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Inovações em Educação

Diretores promovem melhorias na educação em todas as circunstâncias, aponta Unesco

Nova edição do Relatório Global de Monitoramento da Educação (GEM Report), da Unesco, reforça o papel fundamental da liderança escolar e as principais habilidades e competências referentes à profissão

Parceria com Isaac

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 1 de novembro de 2024

“Líderes educacionais são mais do que gestores. Eles são agentes de transformação.” Esta é uma das principais conclusões do Relatório Global de Monitoramento da Educação (GEM Report), edição 2024/25, com o título “Liderança na educação: liderar para a aprendizagem”. O lançamento aconteceu nesta quinta-feira, 31 de outubro, durante a Reunião Global de Educação (Global Education Meeting), evento da semana “Ceará: Centro Global da Educação”.

O documento anual da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) monitora o progresso da educação em relação à Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), especialmente o ODS 4 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, que visa assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos.

➡️Baixe o resumo do do Relatório Global de Monitoramento da Educação em português

De acordo com esta edição do levantamento, a importância dos diretores escolares vai além das tarefas administrativas: seu foco é mais amplo em resultados educacionais, como aprendizado, inclusão e bem-estar. Esses profissionais são figuras-chave para a qualidade da educação. 

A despeito de números positivos, como o de 110 milhões de crianças e jovens que ingressaram na escola desde o lançamento do ODS 4, em 2015, e a conclusão do ensino médio por mais de 40 milhões de adolescentes no mesmo período, o ritmo atual ainda é lento.. Globalmente, pode-se levar 80 anos para alcançar a universalização do ensino médio.

Atualmente, 251 milhões de crianças e jovens continuam fora da escola. Nos países mais pobres, 33% das crianças e jovens em idade escolar não frequentam a escola, em comparação com apenas 3% nos países mais ricos.

O relatório ressalta que enfrentar esse desafio exige uma liderança que priorize investimentos na educação, especialmente em nações de baixa renda, e que possa se concentrar em estratégias para melhorar as taxas de retenção e reduzir a evasão, particularmente entre grupos vulneráveis.

Assista ao lançamento da pesquisa, em Fortaleza, durante a semana “Ceará: Centro Global da Educação”

Liderança que inspira

Bons diretores despertam o melhor dos estudantes. Nos Estados Unidos, estima-se que as contribuições da liderança de diretores e professores respondiam por até 27% da variação no rendimento dos estudantes, ficando atrás apenas do impacto dos professores na aprendizagem entre os fatores que a escola controla.

Uma boa liderança também impacta positivamente o corpo docente. O relatório da Unesco reforça uma informação destacada pela TALIS (Teaching and Learning International Survey, ou Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem), conduzida pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa coleta dados de professores e líderes escolares em 32 países, e mostrou que uma liderança sólida está ligada com práticas de ensino aprimoradas.

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Modelos internacionais

Em Delhi, na Índia, os professores demonstraram resistência à supervisão direta dos diretores, possivelmente devido a preocupações sobre mudanças em suas práticas habituais ou a uma percepção de perda de autonomia. No entanto, ao experimentarem o apoio e a orientação de mentores e coordenadores em posições de liderança intermediária, essa resistência diminuiu. Com o tempo, os educadores começaram a confiar nesses líderes e a reconhecer sua contribuição para o ambiente escolar. 

Essa mudança de atitude, de acordo com o relatório, sugere que a implementação bem-sucedida de iniciativas de liderança docente depende da construção de confiança e do fomento a uma cultura de colaboração, onde os professores vêem a liderança como uma responsabilidade compartilhada voltada para a melhoria coletiva.

O Camboja desenvolveu um programa de liderança que incorpora experiências práticas. Candidatos a líderes escolares participam de oficinas de desenvolvimento profissional, envolvem-se em cursos baseados na prática e realizam projetos de melhoria escolar, todos alinhados com os referenciais de diretores escolares do país. 

A Unesco avalia que este exemplo demonstra uma abordagem abrangente para o desenvolvimento da liderança que capacita os líderes escolares com as habilidades necessárias e a experiência prática para liderar efetivamente.

A China investe no desenvolvimento profissional contínuo para líderes escolares. Por lá, novos diretores devem completar um programa de treinamento de 300 horas, enquanto gestores em exercício são obrigados a passar por um mínimo de 360 horas de treinamento a cada cinco anos em instituições autorizadas. Esse exemplo destaca a importância do desenvolvimento profissional contínuo para manter os líderes escolares atualizados sobre as mais recentes abordagens pedagógicas, técnicas de gestão e atualizações de políticas, permitindo que eles enfrentem efetivamente os desafios em evolução de seu papel.

Tais modelos, reforça o levantamento, demonstram o reconhecimento global da liderança docente como um motor chave para a melhoria escolar. Embora as abordagens e os contextos específicos variem, o princípio é o mesmo: capacitar os professores a assumir papéis de liderança, fornecer o apoio e o treinamento necessários e fomentar uma cultura de colaboração dentro das escolas, fatores decisivos para a melhoria da qualidade educacional.

Diretores apontam práticas da Base Nacional Comum que já resolvem desafios atuais
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Recomendações centrais

Ao reconhecer a “natureza complexa da liderança”, o documento reforça que não existe um único modelo para a liderança eficaz. São destacadas as influências de diversos fatores, incluindo contextos pessoais, condições de trabalho e o escopo da autoridade de decisão, nas ações e impactos de um líder. 

O relatório também adverte contra o foco em histórias de sucesso individuais como a única base para entender a liderança, já que essas podem não ser universalmente aplicáveis. Além disso, o documento aponta as quatro dimensões esperadas de um líder educacional:

Estabelecer expectativas: Esta dimensão, envolve a criação de visão, missão e objetivos claros para a comunidade escolar, com foco particular no desempenho dos alunos. Líderes eficazes nesta dimensão comunicam altas expectativas de desempenho, inspiram e motivam os outros, lideram pelo exemplo e usam dados para informar a tomada de decisões.

Focar no aprendizado: Associada à liderança instrucional, esta dimensão enfatiza a melhoria dos resultados de aprendizagem. Líderes que se destacam nesta área se concentram no desenvolvimento instrucional, fornecem recursos e materiais alinhados com os objetivos instrucionais, planejam, coordenam e avaliam o currículo, protegem o tempo de instrução e monitoram o progresso dos alunos.

Fomentar a colaboração: Focada na liderança distribuída ou compartilhada, essa dimensão visa desenvolver uma cultura escolar positiva e promover a colaboração entre professores, fortalecendo o relacionamento com famílias e a comunidade.

Desenvolver pessoas: Voltada ao crescimento profissional, essa dimensão apoia o desenvolvimento individual e coletivo, oferecendo mentorias, avaliação de desempenho e estímulo à confiança e resolução de conflitos.

As quatro dimensões, de acordo com a Unesco, oferecem uma estrutura para compreender o papel multifacetado dos líderes educacionais, englobando não só tarefas administrativas e de gestão, mas também as importantes funções de inspirar, motivar e apoiar a comunidade escolar para atingir objetivos comuns. Todas elas são aplicáveis a líderes em todos os níveis do sistema educacional, desde diretores escolares até gestores de redes e formuladores de políticas.

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gestão democrática, gestão escolar

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