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Como Inovar

Plataforma ajuda professor a identificar dificuldades de aprendizagem

Destinada a crianças, Scoola promove ensino personalizado e gera relatórios individuais sobre as características de aprendizado

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 29 de março de 2016

É indiscutível que cada aluno aprende de uma forma diferente. Mas, em uma sala cheia, pode ser difícil para o professor entender o ritmo de cada criança, suas facilidades e dificuldades para aprender novos conteúdos. Pensando nisso, Marcelo Paixão e Weldys Santos criaram a Scoola, uma plataforma educacional que promove a personalização do aprendizado. Desenvolvida especialmente para educação infantil e ensino fundamental, o professor pode usar as atividades sugeridas ou criar as suas próprias, que servem para auxiliá-lo a identificar dificuldades de aprendizagem.

Apesar dessa funcionalidade, a ideia inicial da plataforma era ajudar na gestão pedagógica. “A nossa ideia era criar uma ferramenta mais voltada para o gerenciamento pedagógico do que administrativo. Ao invés de gerenciar funcionários, a proposta era manter planilhas de turma e planos de aula”, afirma Weldys Santos, diretor executivo da startup maranhense. “Nós percebemos que só aquilo não estava sendo suficiente para melhorar algumas escolas ou melhorar a educação em si”. Ele conta ainda que essa vontade de fazer algo para melhorar a educação veio de seu sócio, Marcelo, que desde os 19 anos atua na área.

Eles começaram a pesquisar escolas do Maranhão e descobriram que era possível detectar algumas dificuldades de aprendizado a partir de atividades. “Primeiro, nós iríamos fazer exercícios em papel. Mas, estudando as escolas, vimos que um grande investimento eram os tablets. As instituições compravam os aparelhos e davam para os professores que, já que não sabiam como usá-los, devolviam para a coordenação”, relata Santos.

Portanto, eles viram a oportunidade de criar o aplicativo Scoola, uma plataforma adaptativa de ensino personalizado de acordo com o desenvolvimento de cada aluno. O uso da plataforma funciona da seguinte forma: o professor escolhe ou cria atividades dentro da ferramenta e, em um primeiro momento, aplica a todos os estudantes da sala. Depois, de forma automática, o sistema identifica qual aluno está com mais facilidade, para passar uma atividade mais difícil, e qual está com mais dificuldade, para passar uma mais fácil.

Um dos exercícios sugeridos, por exemplo, consiste em arrastar um objeto para dentro da caixa. Nessa ação, são analisados muitos elementos, como: se o aluno arrastou direto pra caixa, qual traçado fez, como inseriu o objeto dentro da caixa (de forma caprichada ou se deixou algum pedaço para fora), se o aluno ficou brincando com o cursor, se tentou várias vezes, o tempo de realização, entre outros. Distribuídos de acordo com o nível de aprendizado de cada aluno, os exercícios ainda podem ser de múltipla escolha (com textos e imagens), de completar a frase, de responder o que vê na imagem, de arrastar e soltar, entre outros.

Segundo Santos, todos esses dados contribuem para traçar um perfil da criança e diagnosticar possíveis dificuldades de aprendizagem. A ferramenta utiliza as informações sobre a performance dos estudantes nas atividades, a forma como respondem, seu histórico e faz um relatório individual de desenvolvimento baseado na comparação com outros colegas.

O diretor comercial Douglas Yossida afirma que a intenção da plataforma é ajudar estudantes que não conseguem aprender a partir da forma tradicional de ensino. “Como a gente fala muito de dificuldades e habilidades, às vezes parece que estamos tentando encontrar algum problema no aluno. Mas não é isso. Para o professor, é muito difícil saber exatamente como cada um está indo”. Segundo ele, é importante mostrar que, se o estudante não aprende de determinada forma, existem outros caminhos.

A personalização da plataforma

Santos ressalta que a possibilidade de personalização da plataforma é um ponto forte da Scoola. “O professor pode personalizar tudo, desde o fundo, até as cores, as imagens, até as atividades e o grau de dificuldade delas”.

Essa opção de criação não obriga o docente a se prender às atividades sugeridas. “O que a gente mais quer é que o professor crie. Se nós queremos atingir o nível Brasil, é preciso entender que a maneira de ensino no Nordeste não é a mesma que no Sudeste, por exemplo”, defende Yossida. Santos defende que até as diferenças de linguagem entre regiões influenciam no processo educacional. “Mesmo a forma de falar, tu e você, por exemplo, são diferentes entre as regiões. Então não dá pra tratar educação no Brasil da mesma forma para todos os alunos. Nós não somos um sistema de ensino, não queremos chegar e empurrar conteúdo. A gente quer valorizar o trabalho do professor junto do aluno”.

Modelo de negócios

Com o aplicativo já lançado na Play Store (loja online de aplicativos para o sistema Android), a equipe da Scoola está trabalhando para fechar contratos com as escolas. Segundo Santos, cinco instituições do setor privado de ensino do Maranhão já contrataram a plataforma.

Ele explica que existem duas formas de utilizar os serviços. “Para professores independentes, o aplicativo é gratuito. Se ele for um professor particular e quiser usar com seus alunos, ele está livre pra isso”. Entretanto, essa opção não inclui os relatórios com dados qualitativos, apenas os exercícios.  “A forma livre do aplicativo não tem esses dados sensíveis sobre dificuldades de aprendizagem, até porque são informações que podem ser de saúde. Por isso, a gente tenta amarrar essa análise por um contrato”.

Já para escolas que precisam dessa e outras informações, o uso do aplicativo é cobrado por aluno (R$ 5 por aluno). As instituições que contratarem os serviços da plataforma têm a possibilidade de receber workshops para que seus professores sejam treinados e aproveitem a Scoola da melhor forma possível.

Como a plataforma ainda está em um estágio inicial de desenvolvimento, essas oficinas são ministradas pela própria equipe desenvolvedora. “Hoje nós temos um pacote de quatro workshops, que são para a escola e para os professores, e um para os pais, para mostrar como a tecnologia dentro da educação pode funcionar”, afirma Santos. Segundo ele, o plano é, no futuro, fazer vídeos, webinars, seminários via Hang Outs (ferramenta online de conversa) e eventos para disseminar o conhecimento sobre a plataforma.

 


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aplicativos, educação infantil, empreendedorismo, ensino fundamental, negócios de impacto social, personalização, plataformas adaptativas, tecnologia

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