Rede Global usa futebol para empoderar jovens - PORVIR

Inovações em Educação

Rede Global usa futebol para empoderar jovens

Streetfootballworld atua em 60 países usando esporte para desenvolver cooperação e trabalhar questões de gênero

por Vagner de Alencar ilustração relógio 4 de julho de 2013

Que o futebol é a paixão de grande parte dos brasileiros isso não é nenhuma novidade, mas essa prática esportiva pode e deve ir muito além do entretenimento. Esse é o principal objetivo da streetfootballworld, rede global que reúne mais 90 organizações em 60 países do mundo que usam o futebol como ferramenta de educação. A organização, que atua no Brasil desde 2010, adota uma metodologia chamada Futebol de Rua ou Futebol em Três Tempos, para desenvolver habilidades como cooperação e trabalhar questões de gênero, igualdade e respeito entre crianças e jovens de baixa renda. Em parceria com Ashoka, a rede criou a campanha Somos Todos Titulares para sensibilizar a população para o legado social positivo da Copa do Mundo e Olímpiada e o potencial que todos temos como cidadãos para fazer parte dele.

Na metodologia Futebol em Três Tempos, ao contrário de um jogo tradicional, a competição acontece, como o próprio nome diz, em três momentos. No primeiro deles, os alunos se juntam para criar as regras que deverão ser trabalhadas na partida. Os times são sempre formados por meninos e meninas e esses acordos podem ser os mais diversos possíveis: gol de menina pode valer dois pontos ou falar palavrão pode levar cartão amarelo, senão cobrar pênalti.

crédito Caio Vilela / streetfootballworld Brasil

No segundo tempo, é a prática do jogo em si, onde se espera que os tratados pré-jogo efetivamente sejam cumpridos. O último tempo, na verdade, é o momento de avaliação, onde estudantes analisam se as regras construídas no primeiro tempo e praticadas no segundo realmente foram executadas. No Brasil, algumas ONGs já vem adotando a metodologia como o Instituto Bola Pra Frente, no Rio de Janeiro, o Instituto Fazer e Acontecer, em Salvador, e o Instituto Formação, no Maranhão.

“Os estudantes percebem que o futebol é muito mais que uma diversão, mas que se torna fundamental para trabalhar aspectos que, muitas vezes, eles não se dão conta, como a resolução de conflitos, o respeito, o trabalho em equipe e a liderança”

No trabalho desenvolvido pela streetfootballworld, além de trabalhar jogo em si, a metodologia também expande à realização de workshops mediados por jovens em temas específicos, como a questão do gênero e preconceito, a partir do debate entre meninos e meninas, além de aspectos ligados à comunicação. “Os estudantes percebem que o futebol é muito mais que uma diversão, mas que se torna fundamental para trabalhar aspectos que, muitas vezes, eles não não se dão conta, como a resolução de conflitos, o respeito, o trabalho em equipe e a liderança”, afirma Mirella Domenich, coordenadora geral da streetfootballworld.

No México, uma iniciativa – já divulgada aqui no Porvir – também adota o esporte para o empoderamento de crianças e jovens no país. A ONG Deport-es para Compartir parte de atividades esportivas para levar noções de cidadania, trabalhando as metas do milênio da ONU: sobre prevenção de doenças, cidadania, igualdade de gênero, meio ambiente e cultura nacional.

De acordo com Mirella, o esporte precisa se tornar essencialmente uma ferramenta de transformação, nos mais diferentes âmbitos e níveis sociais. “Estamos vendo isso na rua, com pessoas mobilizadas pela luta por melhores condições de transporte, saúde e educação”, diz. “O esporte educativo precisa ser trabalhado para o desenvolvimento humano e social, seguro e inclusivo, um legado social dos megaeventos esportivos no Brasil”, completa ela, que espera que sejam criadas políticas públicas sistêmicas que efetivem o esporte educativo para o desenvolvimento humano e social.

crédito Caio Vilela / streetfootballworld Brasil

Voz cidadã

Para dar voz à população sobre o legado social da copa que pretende ser deixado no país após os megaeventos, a campanha Somos Todos Titulares, lançada pela streetfootballworld e a Ashoka, ficará aberta até o fim do campeonato mundial, em 2014, para catalisar as principais demandas da sociedade quanto ao legado social deixado pelos megaeventos. “A ideia é entender o que as pessoas esperam, que se sintam parte da ação. Umas das coisas que mais me chama atenção, muito mais do que criticar ou apontar gaps, elas estão vendo os eventos como oportunidade”, afirma Isabela Carvalho, articuladora do Changemaker, da Ashoka, plataforma que conecta empreendedores sociais do mundo todo por meio de desafios on-line.

Qualquer pessoa pode participar da campanha, que já está sendo veiculada via Facebook. É preciso apenas gravar vídeos curtos, de não mais que 20 segundos, dando sua opinião sobre o que espera que fique de positivo para sociedade brasileira após 2014. “Lançamos a campanha antes das manifestações, com todos os protestos acontecendo. A proposta é exatamente a mesma, unir a vontade coletiva, vinda dos mais diversos públicos, para pedir transformações sociais”, pontua Isa.

No espírito da mesma inquietação que move essa campanha, o projeto Cidades da Copa – já divulgado aqui pelo Porvir –, desde o ano passado, vem  percorrendo as cidades-sede onde serão realizados os jogos, para reunir administração pública, professores, representantes de instituições privadas e ONGs no debate conjunto de ações que desenvolvem propostas para o desenvolvimento da cultura e prática esportiva no país.

Veja vídeo que mostra a metodologia sendo usada em institutos nacionais:


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