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Série de Diálogos debate competências socioemocionais

por Redação ilustração relógio 23 de setembro de 2014

A 12a edição da “Série de Diálogos – O Futuro se Aprende”, realizada nesta terça-feira, 23, em parceria do Inspirare/Porvir com o Instituto Ayrton Senna, destacou a importância do desenvolvimento de competências socioemocionais na educação. O evento reuniu especialistas, gestores e educadores para discutir experiências e construir recomendações que impactem políticas públicas e práticas pedagógicas. A partir dos debates, será produzido um material especial de referência, que será publicado no Porvir, e funcionará com um guia para redes e professores que desejam trabalhar o tema.

Segundo Mozart Neves, Diretor de Inovação e Articulação do Instituto Ayrton Senna, o momento é estratégico para se falar no assunto, já que está em discussão a Base Nacional Comum, que irá estabelecer diretrizes curriculares essenciais a todas as escolas do país. “O evento serve para fomentar discussões no CNE (Conselho Nacional de Educação) e para tentar levar o tema para universidades, que ainda buscam caminhos para desenvolvimento das habilidades socioemocionais”, diz.

Série de Diálogos discute o desenvolvimento de competências socioemocionaisMarcos Suguio

Para Anna Penido, diretora do Inspirare, o trabalho de desenvolvimento de competências socioemocionais é perceptível rapidamente e “significa criar canais de conexão do professor com o aluno e do aluno consigo mesmo, para potencializar a aprendizagem e promover desenvolvimento e bem-estar”.

No encontro que ocorreu ao longo de todo o dia, pessoas com diferentes experiência na área deram depoimentos para a os presentes, que depois debateram em grupos os diversos aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem de competências socioemocionais. Anita Abed, consultora da Unesco e autora de estudo-base sobre o tema para o Conselho Nacional de Educação, começou a série de palestras dizendo que vivemos uma “mudança de cultura, em que todos precisam ser convidados a participar”. Para definir um modelo de desenvolvimento global dos estudantes, Anita se apoia em um tripé que relaciona professor, aluno e conhecimento. “O ensino de uma notação de matemática precisa ser contextualizado para trazer o prazer de aprender”, defendeu.

Para que a vida escolar do aluno ganhe uma nova dinâmica, a formação do professor também deve ser reforçada, disse Maria Ignez Diniz, especialista da Mathema. “Os professores gostam de aprender, mas eles precisam de bons argumentos”, afirmou, salientando a necessidade de que o docente entenda a relevância de trabalhar com competências socioemocionais. A metodologia, detalha Maria Ignez, “deve ser pautada pela problematização constante, aprendizagem colaborativa, presença pedagógica e projetos, tanto aqueles de inciativa do aluno como os propostos pelo professor”.

Apesar de, ao longo do processo, tanto alunos quanto professores conquistarem maior autonomia, a avaliação ainda é necessária para “diminuir a carga de subjetividade e aumentar a transparência”, argumentou Daniela Arai, analista de projetos da área de avaliação e desenvolvimento do Instituto Ayrton Senna. A ideia é ter competências e indicadores muito bem definidos. No entanto, ela destacou que a avaliação não deve servir como instrumento para bonificar o professor, nem para rotular e homogenizar os alunos.

Willman Costa, diretor do Colégio Estadual Chico Anysio, do Rio de Janeiro (RJ), abriu as discussões sobre experiências de gestão da escola e de práticas pedagógicas dentro e fora da sala de aula. Costa considera que, quando o aspecto sociemocional é trabalhado, o aluno cresce junto com a escola. “O prédio é limpo porque o aluno o mantém limpo. É pintado porque o aluno o mantém assim. É um modelo que pode ser replicado para qualquer escola da rede”, afirmou. A unidade de ensino serve como referência para iniciativas inovadoras e socioemocionais, com foco no estímulo à colaboração, curiosidade, persistência e responsabilidade. Desde 2013, conta com o apoio do Instituto Ayrton Senna e tem adotado um novo currículo.

Para o diretor da escola Chico Anysio, a construção do conhecimento de maneira colaborativa requer uma mudança na postura do professor, que abandona seu papel tradicional de transmissor e aceita o desafio de caminhar lado a lado com o estudante. “Você tem que mostrar para o professor que esse lugar de desconforto é que vai trazer conhecimento para o aluno”. Foi nesta situação que se encontrava a professora Ana Lucia Viana, da Escola Estadual Professora Altina Moraes Sampaio, de Araçatuba, no interior de São Paulo, quando passou a integrar o projeto SuperAção Jovem, do Instituto Ayrton Senna, em 2011. Nesta época, conheceu Marcos Ferrari, aluno que colecionava advertências, estava ameaçado de ser expulso da escola e mudou graças à confiança depositada pela professora. “Quando um professor acreditou em mim, a minha mudança aconteceu”, contou.

O depoimento de Marcos emocionou os cerca de 80 participantes que compareceram ao evento realizado na zona oeste da capital paulista. Influenciado pela atitude da professora, ele promete ingressar em um curso de pedagogia para ajudar estudantes que, como ele, sentem-se distantes da escola e do professor. Em outro momento, a professora Patricia Costa, do Instituto Placidina, de Mogi das Cruzes, em São Paulo, também apresentou o relato de um de seus alunos que, em uma redação, mostrou como o trabalho de motivação dentro da sala de aula o ajudou a superar um drama pessoal e pensar sobre suas próprias emoções.

Iane Nobre, coordenadora pedagógica da Escola de Ensino Fundamental e Médio João Matos, de Fortaleza (CE), resumiu a experiência com uma frase: “É incrível como aqueles alunos que desenvolveram competências socioemocionais conseguiram tirar seu projeto de vida do papel”.


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série de diálogos, socioemocionais

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