Narrativas pessoais valorizam conhecimento de professores e alunos da licenciatura - PORVIR
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Diário de Inovações

Narrativas pessoais valorizam conhecimento de professores e alunos da licenciatura

Vencedor do Prêmio Professor Rubens Murillo Marques, professor conta como trabalhou com relatos de experiências nos cursos de pedagogia e educação física

por Marcos Garcia Neira ilustração relógio 3 de janeiro de 2018

Inspirada na própria perspectiva cultural da educação física, tive a ideia de valorizar, no âmbito da formação, os conhecimentos produzidos pelos professores que atuam na educação básica. A prática de registrar relatos de experiência é adotada, desde 2004, pelo Grupo de Pesquisas em Educação Física escolar da FEUSP (GPEF). Com o tempo e a divulgação desses documentos no site (http://www.gpef.fe.usp.br/), percebemos que a criação de narrativas pessoais se revelou uma atividade interessante de autoformação e formação de colegas. Diante dos bons resultados alcançados com docentes em atuação, surgiu a ideia de desenvolver a mesma atividade no curso de licenciatura.

O trabalho com relatos de experiência acontece na da disciplina “Metodologia do Ensino de Educação Física”, ofertada aos alunos da licenciatura em educação física e licenciatura em pedagogia. No texto encaminhado à FCC (Fundação Carlos Chagas), que foi vencedor do Prêmio Professor Rubens Murillo Marques, descrevemos apenas o projeto realizado com as turmas da educação física, mas o efeito é o mesmo. As turmas da licenciatura em pedagogia também analisam e produzem relatos de experiência inspirados na perspectiva cultural da educação física.

A leitura e a análise de relatos de práticas pedagógicas inspira a pensar em outras formas de exercer a docência. Já a produção de narrativas pessoais sobre experiências realizadas estimula a reflexão sobre a própria ação. Quando isso é feito em um coletivo de professores ou na sala de aula da licenciatura, ocorrem inúmeras discussões a respeito de situações vividas, mobilização de conceitos extraídos das teorias que fundamentam as intervenções e análises a partir das experiências individuais. Tudo isso posiciona os estudantes da graduação em situações bem semelhantes àquelas vividas durante o exercício profissional. Afinal, têm que pensar e buscar alternativas para problemas concretos, vividos por eles mesmos ou seus colegas.

As turmas acessaram a bibliografia que inspira a educação física culturalmente orientada, participando de debates, aulas expositivas e dialogadas sobre as teorias pós-críticas da educação. Conheceram os resultados das pesquisas realizadas nas escolas com essa proposta e estagiaram com professores que a adotam. Também leram, analisaram e expuseram suas interpretações sobre os relatos de experiência elaborados por esses docentes e outros, todos disponíveis no site do GPEF.

Os professores também foram convidados a apresentarem suas experiências oralmente em sala de aula e, finalmente, os estudantes relataram suas próprias experiências com os estágios de intervenção. Tanto as análises quanto os relatos que elaboraram foram lidos e comentados pelos colegas e por nós (eu e o monitor da turma, também professor da educação básica).

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Marcos Garcia Neira

Licenciado em educação física e pedagogia, com mestrado e doutorado em educação, pós-doutorado em currículo e livre-docência em metodologia do ensino de educação física. É professor titular da Faculdade de Educação da USP, onde atua nos cursos de graduação e pós-graduação e coordena o Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar.

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aprendizagem colaborativa, ensino superior

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