Professora aproxima escola e famílias para ajudar na alfabetização dos alunos - PORVIR
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Diário de Inovações

Professora aproxima escola e famílias para ajudar na alfabetização dos alunos

Com projeto "Família e Letramento no Contexto Escolar", a educadora Juliana Fernandes mostrou aos responsáveis como seus filhos aprendem a ler e escrever

por Juliana dos Santos Fernandes ilustração relógio 9 de junho de 2016

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Este conteúdo faz parte da
Série Engajamento Familiar

A aquisição da leitura e da escrita tornou-se fonte de discussão constante em nossa escola, pois, para algumas famílias, quanto antes as crianças fossem alfabetizadas, maior sucesso acadêmico teriam. Além disso, eram frequentes os questionamentos quando percebiam a diferença do ritmo de aprendizagem de cada aluno, criando uma espécie de competitividade, sem o entendimento das fases de alfabetização. Desde a educação infantil, as famílias já tinham essa expectativa de que as crianças iriam aprender a ler e escrever logo no primeiro ano.

Então, a gente começou com um trabalho de avaliação dentro da escola com as professoras. Num primeiro momento, houve a necessidade delas passarem por toda a teorização daquilo que nós vínhamos trabalhando em sala de aula. Aí foram feitos encontros de formação sobre esse conceito do letramento.

A partir daí, mudou a maneira que elas trabalhavam dentro de sala de aula. Toda a estrutura de atividades mudou, desde o diagnóstico da criança, de saber o que ela já sabe, até o processo de avaliação, que são sondagens mensais. Apesar de estarem inseridos no grupo, a gente avalia o desenvolvimento individual de cada aluno. Nos primeiros anos e nas séries iniciais, a gente trabalha com gêneros textuais, entre poemas, letras de músicas, bilhetes, cartas.

Formação inicial com as professoras do Colégio

Formação inicial com as professoras do Colégio Novo Tempo. Crédito: Divulgação

Mesmo com esse trabalho, as crianças diziam coisas durante as atividades como “a minha mãe falou que não é assim que faz”. Juntamente a isso, eu acabava fazendo vários atendimentos, mas, na verdade, as dúvidas das famílias eram as mesmas.

Foi nesse contexto que surgiu a ideia, em 2013, de trazer as famílias pra dentro da escola com o projeto “Família e Letramento no Contexto Escolar”. Elaboramos dois grandes encontros com os pais: um quando os alunos estavam na última etapa da educação infantil e outro já no ensino fundamental 1.

No primeiro encontro, as famílias de alunos do último segmento da educação infantil visitaram o prédio do ensino fundamental 1 e conheceram todo o contexto da alfabetização. Quando essas crianças passaram pro primeiro ano, os pais foram convidados a participar de uma oficina de letramento. Nessa ocasião, a professora aplicou uma atividade para cada uma das hipóteses de alfabetização.

Formação dos pais no Colégio Novo Tempo. Crédito: Divulgação

Formação dos pais no Colégio Novo Tempo. Crédito: Divulgação

Foi fantástico, porque quando a professora começou a apresentar as fases da alfabetização, os pais começaram a identificar o que viam em casa. A partir desse momento, a professora foi apresentando a intervenção adequada, desde aquele aluno que ainda não lia e não escrevia funcionalmente, até mesmo aquele aluno que já lia e escrevia.

Com isso, algumas famílias foram sanando suas dúvidas. Já outras precisaram de um atendimento para que a gente apresentasse a metodologia da escola. Nós fizemos esses atendimentos individualizados para mostrar a necessidade da escrita espontânea da criança porque, muitas vezes, os alunos falavam “a minha mãe soletrou a palavra e eu coloquei todas as letras”. Isso significa que aquela lição de casa não foi produzida pela criança, e sim pelo adulto.

A partir daí, a demanda das famílias em relação à escola mudou. Não virou uma demanda de cobrança, do tipo “como vocês trabalham?”, e sim uma demanda do tipo “como eu devo trabalhar em casa?”.

Formação dos pais no Colégio Novo Tempo. Crédito: Divulgação

Formação dos pais no Colégio Novo Tempo. Crédito: Divulgação

Nós também realizamos um trabalho de se colocar no lugar dos pais, porque eles não estão errados, eles não são especialistas no assunto e não têm essa obrigatoriedade de entender. O que a gente sentia antes era “por que o meu filho ainda não lê e não escreve?”. Depois, isso mudou para “como eu devo fazer para ele ler e escrever”. E aquela cobrança que as crianças tinham que ler e escrever no primeiro ano foi meio que caindo por terra, porque as famílias entenderam que os alunos têm até os oito anos de idade para se apropriarem do conceito, que não é somente escrever, mas tem todo um conceito de oralidade por trás.

Na verdade, trata-se de trazer as famílias pra dentro do contexto escolar, e o resultado disso são alunos felizes aqui dentro.


Juliana dos Santos Fernandes

Juliana dos Santos Fernandes possui graduação em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP) e pós-graduação em Alfabetização e Letramento pela Universidade Monte Serrat (UNIMONTE). Atualmente é coordenadora pedagógica de 1ºs e 2ºs anos do Ensino Fundamental no Colégio Novo Tempo, em Santos – SP e formadora em alfabetização. Idealizadora do projeto "Família e Letramento no Contexto Escolar", que busca integrar escola e familiares na conscientização e orientação em relação à alfabetização letrada.

TAGS

autonomia, educação infantil, engajamento familiar, ensino fundamental, série engajamento familiar

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