de Bragança (PA), vê no projeto uma maneira de mudar a realidade a partir da escola, da rua e até mesmo da própria casa. “Esse é, sem dúvida, o maior aprendizado que eu obtive e acredito que conseguiremos mais lideranças dispostas a agirem em suas realidades com esse incentivo também.”