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Inovações em Educação

Jogo ensina fundamentos de programação para desenvolver habilidades

Osmo Coding usa a câmera do iPad para ler comandos em blocos de madeira e propõe que as crianças ponham a mão na massa para entender como os computadores funcionam

por Camila Leporace ilustração relógio 6 de setembro de 2016

O que fazer para preparar para o futuro as crianças e os jovens do mundo hiperconectado e rodeado de computadores em que vivemos? Ensiná-las os princípios básicos da programação pode ser um bom caminho. A partir dessas noções, as crianças desenvolvem outras habilidades que também lhes serão úteis, pessoal ou profissionalmente. O Osmo Coding é um jogo que surgiu com esse foco.

“Considero importante que as crianças tenham um entendimento básico de como os computadores funcionam. Com a tecnologia e os computadores em todo lugar, é importante que quem está crescendo não os veja como uma formidável e mágica caixa preta, mas como uma máquina que é resultado de uma combinação de regras muito simples e compreensíveis”. É nisso que acredita o engenheiro de software Felix Hu, um dos criadores do Osmo Coding, inicialmente chamado de “Strawbies”.

Por meio de blocos de madeira que correspondem a comandos de programação, o jogo propõe que as crianças ponham a mão na massa para entender a linguagem do computador. O equipamento utiliza a câmera frontal do iPad para reconhecer a ordem e a forma como as crianças organizam os blocos físicos. Com as peças, elas comandam um carismático personagem que gosta de comer morangos, direcionando-o para que encontre as frutas. A Osmo oferece, além do Coding, outros tipos de jogos, como o Monster – que dá vida a desenhos feitos pelas crianças na tela do iPad – e o Tangram, que usa peças físicas de quebra-cabeças para que os jogadores montem figuras que aparecem na tela do tablet.

Para quem acha que o Osmo Coding, desenvolvido para crianças a partir dos cinco anos, se propõe a ensinar algo muito complexo para a idade, Felix esclarece que a ideia não é exatamente ensinar as crianças a programar, mas levá-las a experimentar os fundamentos da linguagem de programação. Ele avalia que o contato com os códigos pode ajudar no desenvolvimento de outras habilidades, como a criatividade, a resolução de problemas e a capacidade de abstração. Esta última é particularmente associada ao aprendizado de qualquer sistema complexo, como a matemática, a física e até os idiomas. Sob um ponto de vista mais surpreendente, ter noções de códigos pode ajudar em atividades como a pintura ou a prática musical. “Na música, especialmente, é fácil encontrar regras simples que levam a resultados complexos e maravilhosos. De Bach ao pop moderno, você encontra padrões e algoritmos”, explica.

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Por utilizar blocos que as crianças manipulam, o jogo propõe um aprendizado por meio de atividades sinestésicas, provocando os sentidos e contribuindo também para a melhoria das noções espaciais. As peças são coloridas e se assemelham a outros brinquedos, familiares às crianças, o que as encoraja a experimentar. Além disso, por permitir que várias pessoas joguem simultaneamente no mesmo iPad, os jogos da Osmo estimulam a colaboração e o trabalho em equipe. E eles foram pensados de uma maneira que exige pouca intervenção dos pais ou responsáveis pelas crianças, dando-lhes independência e fazendo com que elas aprendam com seus erros.

A inspiradora história dos criadores

A história dos criadores do Osmo Coding se assemelha, provavelmente, às trajetórias que muitas das crianças de hoje irão trilhar em seu futuro profissional. Hoje com 25 anos de idade, Felix Hu desenvolveu os princípios fundamentais do jogo com dois amigos, recém-saídos da faculdade como ele – a designer industrial Ariel Zekleman e o designer gráfico Eric Uchalik – no ano de 2014. Eles trabalharam sob a coordenação de um professor de Ciências da Computação e Ciências da Aprendizagem, Michael Horn.

Horn havia desenvolvido um projeto de pesquisa no Boston Museum of Science que possibilitava que os visitantes controlassem um robô de duas formas: por meio da tela de um computador ou usando blocos dispostos em uma mesa. O pesquisador concluiu que os blocos eram muito mais atraentes para as crianças, independente de sua idade ou do gênero. Com base nessa constatação, a equipe de Hu desenvolveu algo especificamente voltado para crianças. Horn apresentou o grupo de Felix à equipe da Osmo, responsável pelo acessório que conecta o jogo físico ao software para que funcione com o iPad. Felix e seus dois parceiros foram contratados pela empresa, no Palo Alto.

Artigo Michael Horn: Não ensine determinação. Incorpore

Uso no currículo escolar

Usado em 15 mil escolas de 42 países, o conteúdo da Osmo arranca elogios de professoras como Jennifer Auten, da Califórnia, que deu seu depoimento para um vídeo promocional do game. Ela destaca a importância dos blocos físicos. Antes de conhecer esses jogos, Jennifer nunca havia visto um tablet ser usado sem o já tradicional toque na tela. Atenta à preparação dos professores para o uso desses recursos em sala de aula, a Osmo oferece planos pedagógicos para escolas. Esse material pode ser encontrado no site da empresa.

Os jogos podem ser adquiridos online, mas a Osmo ainda não realiza entregas no Brasil.


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brincadeiras, dispositivos móveis, educação mão na massa, programação, tecnologia

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