Tecnologia baseada em dados é aposta de empreendedores para aproximar famílias da escola
Participantes do Desafio Start-Ed, os empreendedores André da Costa Silva e David Melo da Luz querem construir robô para análise e predição de dados
por Marina Lopes 24 de novembro de 2017
O desafio já é bastante conhecido entre os educadores: como engajar famílias no processo de aprendizagem dos estudantes? Na tentativa de superar as barreiras que impedem a participação ativa, os empreendedores paulistas André da Costa Silva e David Melo da Luz se uniram para construir uma ferramenta tecnológica que usa análise e predição de dados como um caminho para diminuir a evasão e aproximar responsáveis da rotina escolar de crianças e adolescentes.
De acordo com um estudo feito pela Fundação Lemann, Omidyar Network e IDEO, o sentimento de despreparo e falta de senso de responsabilidade pela qualidade da educação são algumas das principais barreiras que impedem a participação das famílias. Dentro desse contexto, os empreendedores foram selecionados pelo “Desafio Start-Ed”, promovido pela Fundação Lemann e pela Universidade de Columbia (EUA), em parceria com a aceleradora de negócios de impacto social Artemisia, para pensar em estratégias que ampliam o engajamento de pais e responsáveis na educação.
Com base em uma série de entrevistas e dados extraídos de plataformas como Portal da Transparência e Qedu, os empreendedores diagnosticaram que boa parte dos responsáveis têm interesse na educação das crianças, mas o contexto social limita o tempo para acompanhamento. “A família tinha tantos outros problemas que a educação ficava lá embaixo. Em uma escala de zero a dez, ela costumava aparecer em oitavo lugar. Percebemos que o nosso desafio era mudar esse mindset (metodologia) para fazer esse pai entender que a participação pode mudar a vida do seu filho”, explica o empreendedor André da Costa Silva, que também é gerente executivo na Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), uma empresa do Governo do Estado de São Paulo que trabalha com o processamento de dados.
A partir desse diagnóstico, eles tiveram a ideia de desenvolver um robô que trabalha com análise e predição de dados para individualizar o processo de acompanhamento dos estudantes, permitindo que escolas e famílias tenham acesso a informações úteis e de forma simplificada. “Quando falamos de engajamento de pais e evasão de alunos, temos que entender qual é o real problema por trás de tudo isso. A tecnologia é apenas um caminho para explicar as coisas, mas também precisamos considerar o contexto social em que as famílias estão inseridas”, diz.
Para prototipar e desenvolver essa solução, André está trabalhando em parceria com o psicólogo e desenvolvedor David Melo da Luz, que cursa especialização em big data e trabalha como consultor na Fundação Vanzolini. “Fomos para Columbia tentar entender melhor o problema. Fizemos muitas entrevistas e voltamos para o Brasil com hipóteses”, conta David, ao mencionar que o contato com especialistas de diferentes áreas e países ajuda a refletir melhor sobre os desafios brasileiros.
No momento, os empreendedores ainda estão em fase de validação da sua proposta. Em breve, eles devem começar a prototipar a solução para ampliar o engajamento de famílias com estratégias para facilitar o acompanhamento escolar. “Nosso objetivo é fazer com que os pais percebam que eles são chave na educação dos filhos”, conclui David.