Produção brasileira concorre a prêmio de TV da América Latina - PORVIR
Crédito: Divulgação TV Escola

Inovações em Educação

Produção brasileira concorre a prêmio de TV da América Latina

A série “Fabulosas Coleções do Seu Gonçalo”, da TV Escola, usa animação para ensinar matemática

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 22 de julho de 2016

Uma dupla de amigos. Um cadeado rebelde. Um pai em perigo. E uma filha determinada a encontrá-lo. Dá pra acreditar que nesse cenário é possível aprender inúmeros conceitos de matemática? Essa é a ideia do Programa Fabulosas Coleções do Seu Gonçalo. Trata-se de uma produção da TV Escola que reúne uma série de animação para TV, jogos e sequências didáticas. O conteúdo da série está concorrendo ao prêmio de Melhor Produção Infantil no Prêmio Televisión América Latina, que recebe votações até domingo (dia 24).

Voltada a estudantes do segundo e terceiro ano do ensino fundamental, a série de 13 episódios, lançada em maio, é conduzida pela relação entre Seu Gonçalo, um colecionador, e sua filha Vica. Para passar mais tempo com ela, Gonçalo decide doar suas coleções. Mas, para impedi-lo, Lock, um cadeado rebelde, tranca os dois dentro do baú dos objetos. Bel e Waltinho, uma dupla de amigos, atropelam o Fado Madrinho (isso mesmo!) de Vica, que está desesperado para resgatá-la. Sem perder tempo, os três partem em uma aventura para resgatar pai e filha.

O começo da série

O programa Fabulosas Coleções surgiu como uma demanda da própria TV Escola. Segundo a gerente da emissora, Daniela Pontes, a criação do edital que deu origem à série vai de encontro ao projeto do MEC “Pacto de alfabetização na idade certa”. Em entrevista ao Porvir, ela conta que esse foi o segundo edital lançado para produzir séries infantis. A versão lançada em 2012 trabalhou conteúdos do primeiro e segundo ano do ensino fundamental, enquanto que a desse ano focou no segundo e terceiro ano. Segundo ela, a escolha pela disciplina matemática é uma grande demanda do canal. “Português e matemática são conteúdos que a gente não acha prontos facilmente”.

Fabulosas-Colecoes4Crédito: Divulgação TV Escola

A estratégia de unir conteúdos em diferentes plataformas foi, segundo Pontes, uma tendência de mercado e da educação. “A gente queria emplacar essa tendência de produções crossmídia e transmídia também na área educativa”. Além disso, a gerente conta que muitos projetos educacionais já traziam a questão da gamificação para dentro da sala de aula, mais um incentivo para colocar jogos dentro da proposta da série.

A relação com o ensino da matemática e o enredo de aventura

A ideia de um baú que guarda as coleções de Seu Gonçalo surgiu a partir da caixa de cacarecos do professor responsável pelo conteúdo da série, Cristiano Muniz. Em entrevista ao Porvir, ele conta que seus 40 anos de experiência e pesquisa mostraram que propostas didático-pedagógicas precisam de representações concretas. “Para cada conteúdo, eu tenho um tipo de material diferente, organizado em caixinhas, que eu levo dentro de uma mala vermelha. Eu apresentei esse material para a equipe produtora e eles ficaram encantados, porque não conheciam a perspectiva de ensinar matemática com apoio de material concreto”.

Segundo Caetano Curi, um dos diretores da série, o objetivo da produção é que as crianças aprendam sem perceber, já que estão imersas na história. “A ideia é que os conteúdos estivessem envolvidos dentro do desafio de cada episódio e que não se esgotassem no desenho animado”, explica Curi, referindo-se aos jogos matemáticos que relacionam-se com cada episódio. “Na animação, a criança vivencia a solução de um problema enfrentado pelos personagens. Por mais que ela não compreenda todo aquele conteúdo, conforme ela vai avançando na série e aquilo vai sendo explorado pelo professor, por exemplo, com a sequência didática, ela já está envolvida emocionalmente com aquele cenário e aquele problema”.

Fabulosas-Colecoes1Crédito: Divulgação TV Escola

Ele defende que a dramaturgia, a narrativa com as crianças e o gênero aventura ajudam os alunos a construir um conjunto de relações. “Na medida que ela guarda essas relações que estabeleceu com o conteúdo, ela vai sendo capaz de associar uma coisa com a outra e cria um raciocínio lógico”.

Como conteudista da série, Muniz complementa essa ideia ao afirmar que o desenvolvimento infantil está ancorado na questão do imaginário. “A criança é movida por aceitar e responder desafios. Os próprios processos de andar e falar, por exemplo, estão associados a essa capacidade de aceitar desafio e de propor soluções. Isso vem ao encontro do significado de aprender e produzir matemática, que é a resolução de problemas. Nesse sentido, a série vem calcada nessa perspectiva de motivar as crianças numa grande aventura que é da ‘matematização’ dentro da vida”.

Assim como Curi, o professor ressalta que o grande mérito da série é apresentar a matemática dentro de uma narrativa conectada ao mundo infantil e imaginário. “A matemática tece o próprio enredo das aventuras das crianças nos diversos ambientes”.

As sequências didáticas são destinadas aos professores que querem trabalhar os conteúdos matemáticos centrais apresentados em cada episódio da série. As sequências podem ser acessadas na parte exclusiva do professor dentro do portal e cada uma delas especifica quais conteúdo foram trabalhados em cada episódio, além de trazer ideias de como o professor pode utilizar os conteúdos em sala de aula e ampliar sua aplicação em outros jogos e situações.

Mas não é só a matemática que pode ser trabalhada a partir do conteúdo do programa. Um dos personagens da série, que ajuda a dupla Bel e Waltinho, é o Fado Madrinho da Vica. A mudança de gênero de um personagem tradicionalmente feminino teve como objetivo quebrar o estereótipo de “coisa de menina e coisa de menino”. “A ideia é pensar um personagem que brinque com essa coisa de ‘isso é de menina’ e ‘isso é de menino’”, explica Ju Cavalcante, da equipe da TV Escola. Apesar da série não aprofundar muito a questão, ela defende que os professores podem usar o personagem para discutir questões de gênero dentro da sala de aula.

Programa concorre a prêmio da América Latina

Com o objetivo de promover e reconhecer a produção de conteúdo de qualidade nas emissoras de TV da América Latina, o Prêmio TAL (Televisión América Latina) recebe votações até o dia 24 de julho. Até o dia 27, a votação continua para o Prêmio Especial do Público, que será concedido ao vídeo mais votado entre todas as categorias.

Ao todo, são 11 categorias a serem votadas, como Melhor Produção Infantil, categoria que a série Fabulosas Coleções do Seu Gonçalo disputa. Além da opinião do público, o vencedor também será definido de acordo com os votos de um júri especializado.

Nesse link, todos os interessados conseguem conferir resumos das produções e trailers, além de votar na sua favorita.


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ensino fundamental, jogos, objetos digitais de aprendizagem, prêmios

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