Organizações lançam laboratório para promover inclusão das juventudes no mundo do trabalho - PORVIR

Inovações em Educação

Organizações lançam laboratório para promover inclusão das juventudes no mundo do trabalho

Iniciativa foi lançada pelo UNICEF, FGV DGPE, Itaú Educação e Trabalho e Instituto Unibanco durante evento em São Paulo

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 22 de setembro de 2023

Jovens são o grupo da população mais afetado pelas mudanças no mercado de trabalho e pela crise econômica que afeta o país há pelo menos dez anos. Ter entre 15 e 29 anos no Brasil significa enfrentar altas taxas de desocupação, baixos salários e desilusão quanto ao futuro.

Superar problemas de tal magnitude depende de políticas públicas capazes de tratar múltiplos aspectos de maneira coordenada e coerente, em vez de abordagens fragmentadas. Em outras palavras, a educação, sozinha, não tem como trazer todas as soluções. Para trazer um olhar multidisciplinar às políticas públicas destinadas a essa parcela da população, foi lançado nesta quinta-feira (21) o Laboratório de Inclusão Produtiva das Juventudes durante o Encontro Educação e Trabalho: Perspectivas da Educação Profissional e Tecnológica, realizado pelo Itaú Educação e Trabalho em São Paulo (SP).

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A iniciativa é do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), do FGV DGPE (Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas), Itaú Educação e Trabalho e do Instituto Unibanco.

A nova organização vai trabalhar dentro de seis eixos:

  • Mapeamento de boas práticas, com o objetivo de tornar visíveis e promover a troca de informações entre os estados em relação às suas políticas públicas;
  • Formação, visando capacitar gestores públicos e lideranças sociais para que compreendam cada vez mais a pauta e, consequentemente, se engajem na luta por melhorias;
  • Reconhecimento, para incentivar os atores a participarem ativamente e buscarem os melhores resultados;
  • Organização e produção de conhecimento acadêmico, com o propósito de garantir o acesso a essas informações por toda a população;
  • Apoio técnico, com foco na elaboração de planos de ação estaduais a partir de diagnósticos de suas políticas públicas de inclusão produtiva de jovens;
  • Monitoramento, para desenvolver uma agenda de inclusão produtiva de jovens baseada em evidências.

Ao reunir uma coalizão que inclui sociedade civil, governos e setor produtivo, o projeto tem como objetivo desenvolver ações como o fomento a uma agenda nacional para a inclusão produtiva das juventudes, apoio na implementação ou aprimoramento de políticas públicas, mapeamento e incentivo a boas práticas, produção de conhecimento sobre a temática, entre outros.

Mônica Pinto, chefe de Educação do Unicef, afirma que são necessárias ações multi e intersetoriais para atender às necessidades dos jovens. “Em situação de extrema vulnerabilidade, é preciso acionar outras políticas sociais para garantir que adolescentes e jovens estudem”. Outro aspecto lembrado por Mônica tem a ver com a visão que a sociedade tem a respeito dos jovens. “A gente não compreende que os jovens são parte da solução. Enquanto não houver diálogo, desperdiçaremos grandes oportunidades. Por mais que haja uma demanda do mercado de trabalho, da economia verde e digital, adolescentes e jovens são potência, têm seus sonhos e seus talentos. É preciso estabelecer uma dinâmica na qual a gente ouça e traga esses jovens para protagonizar o desenvolvimento dessas soluções”.

Para Mônica, além de considerar maneiras mais eficazes de acesso ao mercado de trabalho, é urgente também pensar em como permitir a continuidade dos estudos. “Nas empresas e no governo, existe uma visão universalizante do jovem e do adolescente, sem que se entenda a cultura e o contexto de onde ele vive”.

Já Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, a iniciativa vem em um momento importante em que o país caminha para o fim do bônus demográfico e terá, em breve, menos jovens e mais idosos. “É necessário construir políticas públicas de inclusão produtiva para os jovens que não vão para o ensino superior, que somam mais de 80% dos estudantes atualmente. Com o LINC, será possível criar iniciativas para a inserção dos jovens no mundo do trabalho, orientá-los e prepará-los para as oportunidades que são oferecidas hoje. Só assim poderemos conter a reversão em que caminha nosso bônus demográfico”, explica Inoue.

José Henrique Paim, diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV, avalia que educação profissional, juventudes, empregabilidade e cidadania são agendas urgentes. “A pesquisa Education at a Glance 2023 (da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 38 países), publicada este mês, mostra que apenas 11% dos estudantes brasileiros com idade entre 15 e 19 anos estão inseridos no mundo da educação profissional, mesmo percentual dos com idade entre 20 e 24 anos. Temos conhecimentos e aprendizados consolidados para reverter esse quadro. Somar esforços é estratégico”.

No estudo, o Brasil também recebe um destaque negativo por ter uma alta porcentagem de jovens que nem estudam e nem trabalham e um baixo investimento por aluno. São US$ 3.583 anuais (cerca de R$ 17,7 mil), o terceiro pior do ranking entre membros da OCDE e parceiros: fica à frente apenas do México (US$ 2.702) e da África do Sul (US$ 3.085).

Para Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, o LINC possui alto potencial de gerar impacto por ser um fomentador de projetos integrados, que abordam a inclusão do jovem sob diferentes perspectivas. “Se queremos reforçar a inclusão produtiva dos jovens, não podemos olhar só para a educação, ou só para o mercado. É preciso um olhar integral. Apenas se esse jovem tiver condições mínimas de saúde física e mental, convivência, acesso à cultura e o básico de estrutura financeira, ele terá como se desenvolver e disputar espaço de trabalho”.


TAGS

educação profissional, ensino médio, equidade

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