Game capacita médicos para prescrever insulina - PORVIR

Inovações em Educação

Game capacita médicos para prescrever insulina

Jogo foi o campeão da etapa nacional da Imagine Cup, competição da Microsoft que premia projetos elaborados por estudantes

por Patrícia Gomes ilustração relógio 12 de abril de 2013

Um médico experiente que atende os casos de diabetes quer sair de férias para Acapulco, mas tem um problema: quem poderá atender seus pacientes enquanto estiver fora? A prescrição correta da dosagem de insulina, ele sabe muito bem, não é algo trivial e a decisão depende da análise de uma conjunção de fatores. Para essa tarefa, ele escolhe um jovem médico, que não se sente seguro para isso. A historinha contada introduz o game InsuOnline, que foi o ganhador da etapa nacional da Imagine Cup, competição realizada pela Microsoft que premia projetos de tecnologia desenvolvidos por estudantes. A equipe Oniria Games for Health Brazil, da Faculdade Pequeno Príncipe, em Londrina, vai representar o país em julho na final mundial, na Rússia, com seu projeto que visa capacitar médicos de unidades básicas de saúde e estudantes a para o tratamento da diabetes.

No game, o jogador encarna a figura do médico principiante. Ele pode escolher entre 16 casos com níveis diferentes de dificuldade. No consultório, o jogador vai conduzindo os diálogos a partir das queixas e do prontuário do paciente, que contém histórico familiar e da doença, o tipo e a dosagem da medicação que está tomando e demais informações clínicas. Ao clicar na opção de analisar os exames, ele receberá informações a respeito dos níveis de glicemia, creatinina e outros. Um quiz o faz responder perguntas sobre o caso e o leva a diagnosticar o presente estado do paciente. Entre uma pergunta e outra, o médico experiente, aquele que foi para Acapulco, dá dicas para o jovem médico. Em seguida, o jogador deve prescrever a dosagem mais adequada de insulina. “A condição de vitória é encontrar a melhor dosagem da insulina. No mais difícil, o médico que conseguir chegar ao ajuste correto, realmente sabe fazer isso”, afirma Leandro Diehl, integrante da equipe vencedora. (Veja vídeo demonstração, com legendas em inglês mais abaixo).

Game capacita médicos para a prescrição de insulinacrédito bit24 / Fotolia.com

 

Diehl é endocrinologista e, ao dar aulas para a graduação, percebeu a dificuldade de os alunos acertarem o ajuste correto das dosagens de diabetes. Resolveu, então, elaborar um game que capacitasse os estudantes e médicos da atenção básica para essa função e, na sua tese de doutorado, está medindo a eficácia de usar jogos na formação médica. “Isso ainda é muito novo no Brasil”, diz o médico, que buscou inspiração em simulados norte-americanos voltados ao tratamento da diabetes. “Nos nossos testes, a aceitação tem sido grande”, afirma.

Seu parceiro Rodrigo de Souza entrou com a parte da tecnologia. Ele é diretor de arte da Oníria Games, empresa especializada em desenvolver games, boa parte voltada à educação. “Esse projeto foi feito e refeito várias vezes e estamos há 2 anos e meio trabalhando nele”, afirma. Daqui até a apresentação final, na Rússia, a equipe ainda tem de dar um acabamento ao produto, que ainda não está disponível para compra. “Vemos a venda para governos e licenciamento para universidades como possibilidades de modelo de negócio”, afirmou Souza. “Os médicos gastam muito dinheiro para se manter atualizados. Vão a congressos, compram livros. O game pode ser uma dessas ferramentas”, completou Diehl.

 

Imagine Cup

A equipe de Londrina foi a vencedora entre três finalistas. As outras duas foram a Life Up, que tem integrantes da Federal da Paraíba e da de Pernambuco, e a Moscow, Perdeu, da Unesp de Bauru. A Life Up desenvolveu um game para ajudar na socialização de crianças diagnosticadas com autismo. A equipe paulista fez um jogo de entretenimento ocorrido no espaço que aplica conceitos de gravidade e aceleração gravitacional em sua narrativa.

De acordo com Cristian Fialho, gerente de projetos acadêmicos da Microsoft, a maior parte dos projetos acaba envolvendo educação. Na final mundial, afirma ele, há a preocupação de que os projetos possam contribuir para atingir as metas do milênio, estabelecida pela ONU em 2000. “Os projetos têm um apelo forte na área de educação e na de saúde”, afirma. “A Imagine Cup estimula jovens estudantes brasileiros a desenvolverem tecnologias inovadoras que possam ter impacto na sociedade e na vida de cada um desses nossos novos empreendedores”, diz Michel Levy, presidente da Microsoft Brasil.

crédito Divulgação

Leandro Diehl e Rodrigo de Souza, vencedores da etapa nacional da Imagine Cup

O Brasil tem tradição de ir bem nas finais mundiais da Imagine Cup. Só no ano passado, por exemplo, uma dupla de irmãos paulistanos, os Sonnino, levou o primeiro lugar em duas categorias. Uma equipe brasileira de Curitiba ficou com a segunda colocação em uma terceira categoria. Em outros anos, representantes brasileiros também voltaram para casa com os troféus e os cheques assinados pela Microsoft para ajudar a desenvolver os projetos.


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empreendedorismo, microsoft, programação

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